sábado, 31 de agosto de 2024

Amor de compaixão

                                                


Amor de compaixão

Senhor Jesus, Vós que jamais propusestes uma religião que adormeça a consciência dos pobres, dos aflitos, assegurando-lhes um futuro feliz; concedei-nos a graça de viver uma religião que se expresse em sagrados compromissos de amor e solidariedade para com nosso próximo, sobretudo os que mais necessitam.

Senhor Jesus, Vós não nos ensinastes a pensar apenas no depois, tanto que destes pães a quem tinha fome, consolastes os aflitos, acolhestes os marginalizados, curastes os doentes e jamais Vos vingastes das rejeições ou ofensas recebidas; ensinai-nos o mesmo fazer no tempo presente.

Senhor Jesus, Vós aos proclamardes que os pobres são bem-aventurados, revelastes que Vosso Pai é sensível à dor e à pobreza da humanidade, e que vem sempre ao encontro dos pobres; fazei-nos sensíveis à pobreza destes e tenhamos a compaixão, como expressão de participação na dor do outro.

Senhor Jesus, Vós nos ensinastes que, viver as bem-aventuranças, é crer no Deus que nos acompanha sempre, cheio de compaixão, não porque méritos tenhamos, mas porque nos ama, dai-nos olhos abertos e capazes de ver o rosto daquele que mais sofre, vivendo assim a religião da compaixão. Amém.


Fonte de inspiração – Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa 2011 – p.314

Em poucas palavras...

 


Os Dez Mandamentos

“A Lei antiga é o primeiro estádio da lei revelada. As suas prescrições morais estão compendiadas nos Dez Mandamentos.

Os preceitos do Decálogo assentam os alicerces da vocação do homem, feito à imagem de Deus: proíbem o que é contrário ao amor de Deus e do próximo e prescrevem o que lhe é essencial.

O Decálogo é uma luz oferecida à consciência de todo o homem, para lhe manifestar o apelo e os caminhos de Deus e o proteger contra o mal: Deus «escreveu nas tábuas da Lei o que os homens não fiam nos seus corações» (Santo Agostinho)” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.1962

A alegria e o serviço são marcas do discípulo do Senhor

                                           

A alegria e o serviço são marcas do discípulo do Senhor

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus sobre a Parábola dos talentos (Mt 25,14-30), que tem como mensagem:  viver a alegria e o serviço, inseparavelmente, pois são elementos presentes na vida do discípulo missionário do Senhor, sobretudo quando, na Missa, a Palavra é proclamada, ouvida e acolhida, para no cotidiano ser anunciada e testemunhada.

O discípulo missionário precisa se despertar para o apelo de servir o Senhor, na alegria,  não pelo medo e tão pouco tristeza de nós mesmos, por causa da fragilidade e limitações que possuímos.

O Senhor quer que tão apenas que O sirvamos com alegria e generosidade.

Não podemos permitir que a preguiça nos acomode e nos acovarde na multiplicação dos talentos que Deus nos confia, e nisto consiste o apelo que o Senhor nos faz:

Este apelo desmente as novas e velhas recriminações feitas aos cristãos de que são gente triste, resignada, demissionária. Ao mesmo tempo, põe-nos de sobreaviso quanto a um dos vícios capitais e dos pecados mais graves contra a esperança: a preguiça, que a teologia interpreta como ‘tristeza da graça’ (tristitia gratiae)”.(1)

Esta atitude, encontramos no terceiro homem da Parábola que o Senhor nos apresenta na passagem do Evangelho (Mt 25,14-30): “o aborrecimento e o desgosto do dom recebido; a recusa em deixar-se amar; a incredulidade de quem duvida com obstinação de que o Senhor lhe dê confiança e o torne companheiro em dar forma e rosto ao Reino do Pai” (2).

Deste modo, precisamos passar do temor servil ao amor filial no discipulado e relacionamento com o Senhor, pois Ele manifesta a verdade e a fecundidade do dinamismo do amor com estas palavras:

“A todo aquele que tem, dar-se-á mais e terá em abundância, mas, àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado” (Mt 25,29).

Na relação de amor filial para com Deus, e na fidelidade ao Senhor, “quem ama torna-se cada vez mais capaz de amar; quem é fiel e responsável nas tarefas que lhe foram confiadas, sejam elas grandes ou pequenas, cresce na fidelidade e na liberdade dos filhos de Deus” (3).

