domingo, 27 de outubro de 2024

Uma fé consciente e robusta é preciso (XXXDTCB)

Uma fé consciente e robusta é preciso
 
Vejamos o que nos diz o comentário do Missal Dominical sobre a Liturgia do 30º Domingo do Tempo Comum (ano B), sobre a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10, 46-52):
 
“... Se, no passado, a fé podia constituir uma explicação ou uma interpretação do universo, um lugar de segurança diante dos absurdos da história e do mistério do mundo, hoje não é mais assim.
 
Os movimentos de ideias, o processo tecnológico, a expansão do consumo, os movimentos migratórios e turísticos, a urbanização crescente e caótica com as consequentes dificuldades de integração comunitária, a agressão da publicidade, a instabilidade política, econômica e social, com todos os problemas daí derivados, concorrem para aguçar a dilaceração interior, ainda mais sensível nos homens de cultura.
 
Neste quadro, a carência de uma fé consciente e robusta favorece a dissolução da religiosidade, até a ruptura total com a prática religiosa”. (1)
 
Assim lemos na conclusão do comentário no Missal Dominical:


“Num mundo como o nosso, não há mais lugar para uma fé anônima, formalista, hereditária. É necessária uma fé fundada no aprofundamento da palavra de Deus, na opção e nas convicções pessoais. Uma fé conscientemente abraçada e não passivamente recebida em herança.
 
Tudo isto comporta um novo modo de enfrentar o problema da iniciação cristã, um novo modo de considerar a evangelização e a sacramentalização. Abre-se um imenso campo de ação à pastoral em geral e à catequética particularmente.
 
O cristão deverá percorrer (ou repercorrer, se se trata de adulto) não tanto um caminho feito de etapas e gestos sacramentais, mas um itinerário de fé, um catecumenato renovado, sem o qual não têm sentido nem eficácia os gestos sacramentais feitos em prazos fixos.” (2)
 
Não há mais lugar para uma fé anônima e sem compromissos, e há sempre um itinerário a ser percorrido para que nossa fé tenha os “predicativos desejáveis” e “aditivos indispensáveis”.
 
Nisto consiste a caminhada de fé: um processo permanente, no qual é preciso que se avance para não recuar.
 
Vivemos num mundo secularizado, com fortes marcas de ateísmo, em que o espaço do sagrado muitas vezes é sinônimo de alienação, atraso, anti-história.
 
O Papa São João Paulo II,  abordou estas questões na Encíclica Fé e Razão. 
 
Não são inconciliáveis a fé e a razão, pois uma não pode prescindir da outra, pois do contrário não corroboram para o processo de fraternidade e promoção da vida, da dignidade humana. 
 
Evidentemente que podemos cultivar uma fé ingênua, marcada pelo infantilismo, renunciando aos compromissos inerentes a mesma. Delegando a Deus o que é tarefa humana, descomprometendo-se, lamentavelmente, com aquilo que é próprio e inadiável nosso.
 
A fé, mais que uma resposta aos problemas e não uma fuga: uma proposta transformadora, fundada e nutrida pelo Pão da Palavra e pelo Pão da Eucaristia. 

Na fé deve consistir a resposta sedenta de sentido de vida. A fé deve ultrapassar todo pragmatismo evasivo; todas as explicações que se encerram em si mesmo.
 
Há sempre muito mais do que se possa verbalizar, e mais ainda do que se possa racionalizar, a fim de que cultivemos uma fé consciente e robusta, procurando respostas aos incontáveis problemas mencionados, de modo que a fé, a esperança e caridade, como virtudes teologais, amadureçam inseparavelmente em nosso interior, afastando toda a estimulação e excitação de dilaceramentos interiores... Tão somente assim, veremos a fé expressa em gestos concretos, afetivos e efetivos de caridade.
 
Não há nunca qualquer possibilidade de desistência do carregar da cruz, ainda que adversos e difíceis sejam os momentos que possamos passar.

Urge uma Fé viva e uma Esperança com âncoras nos céus, onde se encontra o Ressuscitado! E, assim a Caridade dará respostas libertadoras para o mundo que precisa ser transformado.
 
Oremos: 
 
“Deus eterno e todo-poderoso, 
aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade 
e dai-nos amar o que prometeis. 
Por N.S.J.C.  Amém!”
 
(1) Missal Dominical - Editora Paulus - 1995 -  pág. 1057.
(2) Idem.

 

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