sexta-feira, 29 de março de 2024

O ilimitado amor de Deus por nós

O ilimitado amor de Deus por nós

Vejamos o que nos disse o teólogo bizantino medieval Nicolau Cabásilas (1322-1392) a fim de melhor entendermos sobre a qual a novidade da Cruz de Cristo, de Sua Paixão e Morte:

"Duas características revelam o amante e o fazem triunfar: a primeira consiste em fazer o bem ao amado em tudo o que é possível, a segunda em escolher sofrer por ele e sofrer coisas terríveis se necessário. Esta última prova de amor muito superior à primeira não podia, no entanto, concordar com Deus que é impassível a todo o mal [...]. Portanto, para nos dar a experiência do seu grande amor e para mostrar que nos ama com um amor ilimitado, Deus inventa a sua aniquilação, realiza-a e fá-lo de modo a tornar-se capaz de sofrer e de sofrer coisas terríveis. Assim, com tudo o que Ele suporta, Deus convence os homens do seu extraordinário amor por eles e fá-los voltar para Si”.

Podemos falar, portanto, em duas formas de amor: o amor de beneficência e o amor de sofrimento.

Na Cruz, Jesus testemunha o amor em sua expressão sublime e máxima: o amor de sofrimento.

Imitá-lo em nossa vida, implica em muito mais do que fazer tantas coisas por Cristo e pela Igreja, é ser capaz de sofrer por Ele e por sua Igreja, com a maturidade necessária de suportar incompreensões, abandonos, cansaços, dificuldades que possam se fazer presentes em nosso discipulado.

Precisamos permanentemente fazer este salto qualitativo, do amor beneficente ao amor em sua expressão máxima, “o amor de sofrimento”.

E isto somente poderemos fazer se abraçarmos nossa Cruz com fidelidade e viver a loucura da Cruz como falou o Apóstolo Paulo aos Coríntios:

"Uma vez que na sabedoria de Deus o mundo não o reconheceu pela sabedoria, Deus quis servir-se da loucura da pregação para salvar os que creem. Enquanto os judeus pedem sinais, e os gregos procuram sabedoria, nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gregos, mas poder e sabedoria de Deus para os chamados, quer judeus, quer gregos. Porque o que se julga loucura de Deus é mais sábio do que os homens; e o que se julga fraqueza de Deus é mais forte do que os homens." (I Cor 1,21-25).

Viver e testemunhar o “amor de sofrimento” como o fez Nosso Senhor, implica em reconhecer seu poder que se revelou na impotência, a sabedoria que se revelou na loucura, e a glória que se revelou na sua ignomínia, e finalmente, a riqueza que se revelou em sua pobreza.

Concluo com as palavras do Papa São Leão Magno (séc V):

“Através d’Ele (Jesus Cristo morto na Cruz) é dado aos crentes a força na fraqueza, a glória na humilhação, a vida na morte”.

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