No caminho do discipulado acontece, portanto, o amadurecimento da interioridade pessoal e fecundidade do testemunho, e assim, encontra-se a verdadeira felicidade desejada, e que Ele nos apresentou no Sermão da Montanha (Mt5,1-12), e podemos afirmar: – “nem toda a alegria entrará na felicidade, mas toda a felicidade entrará na alegria” (4)

Oremos:

“Pai Santo, que confiais nas mãos do homem todos os bens da Criação e da graça, fazei que a nossa boa vontade multiplique os frutos da Vossa Providência; tornai-nos sempre operosos e vigilantes na expectativa do Vosso regresso, na esperança de nos ouvirmos chamar de servos bons e fiéis, e assim entrarmos na alegria do Vosso Reino” .(4)



(1) (2) (3) (4) Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – 2011 – pp.795-796

PS: Passagem par

Do temor servil ao amor filial

                                                        

 Do temor servil ao amor filial 

A Parábola (Mt 25,14-30) nos fala de três pessoas a quem foram confiados os talentos. 

O terceiro deles, que enterrou o talento, representa o perfeito servilismo, que deforma a imagem de si e do outro, porque se deixa dominar pelo terror. É próprio do terror não somente impedir qualquer iniciativa de certo fôlego, mas fazer abortar o realizar da possibilidade mais simples.

A Parábola revela o quanto Deus confia no homem e conta com sua liberdade responsável na participação da construção do Reino.

Entre a primeira e a segunda vinda há o tempo intermediário que estamos vivendo. Tempo que não pode ser vivido numa espera angustiosa, ociosa e tampouco agitada ou marcada pelo medo. 

Não podemos ser resignados, demissionários, gente entristecida, enfraquecidos pela preguiça e desorientados pelas dificuldades. Não há por que ficarmos aborrecidos e tampouco perdermos tempo no multiplicar os talentos que o Senhor nos confiou. Não importa quantos são, mas se os multiplicamos com intensa fidelidade e alegria.

Deve reinar uma alegria transbordante no coração dos discípulos missionários do Senhor. Sempre convictos de que é para o Senhor Jesus que trabalham, colocando a serviço os talentos, na fidelidade total e incondicional ao Pai, contando com a força, luz e sabedoria do Espírito Santo. 

A comunidade deve passar sempre do “temor servil” para o “amor filial”. Quando isto acontece, vigilante e sábia a comunidade se torna. 

No amor filial cada membro da comunidade não tem outra inquietação senão amar mais e verdadeiramente, colocando-se alegremente a serviço na construção do Reino. Nisto consiste a verdadeira sabedoria.

Quem ama torna-se cada vez mais capaz de amar. Quem é fiel e responsável em suas tarefas, sejam elas pequenas ou grandes, cresce na fidelidade e na liberdade dos filhos de Deus.

Caminhamos rumo à felicidade eterna prometida, já a experimentando no tempo presente. Somente quem serve o Senhor na alegria entrará na plenitude de Sua alegria no céu. 

PS: Passagem paralela do Evangelho de Lucas (Lc 1,11-28)

Templo e templos - Mesmo amor e zelo tenhamos!

                                                         

Templo e templos - Mesmo amor e zelo tenhamos!  
  
O zelo pela casa do Senhor e o amor pelos
Seus templos vivos, os pobres...

Retomemos a homilia escrita pelo Bispo São João Crisóstomo (séc. IV), sobre o Evangelho de São Mateus, que nos convida a refletir sobre o templo e os templos de Deus.

“Queres honrar o corpo de Cristo?
Não o desprezes quando nu, não o honres com vestes de seda e abandones fora no frio e na nudez o aflito.

Pois aquele que disse: Isto é o meu Corpo (Mt 26,2) e confirmou com a palavra, é o mesmo que falou: Tu Me viste faminto e não Me alimentaste (Mt 25,35); e: O que não fizeste a um destes mais pequeninos, não o fizeste a mim (Mt 25,45). Este não tem necessidade de vestes, mas de corações puros, aquele, porém, precisa de grande cuidado...

