“Comece em sua casa”
Urge revitalizar e valorizar nossas famílias, que são uma Igreja doméstica,
como nos fala o Catecismo da Igreja Católica:
"Uma revelação e
atuação específica da comunhão eclesial é constituída pela família cristã, que
também, por isso, se pode e deve chamar Igreja doméstica. É uma
comunidade de fé, de esperança e de caridade; na Igreja ela tem uma importância
singular, como se vê no Novo Testamento" (1).
Voltemos ao ano de 1977, em que a Igreja no
Brasil, realizou uma Campanha da Fraternidade sobre a Família, com o tema –
“Comece em sua casa”.
Tinha como objetivo
geral a promoção dos valores da família e a cura de suas feridas, através de
todos os meios, colocando em relevo a influência que a Família possui sobre a
verdadeira fraternidade entre todos.
O tema da Campanha foi
escolhido por causa da discussão da Lei do Divórcio e sua consequente aprovação;
e portanto era necessário procurar “apontar os verdadeiros remédios contra o
divórcio e a desagregação da família”.
São atualíssimas as
palavras do Papa São Paulo VI dirigidas na Quaresma ao mundo todo e à Igreja no Brasil naquele ano:
"Amados Filhos e Filhas:
dentro em breve está a fazer dez anos que a Nossa Encíclica Populorum
Progressio, sobre o desenvolvimento dos povos, foi como que um ‘grito de
angústia, em nome do Senhor’, lançado às comunidades cristãs e a todos os
homens de boa vontade.
Hoje, neste início do
tempo litúrgico da Quaresma, nós desejaríamos fazer ressoar de novo esse apelo
solene. O nosso olhar e o nosso coração de Pastor Universal, de fato, continuam
a ser profundamente impressionados pela multidão imensa daqueles que todas as
Sociedades do mundo deixam à beira do caminho, feridos no corpo e na alma,
despojados da sua dignidade humana, sem pão, sem voz, sem defesa e sozinhos no
infortúnio.
Experimentamos
dificuldades, é certo, em compartilhar aquilo que nós possuímos, com o fim de
contribuir para o desaparecimento das desigualdades de um mundo tornado
injusto. E, no entanto, as declarações de princípios não bastam. É por isso que
é necessário e salutar recordar-nos de que somos administradores das dores de
Deus e de que 'penitência do tempo da Quaresma deve ser, não apenas interna e
individual, mas também externa e social’ (SC, 110).
Ide junto do pobre
Lázaro que sofre fome e miséria. Tornai-vos o próximo dele, a fim de que ele
reconheça no vosso olhar, o olhar de Cristo que o acolhe, e nas vossas mãos, as
mãos do Senhor a repartir os seus dons.
Respondei deste modo,
com generosidade, aos apelos que vos irão ser dirigidos nas vossas Igrejas
particulares, para aliviar os mais deserdados e para participar no progresso
dos povos mais desprovidos de bens.
Nós queremos lembrar-vos
as palavras do Senhor Jesus, que o Apóstolo São Paulo conservou como algo
precioso, para acudir aos fracos: ‘há mais felicidade em dar do que em receber’
(At 20,35). E, exortamo-vos a todos, amados Filhos e Filhas, a purificar assim
os vossos corações, para acolherem as próximas celebrações pascais e anunciarem
ao mundo a jubilosa nova da Salvação.
E aos diletos Irmãos e
Filhos do Brasil, onde hoje se abre mais uma Campanha da Fraternidade, centrada
este ano no bem atual tema ‘FRATERNIDADE E FAMÍLIA’, diremos ainda: cada um ‘comece
em sua casa’, a ouvir o nosso apelo!
Os pais encaminhem os
filhos, desde a infância, para o conhecimento do amor de Deus a todos os
homens: ele os quer numa só família, tratando-se com espírito fraternal. Que
pelo exemplo da vida vivida, ilumine os lares brasileiros o sentido do amor e o
cuidado das necessidades espirituais e materiais do próximo; e que esta luz
faça desabrochar frutos sazonados nas almas em flor de um País jovem,
garantindo aí o porvir das tradicionalmente boas famílias cristãs".
Continuemos vigilantes e
orantes, empenhados na solidificação e santificação de nossas famílias,
suplicando a Deus para que de toda e qualquer enfermidade sejamos livres e
curados.
(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 2204
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