quinta-feira, 1 de agosto de 2024

“Dai-lhes vós mesmos de comer”

                                                 


“Dai-lhes vós mesmos de comer”

Viver a Vocação como dom de Deus, exige de nós a máxima atenção para a árdua missão evangelizadora que o Senhor nos confiou, e que nos convida a voltar os nossos olhos à realidade que nos cerca, multiplicando gestos de amor e solidariedade, como expressão autêntica da compaixão que deve marcar a vida dos discípulos missionários do Divino Salvador, que inúmeras vezes Se compadeceu da multidão, que parecia ovelhas sem pastor, como retratam as passagens narradas pelo Evangelista Mateus (Mt 9, 36; Mt 14, 14).

Como Igreja, não podemos nos omitir diante da realidade clamorosa por vida digna. Portanto, mais do que nunca, é tempo de fazermos da nossa Comunidade uma casa do Pão da Palavra, do Pão da Eucaristia e do Pão da Caridade.

Se partilharmos nossos pães e peixes (Mt 14,13-21), ainda que aparentemente poucos e insignificantes, mas com amor, por Deus serão mais que abençoados, serão “eucaristizados” e, por isto, multiplicados; e ainda teremos as sobras, sem esbanjamentos e desperdícios indesejáveis, sem acumulações, todos serão saciados.

Deste modo, é oportuno e necessário conhecer a Doutrina Social da Igreja e a prática das obras de misericórdia corporais (dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos), que por sua vez não se separam das Obras de Misericórdia Espirituais (aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as fraquezas do próximo, rezar a Deus pelos vivos e defuntos).

Somente assim, nossas Paróquias se tornarão espaços de formação, missão, solidariedade e comunhão, a serviço da vida e da esperança.

Precisamos renovar permanentemente nosso encontro com Jesus, para sermos no mundo sinal da Sua compaixão e da solidariedade, para que a vida seja mais bela, confiantes em Sua presença e Palavra.

Neste sentido, não podemos ignorar que a Vocação à vida familiar acontece em meio a uma desafiadora realidade: perda de valores e desestruturação da família. Comovidos profundamente com esta situação, e movidos pelo sentimento de compaixão, promovamos encontros, formações na solidificação e santificação de nossas famílias, verdadeiros santuários da vida. 

A compaixão evangélica será mutilada se também nos omitirmos, ou nos tornarmos indiferentes à questão social, de modo especial com o compromisso político, a fim de que esta seja a expressão da promoção do bem comum, uma sublime expressão da caridade. 

É sempre tempo de nossas comunidades se desinstalarem, reavivando o ardor e revigorando a chama missionária que deve nos acompanhar, desde o dia de nosso Batismo.

Urge acreditar e investir na juventude, que mora no coração da Igreja e é fonte de renovação da sociedade. O jovem deve tornar-se, antes de tudo, evangelizador de outros jovens, que ainda não conhecem Jesus e o Seu Evangelho.

Uma comunidade com rosto jovial somente será, na fidelidade ao Senhor e ao Seu Espírito, se souber colocar-se a serviço da sacralidade e beleza da vida, e, com alegria, anunciar a Boa-Nova do Evangelho, indo corajosamente ao encontro daqueles que ainda não ouviram a Palavra, e que ainda não fazem parte de nossa vivência comunitária: uma Igreja genuinamente sinodal e missionária, sem o que acaba esvaziando a sua razão de existir.

Concluindo, vivamos autenticamente a nossa Vocação, renovando a alegria de termos sido chamados para trabalhar na vinha do Senhor, que é regada pelo Seu Sangue derramado na Cruz; redimidos e fortalecidos pelo Pão da Eucaristia, sejamos no mundo sinal de sua presença: discípulos missionários do Divino Mestre da Compaixão.

Não podemos nos tornar indiferentes e omissos diante de tantos clamores que sobem aos céus, e, assim, nenhum sentimento de impotência ou qualquer desculpa apresentemos, mas nos empenhemos, em todos os âmbitos, para que o Reino de Deus se torne, efetivamente, presente entre nós.  

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