Aprendamos, portanto, a raciocinar e a reverenciar a Cristo como lhe agrada... Assim, honra-O tu com a honra prescrita em lei, distribuindo tua fortuna com os pobres. Deus não precisa de vasos de ouro, mas de almas de ouro.

Que proveito haveria, se a mesa de Cristo está coberta de taças de ouro e Ele próprio morre de fome? Sacia primeiro o faminto e, depois, do que sobrar, adorna sua mesa.

Fazes um cálice de ouro e não dás um copo de água? Que necessidade há de cobrir a mesa com véus tecidos de ouro, se não lhe concederes nem mesmo a coberta necessária? Que lucro haverá? Diz-me: se vês alguém que precisa de alimento e, deixando-o lá, vais rodear a mesa, de ouro, será que te agradecerá ou, ao contrário, se indignará? Que acontecerá se ao vê-lo coberto de andrajos e morto de frio, deixas de dar as vestes, mandas levantar colunas douradas, declarando fazê-lo em sua honra? Não se julgaria isto objeto de zombaria e extrema afronta? Pensa também isto a respeito de Cristo, quando errante e peregrino vagueia sem teto.

Não O recebes como hóspede, mas ornas o pavimento, as paredes e os capitéis das colunas, prendes com cadeias de prata as lâmpadas, e a Ele, preso em grilhões no cárcere, nem sequer te atreves a vê-Lo.

Torno a dizer que não proíbo tais adornos, mas que com eles haja também cuidado pelos outros. Ou melhor, exorto a que se faça isto em primeiro lugar. Daquilo, se alguém não o faz, jamais é acusado; isto porém, se alguém o negligencia, provoca-lhe a geena e fogo inextinguível, suplico com os demônios.

Por conseguinte, enquanto adornas a casa, não desprezes o irmão aflito, pois ele é mais precioso que o templo”

São João Crisóstomo possuía  uma capacidade excepcional para explicar a Boa Nova de Jesus Cristo, na linguagem e cultura do seu tempo.

Dava forte ênfase às consequências sociais do Evangelho; era, ao mesmo tempo, invejável o seu esforço para tornar bela a oração e para transmitir a reflexão teológica de forma poética.

É uma Homilia profundamente questionadora na indispensável necessidade de cuidar da beleza do templo e de tudo que ao culto se refira, sem deixar de lado o essencial do Evangelho, o cuidado e a promoção dos pobres.

Reflitamos

- De que modo cuidamos da Casa do Senhor e de tudo quanto esteja relacionado?

- Quanto de recurso financeiro e de tempo investimos no cuidado do Senhor, na pessoa dos pobres que nos interpelam, como Sua real presença?
- A preocupação que temos com o esplendor de nossos templos e liturgia é a mesma que temos com o resgate do esplendor do brilho dos olhos de nossos irmãos empobrecidos? 

Oremos:  
Senhor, que eu cuide de Ti em cada irmão e irmã empobrecido, com o mesmo amor com que cuido do culto e de Tua casa;

Senhor, que o zelo, a promoção da vida e da dignidade dos pobres me consuma como me consome o zelo pela Tua casa.

Senhor, que este zelo inseparável, irrenunciável e inadiável,
Por nós seja vivido, porque para Vós agradável e louvável!

Senhor, não permita que caiamos em omissões execráveis, 
detestáveis e lamentáveis, porque por Vós inadmissíveis e impensáveis!
Amém!

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

“Tua Palavra é luz para o caminho”

                                                          


“Tua Palavra é luz para o caminho”

 “A Sagrada Escritura é para nos ajudar a decifrar o mundo; para
nos devolver o olhar da fé e da contemplação, e transformar
a realidade numa grande revelação de Deus”.

No mês de setembro, mês especialmente dedicado à Sagrada Escritura, fomos enriquecidos pela reflexão do  Livro do Deuteronômio, o quinto Livro do Pentateuco.

É fundamental, sobretudo no momento que estamos vivendo, com a proximidade das eleições, refletir, discernir, escolher com sabedoria aqueles que vão exercer o poder político em nossos Municípios nos próximos quatro anos.

Voltemo-nos à afirmação do Papa São Paulo VI, que em 1971 nos dizia:  “A política é uma maneira exigente - se bem que não seja a única - de viver o compromisso cristão, ao serviço dos outros.” ( Carta Apostólica Octogesima Adveniens - n.46).
 
