Celebrar o Natal: promover a cultura do encontro e da paz

Celebrar o Natal: promover a cultura do encontro e da paz
Sejamos enriquecido por um dos Sermões
escrito pelo papa São Leão Magno (Séc. V) que nos apresenta o Natal do Senhor
como o Natal da paz:
“O estado de infância, que o Filho
de Deus assumiu sem considerá-la indigna de sua grandeza, foi-se desenvolvendo
com a idade até chegar ao estado de homem perfeito e, tendo-se consumado o
triunfo de sua paixão e ressurreição, todas as ações próprias do seu estado de
aniquilamento que aceitou por nós tiveram o seu fim e pertencem ao passado.
Contudo, a festa de hoje renova
para nós os primeiros instantes da vida sagrada de Jesus, nascido da Virgem
Maria. E enquanto adoramos o nascimento de nosso Salvador, celebramos também o
nosso nascimento.
Efetivamente, a geração de Cristo
é a origem do povo cristão; o Natal da Cabeça é também o natal do Corpo. Embora
cada um tenha sido chamado num momento determinado para fazer parte do povo do
Senhor, e todos os filhos da Igreja sejam diversos na sucessão dos tempos, a
totalidade dos fiéis, saída da fonte batismal, crucificada com Cristo na sua
Paixão, ressuscitada na sua Ressurreição e colocada à direita do Pai na sua
Ascensão, também nasceu com ele neste Natal.
Todo homem que, em qualquer parte
do mundo, acredita e é regenerado em Cristo, liberta-se do vínculo do pecado
original e, renascendo, torna-se um homem novo. Já não pertence à descendência
de seu pai segundo a carne, mas à linhagem do Salvador, que se fez Filho do
homem para que nós pudéssemos ser filhos de Deus.
Se Ele não tivesse descido até nós
na humildade da natureza humana, ninguém poderia, por seus próprios méritos,
chegar até Ele.
Por isso, a grandeza desse dom
exige de nós uma reverência digna de seu valor. Pois, como nos ensina o santo
Apóstolo, nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que
vem de Deus, para que conheçamos os dons da graça que Deus nos concedeu (1Cor
2,12). O único modo de honrar dignamente o Senhor é oferecer-Lhe o que Eele
mesmo nos deu.
Ora, no tesouro das liberalidades
de Deus, que podemos encontrar de mais próprio para celebrar esta festa do que
a paz, que o canto dos anjos anunciou em primeiro lugar no nascimento do
Senhor?
É a paz que gera os filhos de Deus
e alimenta o amor; ela é a mãe da unidade, o repouso dos bem-aventurados e a
morada da eternidade; sua função própria e seu benefício especial é unir a Deus
os que ela separa do mundo.
Assim, aqueles que não nasceram do
sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo
1,13), ofereçam ao Pai a concórdia dos filhos que amam a paz, e todos os
membros da família adotiva de Deus se encontrem naquele que é o Primogênito da
nova criação, que não veio para fazer a sua vontade, mas a vontade daquele que
o enviou. Pois a graça do Pai não adotou como herdeiros pessoas que vivem
separadas pela discórdia ou oposição, mas unidas nos mesmos sentimentos e no
mesmo amor. É preciso que tenham um coração unânime os que foram recriados
segundo a mesma imagem.
O Natal do Senhor é o Natal da
paz. Como diz o Apóstolo, Cristo é a nossa paz, ele que de dois povos fez um só
(cf. Ef 2,14); judeus ou gentios, em um só Espírito, temos acesso junto ao Pai
(Ef 2,18).” (1)
Oportuno
retomar as palavras do Papa Francisco que nos exorta a promover a Cultura do
Encontro, que se torna expressivo compromisso com a paz:
“A
cultura do encontro constrói pontes e abre janelas para os valores e princípios
sagrados que inspiram os outros. Derruba os muros que dividem as pessoas e as
mantêm prisioneiras do preconceito, da exclusão ou da indiferença.” (2).
De fato, o Natal do Senhor é o Natal
da Paz!
Tendo celebrado o Natal do Senhor,
sejamos comprometidos com a cultura do encontro e da paz em todos os dias do
ano novo a ser iniciado;
(1) Segunda Leitura
do Ofício das Leituras – dia 31 de dezembro
(2) Papa
Francisco à delegação de monges budistas de Taiwan (16/03/23)
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