segunda-feira, 25 de março de 2024

O Anúncio do Evangelho (Evangelii Gaudium - Capítulo III) - primeira parte-


O Anúncio do Evangelho
(Evangelii Gaudium - Capítulo III)

Citando o Pão São João Paulo II: - “Não pode haver verdadeira evangelização sem o anúncio explícito de Jesus como Senhor» e sem existir uma «primazia do anúncio de Jesus Cristo em qualquer trabalho de evangelização” (n.110).

I. Todo o povo de Deus anuncia o Evangelho
A evangelização é dever da Igreja. Este sujeito da evangelização, porém, é mais do que uma instituição orgânica e hierárquica; é, antes de tudo, um povo que peregrina para Deus. Trata-se certamente de um mistério que mergulha as raízes na Trindade, mas tem a sua concretização histórica num povo peregrino e evangelizador, que sempre transcende toda a necessária expressão institucional”. (n.111)

A salvação, que Deus nos oferece, é obra da sua misericórdia. Não há ação humana, por melhor que seja, que nos faça merecer tão grande dom. Por pura graça, Deus atrai-nos para nos unir a Si... O princípio da primazia da graça deve ser um farol que ilumine constantemente as nossas reflexões sobre a evangelização”. (n.112)

Ninguém se salva isoladamente nem pelas próprias forças: “Esta salvação, que Deus realiza e a Igreja jubilosamente anuncia, é para todos, e Deus criou um caminho para Se unir a cada um dos seres humanos de todos os tempos” (n.113)

Ser Igreja é:
- ser Povo de Deus, de acordo com o grande projeto de amor do Pai;
- ser o fermento de Deus no meio da humanidade;
- anunciar e levar a salvação de Deus a este nosso mundo;
-ser o lugar da misericórdia gratuita, onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo a vida boa do Evangelho. (n.114)

“Este povo de Deus encarna-se nos povos da Terra, cada um dos quais tem a sua cultura própria... A graça supõe a cultura, e o dom de Deus encarna-se na cultura de quem o recebe”. (n.115)

O Cristianismo assume o rosto de Cristo nas diferentes culturas. (n.116)

“...A diversidade cultural não ameaça a unidade da Igreja” (n.117)

A ação do Espírito Santo enviado pelo Pai e o Filho:
- transforma os nossos corações e nos torna capazes de entrar na comunhão perfeita da Santíssima Trindade, onde tudo encontra a unidade;

- constrói a comunhão e a harmonia do povo de Deus. Ele mesmo é a harmonia, tal como é o vínculo de amor entre o Pai e o Filho;


- suscita uma abundante e diversificada riqueza de dons e, ao mesmo tempo, constrói uma unidade que nunca é uniformidade, mas multiforme harmonia que atrai.

“A mensagem, que anunciamos, sempre apresenta alguma roupagem cultural, mas às vezes, na Igreja, caímos na vaidosa sacralização da própria cultura, o que pode mostrar mais fanatismo do que autêntico ardor evangelizador”.

Não podemos sacralizar as culturas: o Mistério da Redenção não se esgota por nenhuma cultura (n.118).

Todos somos discípulos missionários - Em todos os batizados atua a força santificadora do Espírito que impele a evangelizar. (n.119)

 “A nova evangelização deve implicar um novo protagonismo de cada um dos batizados... Cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus; não digamos mais que somos «discípulos» e «missionários», mas sempre que somos «discípulos missionários»” (n.120)

Exemplos que encontramos nos Evangelhos:
- Os primeiros discípulos de Jesus, saíram proclamando cheios de alegria: «Encontramos o Messias» (Jo 1, 41);

- A Samaritana, logo que terminou o seu diálogo com Jesus, tornou-se missionária, e muitos samaritanos acreditaram em Jesus «devido às palavras da mulher» (Jo 4, 39);

- São Paulo, depois do seu encontro com Jesus Cristo, «começou imediatamente a proclamar (…) que Jesus era o Filho de Deus» (At 9, 20).

Para crescermos como evangelizadores:
- procurar simultaneamente uma melhor formação;
- fazer o aprofundamento do nosso amor;

- dar um testemunho mais claro do Evangelho;
- não nos acomodarmos na mediocridade, mas continuarmos a crescer;

- dar o testemunho de fé, que todo o cristão é chamado a oferecer, implica dizer como São Paulo: «Não que já o tenha alcançado ou já seja perfeito; mas corro para ver se o alcanço, (…) lançando-me para o que vem à frente» (Fl 3, 12-13).    (n.121)

Pode dizer-se que «o povo se evangeliza continuamente a si mesmo». Aqui ganha importância a piedade popular, verdadeira expressão da atividade missionária espontânea do povo de Deus. Trata-se de uma realidade em permanente desenvolvimento, cujo protagonista é o Espírito Santo”.

Aa piedade popular - um «precioso tesouro da Igreja Católica», e nela «aparece a alma dos povos latino-americanos», segundo Papa Bento XVI.

 A piedade popular no Documento de Aparecida, segundo os Bispos:

- “espiritualidade popular” ou “mística popular”;

- uma verdadeira “espiritualidade encarnada na cultura dos simples”;
- não é vazia de conteúdos;

- é “uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja e uma forma de ser missionários”;
- não se pode diminuir/reduzir nem controlar esta força missionária.

“Penso na fé firme das mães ao pé da cama do filho doente, que se agarram a um terço ainda que não saibam elencar os artigos do Credo; ou na carga imensa de esperança contida numa vela que se acende, numa casa humilde, para pedir ajuda a Maria, ou nos olhares de profundo amor a Cristo crucificado. Quem ama o povo fiel de Deus, não pode ver estas ações unicamente como uma busca natural da divindade; são a manifestação duma vida teologal animada pela ação do Espírito Santo, que foi derramado em nossos corações (cf. Rm 5, 5)”.  (n.122-126)

Vivemos uma profunda renovação missionária na Igreja:
“Ser discípulo significa ter a disposição permanente de levar aos outros o amor de Jesus; e isto sucede espontaneamente em qualquer lugar: na rua, na praça, no trabalho, num caminho” (n.127-129)

“O Espírito Santo enriquece toda a Igreja evangelizadora também com diferentes carismas. São dons para renovar e edificar a Igreja. Não se trata de um patrimônio fechado, entregue a um grupo para que o guarde; mas são presentes do Espírito integrados no corpo eclesial, atraídos para o centro que é Cristo, donde são canalizados num impulso evangelizador”. (n.130)

- “Quanto mais um carisma se dirigir o seu olhar para o coração do Evangelho, tanto mais eclesial será o seu exercício” (n.130)
- A unidade é diferente de uniformidade (n.131)

 “O anúncio às culturas implica também um anúncio às culturas profissionais, científicas e acadêmicas. É o encontro entre a fé, a razão e as ciências, que visa desenvolver um novo discurso sobre a credibilidade, uma apologética origina que ajude a criar as predisposições para que o Evangelho seja escutado por todos... É aquilo que, uma vez assumido, não só é redimido, mas torna-se instrumento do Espírito para iluminar e renovar o mundo”. (n.132)

“A Igreja, comprometida na evangelização, aprecia e encoraja o carisma dos teólogos e o seu esforço na investigação teológica, que promove o diálogo com o mundo da cultura e da ciência. Faço apelo aos teólogos para que cumpram este serviço como parte da missão salvífica da Igreja” (n.133)

“As universidades são um âmbito privilegiado para pensar e desenvolver este compromisso de evangelização de modo interdisciplinar e inclusivo”. (n.134)

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