Também são oportunas as palavras dos Bispos na Conferência Nacional do Brasil, realizada de 2016, através das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora: “Promova-se cada vez mais a participação social e política dos cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e instituições, por meio de formação permanente e ações concretas.

Com a crise da democracia representativa, cresce a importância da colaboração da Igreja no fortalecimento da sociedade civil, na luta contra a corrupção, bem como no serviço em prol da unidade e fraternidade dos povos, em especial na América Latina.” (n.123).

Urge que, no testemunho da fé, como discípulos missionários do Senhor, vivamos a atuação e compromisso político, como concretização e promoção do bem comum, para que sejamos sal, fermento e luz. 

Como Igreja, não nos é permitido omissão nestes sagrados compromissos de participação da construção do Reino de Deus inaugurado por Jesus, com a força do Espírito Santo.

Embora a nossa participação política não se esgote no período eleitoral, este é um momento privilegiado, sobretudo considerando a nossa realidade nacional, marcada por vezes pelo descaso do poder público, precariedade de serviços necessários à população, desvios ou não aplicação de verbas para o que é de fato essencial, e outros tantos fatos que clamam por mudanças efetivas.

Se dificuldades existem, a Palavra de Jesus, ontem, hoje e sempre, nos renova para os sagrados compromissos: “Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino” (Lc 12,32).

E para que superemos os nossos medos, na desafiadora e necessária participação política, Ele afirma ainda: “Coragem, Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Enfim, encorajados pela Palavra do Senhor, luz para nosso caminho, assim como o Povo de Deus viveu e celebrou a noite da libertação da escravidão do Egito e a celebrou com cantos e júbilo, também nós, partícipes da Nova e Eterna Aliança, revigorados pelo Banquete de Eternidade, nos empenhemos concretamente nesta noite de libertação que se repete ao longo da história, quando não nos omitimos e nos comprometemos no escrever de novas linhas da história com vida plena, digna, abundante e feliz para todos.


PS: Escrito em agosto de 2020

Sejamos vigilantes na fé

                                                            

Sejamos vigilantes na fé
“Portanto, ficai vigiando, pois não
sabeis qual será o dia, nem a hora.” (Mt 25, 13)

Na Liturgia da Sexta-feira da 21ª Semana do Tempo Comum é proclamada a passagem do Evangelho em que Jesus nos fala do Reino de Deus a partir da conhecida Parábola das dez virgens (Mt 25, 1-13).

Enriquecedora é esta reflexão que encontramos no Missal Cotidiano:

“Jesus descreve a Bem-Aventurança eterna como uma festa de núpcias, em que o esposo é o Cristo. Mas a Parábola põe a tônica sobre as insensatas que encontram a porta fechada, porque não chegaram a tempo.

A Palavra que Jesus dirige a essas jovens é uma das mais terríveis de toda a Bíblia: ‘Não vos conheço’. Trata-se da separação total, se nos lembrarmos de que ‘conhecer’ implica na Bíblia um elemento afetivo.

Ser ‘repelido’ é o resultado da falta de ‘fé vigilante’. É terrível pensar que muitas vezes é salva a fachada, porém dentro está morto o amor, e com ele a esperança.

Continua-se por hábito, cansadamente, por comodismo ou por capricho, mas perdeu-se do ‘convite às bodas’. Falta no íntimo a espera vigilante e ativa (ter óleo) do encontro com Cristo, cuidadosamente preparado”. (1)

Na prática de uma fé vigilante, é preciso que, como discípulos missionários, não deixemos faltar o azeite da esperança, da justiça, da solidariedade, da confiança, do amor, da alegria: “As comunidades cristãs não devem permitir-se distrações ou superficialidades, mas são chamadas a alimentar a fé com o azeite da esperança e da paciência, que jamais podem abrandar em quem espera a sabedoria verdadeira e fecunda”. (2)

É preciso estar sempre vigilante nas pequenas atitudes:

“Acordar com o propósito de ser melhor, de agir melhor, de não dar tanta importância às pequenas coisas que nos desgastam por qualquer motivo, de sorrir mais, de ajudar mais o próximo, de cuidar mais da vida, pois, agindo assim, estaremos vigilantes e preparados”. (3)

Oremos: 

Senhor Deus, concedei-nos o dom da sabedoria que vem do Vosso Espírito, para acolhermos e vivermos a Palavra do Vosso Filho, para que um dia tenhamos a graça de sermos partícipes do Banquete da Eternidade.

