Caminhando sobre as pétalas dos ipês
“Permanecei inabaláveis e firmes na fé,
sem vos afastardes da esperança que vos dá o Evangelho,
que ouvistes, que foi anunciado a toda criatura debaixo do céu.”
(1)
Manhã de primavera, caminhando sobre as pétalas,
que anunciam uma nova estação começada.
Pensamentos elevados aos céus, em súplicas.
Relembro pequenos gestos contemplados,
mãos enrugadas pelo tempo, trêmulas estendidas,
Aos pés de uma cruz, braços estendidos suplicantes...
Na sala de espera de um hospital, notícia recebida
Lágrimas copiosas vertidas, ainda pude ouvir:
“nossa bela criança para Deus voltou, partiu...”
Paisagens cortantes da alma, de cinzas pelos campos,
Árvores queimadas, vidas sacrificadas, fumaça asfixiante,
Talvez por fatalidade, talvez por desejos insanos.
As criaturas e a criação gemendo em dores de parto,
De novos tempos, numa necessária ecologia integral.
Do contrário, futuro comum ameaçado, o que esperar?
Ouço canções que me devolvem a confiança e esperança,
De novos amanheceres possíveis, não há que desistir
Mantenhamos a fé inabalável, não nos afastemos da esperança.
O amor de Deus nos impele para não nos curvarmos.
As estações se sucederão e novas primaveras virão.
As pétalas caem em gesto último, beleza ao chão pisado.
Novas primaveras hão de vir.
Não podemos jamais desistir.
Peregrinos da esperança a caminho.
(1) Cl 1,23
ResponderExcluirA beleza e profundidade das palavras evocam não apenas o ciclo das estações, mas também a força da esperança que brota em meio às dores e desafios da vida. O poema nos convida a manter a confiança em Deus, mesmo diante das provações, como a tristeza da perda ou as feridas causadas pela destruição ambiental. A esperança, como as pétalas dos ipês, floresce e cai, mas sempre anuncia o novo – uma nova estação, uma nova oportunidade de recomeço.
Sejamos perseverantes! Não percamos a esperança,
pois novas primaveras surgem, pois o amor de Deus nos sustenta! Caminhemos como peregrinos de esperança, mesmo "quando as pétalas" parecem ter caído.