segunda-feira, 1 de abril de 2024

A Ressurreição de Jesus: O Mistério central da fé (Parte Final)


A Ressurreição de Jesus: O Mistério central da fé 

A Ressurreição do Senhor tem suas expressões iconográficas diferenciadas.  A iconografia bizantina é uma delas. 

Impressiona  pela  beleza  de  conteúdo  e  por   todo o simbolismo  nela presente.

No ícone temos a participação do fiel com o Mistério que se celebra – “representa no centro Cristo Ressuscitado, resplandecente de glória e rodeado de personagens do Antigo Testamento e Novo Testamento. 

O Cristo glorioso, com a mão direita, segura à maneira de estandarte a Cruz de Sua Paixão e Morte, fonte da redenção universal e da humanidade.

Enquanto a mão direita tende para o alto a esquerda está voltada para baixo e segura a mão de um ancião para retirá-Lo do sepulcro.

O novo Adão, Jesus Cristo, tem o poder de libertar o velho Adão e toda a humanidade da escravidão da morte e da insignificância do reino dos mortos.

Com os pés, Jesus pisa e destrói esse reino, simbolizado por um velho que jaz ao chão entre as ruínas das portas do Hades derrubadas e com os instrumentos de tortura – pregos, tenazes, martelos – espalhados por toda a parte” (1)

No ícone, temos a glorificação de Jesus como também a glorificação do homem e a sua participação na vitória sobre a morte:

“Atrás de Adão, há uma longa fila de homens e de mulheres, como Eva, Moisés, David e Salomão, que também participam desse evento de redenção. Pode-se vislumbrar, entre outros, João Batista, que segurando o rolo do Evangelho, anuncia com a mão a vinda de Jesus: assim como entre os vivos, também entre os mortos João Batista é o precursor do Messias. (2)

A representação ocidental do Cristo Ressuscitado tem grande diferença de expressão e comunicação do Mistério da Ressurreição.

Um dos ícones é de Piero della Francesca que “apresenta Jesus que sai vitorioso do sepulcro segurando na mão o estandarte da Cruz como sinal de vitória.

A atenção do artista está inteiramente centrada em Jesus, sem nenhuma alusão à participação da humanidade nesse evento salvífico.

Aliás, com uma certa superficialidade teológica, os soldados que guardam o túmulo, únicos representantes da humanidade, ou dormem (como no caso de Piero della Francesca) ou estão apavorados”. (3)




Acentuando as diferenças: no segundo ícone há uma comunicação incompleta ou talvez equivocada do Mistério, no primeiro (o ícone bizantino) faz transparecer melhor a expectativa e a participação da humanidade na Salvação que Jesus veio trazer a toda a Humanidade, antes e depois d’Ele.


(1) (2) (3) Dicionário de Homilética – Verbete Ressurreição – p. 1497.

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