Concedei-nos, também,  a graça de acrescentar cada vez mais o azeite em nossas lâmpadas, para que não se apague na espera, quando Vosso Filho vier gloriosamente pela segunda vez, e que o fogo do Espírito esteja crepitando em nossos corações, e assim sejamos dignos de correr ao mais desejado e esperado encontro. Amém. (4)


(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - p. 1211
(2)Lecionário Comentado - Editora Paulus - 2011 - p. 221
(3) Liturgia da Palavra I – reflexões para os dias da semana – Pe. José Carlos Pereira - Editora Paulus – p.253
(4) Livre adaptação Lecionário Comentado - Edit. Paulus - 2011 - p.223 

Cristão: aquele que crê sem ver

                                                         

Cristão: aquele que crê sem ver

O cristão conhece a obscuridade, a caligem da noite, marcada pelas densas e escuras nuvens das dificuldades a serem transpostas, mas pela Luz do Senhor mais que iluminadas.

O cristão, com coragem, enfrenta as nuvens escuras das dificuldades com a certeza de que não caminha só: A Trindade com ele está.

Sabe que a inteligência não salva o homem, assim como os mais refinados sistemas, sobretudo quando não se deixa conduzir e crer  na verdade de Deus que é Cristo Crucificado, realidade concreta de sofrimentos e de sangue, na aparente fragilidade e loucura da Cruz.

Quanto mais se adensam as trevas e o coração sangra na solidão da dor, tanto mais o catequista descobre a alegria de crer no Senhor: “Tudo posso n’Aquele me fortalece” (Fl 4,13)

Com o Apóstolo, aprende que crer significa enfrentar os desafios próprios da “noite”, porque a fé ultrapassa a medida do conhecimento e da humana sabedoria, porém não a ignora.

Ser cristão é ser alguém que mesmo quando se apagarem todos os faróis ofuscantes do “êxito”, caminhando no escuro, sem saber aonde vai, a fé o ajudará a “crer sem ver”’.

No coração e na vida de um cristão, as trevas são iluminadas por dentro, por uma presença invisível, mas totalmente crível e sentida: sabem e confiam que um dia elas cairão e a noite será despedaçada e aparecerá a aurora.



Fonte inspiradora:  1 Cor 1,17-25 - Missal Cotidiano p.1210

Em poucas palavras...

 


Fé: crer sem ver

“Quanto mais se adensam as trevas e o coração sangra na solidão da dor, tanto mais o cristão descobre a alegria de crer...

Quando se calarem todos os faróis ofuscantes do ‘êxito’ e o cristão estiver a caminhar no escuro, sem saber aonde vai, a fé o ajuda a ‘crer sem ver’.

As trevas como que são iluminadas por dentro por uma presença invisível. Um dia cairão. A noite será despedaçada e aparecerá a aurora.” (1)

 

 

 

(1)               Comentário do Missal Cotidiano - passagem da Leitura (1 Cor 1,17-25)

 

A luz de Cristo resplandece no rosto da Igreja

                                                   

 A luz de Cristo resplandece no rosto da Igreja

Verdadeiramente, a luz de Cristo resplandece no rosto da Igreja, assim como deve resplandecer na vida de todo cristão, sejam Ordenados ou não; mas de modo especial, através do Ministério Presbiteral.

Vejamos o que nos ensina a Igreja:

“O Concílio deseja ardentemente iluminar todos os homens com a claridade de Cristo, luz dos povos, que brilha na Igreja, para que o Evangelho seja anunciado a todas as criaturas (cf. Mc 16,15)”. (1)

No dia da Ordenação Presbiteral se diz:  “Tu és Sacerdote para sempre, segundo a ordem do Rei Melquisedec”, para fazer resplandecer a luz de Cristo no rosto da Igreja.

Todos os dias, o Presbítero deve renovar esta imensa graça, vivendo uma vida em que o anúncio da Palavra seja acompanhado do indispensável testemunho.

Deste modo, deve celebrar e viver o que celebra, em perfeita sintonia, levando muitos a contemplar o resplandecer da luz de Cristo no rosto da Igreja, a qual se colocou a serviço.

Será um instrumento da publicidade da luz, numa vida simples, coerente, pois a luz não existe para ser escondida, como nos falou o Senhor no Evangelho, porque quando se possui a luz de Deus é impossível guardá-la para si.

É impossível esconder e apagar a chama do Amor de Deus acesa, um dia, e assim comunicará a universalidade da luz do amor pelos últimos, sem se esquecer dos primeiros; a luz do amor pelos pobres, pelos pequeninos, pelos humildes, enfermos, e outros tantos rostos com quem Ele Se identificou (Mt 25).

Comunicará a consistência da luz da Palavra Divina, que não se reduz às palavras, teorias, discursos, discussões, mas em obras concretas de amor, justiça, perdão, fraternidade, humildade, compaixão e solidariedade.

Nesta comunicação da transparência da luz divina, fará de tal modo que a sua vida não atraia ninguém para si, mas para Aquele que o chamou e o enviou.

A transparência de vida do Presbítero, por causa de suas obras, levará muitos a glorificar o Pai que está nos céus (Mt 5, 16).

Assim como Jesus, o Presbítero deve levar o povo a viver em perfeita comunhão.

Padres e fiéis, Igreja Ministerial e Missionária do Senhor seremos quando, verdadeiramente, revelarmos a luz de Cristo ao mundo.

Quando comunicarmos esta luz, na noite sombria de um mundo marcado por tantos sinais de morte e exclusão.

No Ministério vivido, a devoção a Nossa Senhora e ao Sagrado Coração de Jesus, de modo especial, o torna cada vez mais compadecido e solidário com a dor dos pobres, um Sacerdote conforme o Coração de Jesus.

Que a luz de Cristo resplandeça no rosto da Igreja pela vida e Ministério Presbiteral, assim como por meio de todos os batizados, para que sal da terra e luz do mundo sejamos, contando sempre com a força indispensável que nos vem da oração sincera, pura e confiante e, de modo especial, na Santa Eucaristia.

(1) Primeiros parágrafos da Constituição “Lumen Gentium” – Luz dos Povos - sobre a Igreja. 

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Sabedoria Divina

Sabedoria Divina

Sabedoria Divina, anseio alcançá-la,
Sem incorrer em estéreis espiritualismos,
Aquecer-me com os raios do Sol do Supremo Saber.

Com ela, o íntimo de minha alma se ilumina,
Vislumbra sempre novos horizontes,
E mais ampliadas e realizadoras perspectivas.

Quero a Sabedoria Divina me acompanhando
No sagrado agir cotidiano, tanto nas coisas simples,
Como nas mais complexas, a serem decifradas.

Aspiro por ela para sempre alcançar
A mais que desejável agudeza de Espírito,
Para não me perder em questões menores.

Como preciso da Sabedoria Divina nas decisões!
Tão rica que nenhuma mina de saber igual seria,
Nem a mais completa biblioteca conteria.

Busco a Divina Sabedoria, comunicada como dom,
Que não é fruto da soma de conhecimentos,
Tão pouco um abismo de saber e erudição possuídos.

Somente com a Sabedoria Divina me acompanhando
Meus olhos serão como os de uma águia voando,
Com perspicácia diante das eventuais adversidades.

Somente com ela me assistindo,
Meus olhos serão como olhos de lince,
Vendo mais do que comumente se possa ver.

Agraciado com a Sabedoria Divina, sou iluminado,
Coração pelo fogo do Santo Espírito Inflamado,
Com Jesus sempre presente, por Ele enamorado.

João, interceda a Deus por nós


 

João, interceda a Deus por nós

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, porque foste testemunha da verdade e da Lei de Deus diante dos poderosos do seu tempo, interceda a Deus por nós, para que também assim o sejamos.

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, e antecipaste o destino de Jesus que não foi ouvido, mas ridicularizado e ultrajado pela autoridade religiosa e civil.

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, morreste por fidelidade ao seu testemunho; assim como Jesus, que diante de Pilatos, declarou que veio dar testemunho da verdade, e pagou isto com Sua Pessoa.

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, e tua morte surgiu como o testemunho supremo, o selo de autenticidade, o fato que confirmou as palavras.

João, que ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, interceda a Deus por nós discípulos missionários do Senhor, que habitualmente, não nos é pedido dar a vida, mas ter uma conduta cristã em nosso relacionamento com Deus e com o próximo.

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, interceda a Deus para que tenhamos a coragem de não ceder diante do mal, nem diante da mentalidade corrente, mas de sermos diferentes no modo de pensar, de escolher, de falar, de agir, com os mesmos sentimentos de Jesus Cristo (Fl 2,1-11).

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, interceda a Deus para que a contestar, em nome da verdade, vivendo a graça da vocação profética, estejamos sempre prontos para o diálogo e o respeito pelas pessoas; afirmando nossa originalidade de crentes, mas capazes de adaptação ao expor o ponto de vista cristão, sem jamais trair a coerência da vida em relação à fé que professamos.

João, ornaste este dia com o róseo fulgor de seu sangue, e encontraste a paz do sepulcro: mais tarde Jesus também a encontrou, mas com uma diferença: em seu túmulo ecoou o anúncio da Ressurreição, e é esta fé na Ressurreição que nos dá coragem para, como tu fizeste, também o fazermos. Amém.


PS: Fonte inspiradora – Comentários do Missal Cotidiano – Editora Paulus – pp.729-731 – passagem do Evangelho de Marcos (Mc 6,17-29)

São João Batista: Vigor, coragem e fidelidade no bom combate


São João Batista:
Vigor, coragem e fidelidade no bom combate

Celebramos dia 29 de agosto a memória do Martírio de São João Batista, e sejamos enriquecidos pela Homilia do Venerável Presbítero São Beda (séc. VIII).

“O Santo precursor do nascimento, da pregação e da morte do Senhor mostrou o vigor de seu combate, digno dos olhos divinos, como diz a Escritura:

E se diante dos homens sofreu tormentos, sua esperança está repleta de imortalidade (cf. Sb 3,4).

Temos razão de celebrar a festa do dia do nascimento daquele que o tornou solene para nós por sua morte, e o ornou com o róseo fulgor de seu sangue.

É justo venerarmos com alegria espiritual a memória de quem selou com o martírio o testemunho que deu em favor do Senhor.

Não há São João suportou o cárcere e as cadeias, foi por nosso Redentor, de quem dera testemunho como precursor.

Também por Ele deu a vida. O perseguidor não lhe disse que negasse a Cristo, mas que calasse a verdade. No entanto morreu por Cristo.

Porque Cristo mesmo disse: Eu sou a verdade (Jo 14,6); por conseguinte, morreu por Cristo, já que derramou o sangue pela verdade.

Antes, quando nasceu, pregou e batizou, dava testemunho de quem iria nascer, pregar, ser batizado. Também apontou para Aquele que iria sofrer, sofrendo primeiro.

Um homem de tanto valor terminou a vida terrena pela efusão do sangue, depois do longo sofrimento da prisão.

Aquele que proclamava o Evangelho da liberdade da paz celeste foi lançado por ímpios às cadeias; foi fechado na escuridão do cárcere quem veio dar testemunho da luz e por esta mesma luz, que é Cristo, tinha merecido ser chamado de lâmpada ardente e luminosa.

Foi batizado no próprio sangue aquele a quem tinha sido dado batizar o Redentor do mundo, ouvir sobre Ele a voz do Pai, ver descer a graça do Espírito Santo.

Contudo, para quem tinha conhecimento de que seria recompensado pelas alegrias perpétuas não era insuportável sofrer tais tormentos pela verdade, mas, pelo contrário, fácil e desejável.

Considerava desejável aceitar a morte, impossível de evitar por força da natureza, junto com a palma da vida perene, por ter confessado o nome de Cristo.

Assim disse bem o Apóstolo: Porque vos foi dado por Cristo não apenas crer n’Ele, mas ainda sofrer por Ele (Fl 1,29).

Diz ser dom de Cristo que os eleitos sofram por Ele, conforme diz também:

Os sofrimentos desta vida não se comparam à futura glória que se revelará em nós (Rm 8,18)”. 

João Batista foi o precursor do nascimento de Cristo, não somente no nascimento, mas também na morte.