Somos um povo peregrino e evangelizador

                                                                           


Somos um povo peregrino e evangelizador

“Nós vimos o Senhor” (Jo 20,25)

Na Exortação Evangelii Gaudium, o Papa Francisco afirma:

A Evangelização é dever da Igreja. Este sujeito da evangelização, porém, é mais do que uma instituição hierárquica; é antes de tudo, um povo que peregrina para Deus. 

Trata-se certamente de um mistério que mergulha as raízes na Trindade, mas tem a sua concretização histórica num povo peregrino e evangelizador, que sempre transcende toda a necessária expressão institucional” (EG 111).

Podemos e devemos usar, portanto, os meios possíveis, contribuindo na ação evangelizadora da Igreja, anunciando o Cristo Ressuscitado, Aquele que foi visto pelos apóstolos, e que continua se revelando à sua Igreja, para que esta O anuncie e O testemunhe até os confins da terra (Jo 19-28; Mt 28, 16-29; Mc 16, 9-20), e como Igreja, na alegria de servir, construamos um mundo mais humano, justo e fraterno.  

A própria Igreja, pois a Igreja que não se evangeliza não evangeliza, nos advertia o Papa São Paulo VI, em sua Exortação Evangelii Nuntiandi: “Evangelizadora como é, a Igreja começa por se evangelizar a si mesma” (n.15). 

Evangelizando a família, santuário da vida, espécie de Igreja doméstica, espaço privilegiado para se formar e educar para a beleza da vida, plantando no coração dos filhos, sementes da verdade, do amor, da justiça, da liberdade e da fraternidade.

Presença evangelizadora no bairro, e além de suas fronteiras, porque a Palavra de Deus não pode ser aprisionada e confinada a espaços geográficos, templos e tempo.

Evangelizando no vasto e complicado mundo da política, da mídia, da cultura, da economia e da saúde, despertando a consciência da cidadania, não nos omitindo na missão ser luz onde for preciso e para quem precisar, anunciando a Palavra que abrasa o coração. 

Evangelizando e conscientizando para que cuidemos e preservemos nossa casa comum, o planeta em que habitamos, com a necessária conversão e nova consciência planetária, preocupados com a sustentabilidade, que nos propicia viver melhor, e assegura o futuro para aqueles que virão depois de nós.

Peregrinemos e evangelizemos, incansavelmente, sempre atentos aos acontecimentos e aos sinais que Deus vai manifestando ao longo da história, testemunhas das maravilhas que o Espírito que age e faz acontecer a evangelização.

Urge que mais pessoas participem desta peregrinação e evangelização, pois não fica indiferente nesta missão, quem se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus, como tão bem expressou o Papa Francisco também na “Evangelii Gaudium”:

“Cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com amor de Deus em Cristo Jesus; não digamos mais que somos ‘discípulos’ e missionários’, mas sempre que somos ‘discípulos missionários” (n.120).


PS: Oportuna para a reflexão da passagem dos Atos dos Apóstolos (At 28.16-20.30-31)

Pentecostes: O Espírito Santo de Deus nos foi enviado (Pentecostes - Ano B) Homilia

                                                                 

Pentecostes: O Espírito Santo de Deus nos foi enviado 

“Assim como o Pai Me enviou, também
Eu vos envio a vós. Recebei o Espírito Santo” 

Com a Solenidade de Pentecostes, celebraremos o nascimento da Igreja e acolhida do Espírito Santo para acompanhá-la, conduzi-la e assisti-la em sua missão. 

O Espírito Santo é o Dom dado por Deus a todos que creem, comunicando vida, renovação, transformação, possibilitando o nascimento do Homem Novo e a formação da Comunidade Eclesial – a Igreja. 

Com a Sua presença a Igreja testemunha a vida e a vitória do Ressuscitado, nisto consiste a missão da comunidade: realizar com a presença e ação do Espírito Santo, que é a fonte de todos os dons, colocando-os a serviço de todos e não para benefício pessoal. 

Lucas, na passagem da primeira Leitura (At 2,1-11), nos apresenta a comunidade que nasce do Ressuscitado, que é assistida pelo Espírito Santo e chamada a testemunhar a todos os povos o Projeto Libertador do Pai. 

A Festa de Pentecostes que antes era uma festa agrícola (colheita da cevada e do trigo), a colheita dos primeiros frutos, ganhou novo sentido, tornou-se a festa histórica da celebração da Aliança, da acolhida do dom da Lei no Sinai e a Constituição do Povo de Deus. Mas, o mais belo e verdadeiro sentido é a celebração da acolhida do Espírito Santo. 

Contemplemos o grande Pentecostes cinquenta dias após a Páscoa. O Espírito é apresentado em forma de língua de fogo, que consiste na linguagem do amor. Verdadeiramente a linguagem do Espírito é o amor que torna possível a comunhão universal. 

Caberá à comunidade construir a anti-Babel, a humanidade nova, que pauta a existência pela ação do Espírito Santo que reside no coração de todos como Lei suprema, como fonte de amor e de liberdade. 

Reflitamos:

- Somos uma comunidade do Ressuscitado?

- Nossa comunidade é marcada por relações de amor e partilha?

- Empenhamo-nos em aprender a língua do Espírito, a linguagem do Amor? 

- Qual é o espaço do Espírito Santo em nossas comunidades?

- Temos sido renovados pelo Espírito, orientando e animando nossa vida por Sua ação e manifestação?

- Somos uma comunidade que vive a unidade na diversidade, com liberdade e respeito? 

Na passagem da segunda Leitura (1 Cor 12, 3-b-7.12-13), o Apóstolo nos fala de uma comunidade viva, fervorosa, mas com partidos, divisões e rivalidades entre os seus membros, e até mesmo certa hierarquia de categoria de cristãos. 

Também aponta à importância da diversidade dos carismas. Porém, um só é o Senhor, um só é o Espírito do qual todos os dons procedem. 

Insiste na unidade da comunidade como um corpo, onde todos têm sua importância, sua participação, cientes de que é a ação do Espírito que dá vida ao Corpo de Cristo, fomenta a coesão, dinamiza a fraternidade e é fonte da verdadeira unidade. 

Afasta-se com isto toda possibilidade de prepotência e autoritarismo dentro da Igreja: 

"O dom do Espírito habilita o crente batizado a colocar as suas qualidades e aptidões ao serviço do crescimento e da vitalidade da Igreja. 

Ninguém é inútil e estéril na Igreja quando se deixa guiar pelo Espírito de Deus que atua para o bem de todos. 

O único obstáculo à ação vivificadora do Espírito é a tendência a considerar os seus dons como um direito de propriedade e não um compromisso ao serviço e à partilha recíproca”. (1) 

Reflitamos: 

- Verdadeiramente, o Espírito Santo é o grande Protagonista da ação evangelizadora da Igreja?

- Colocamos com alegria os dons que possuímos a serviço do bem da comunidade e não a serviço próprio? 

Na passagem do Evangelho (Jo 20,19-23), o Evangelista nos apresenta a manifestação do Ressuscitado e a Sua presença que enriquece a Igreja reunida com o dom da paz, da alegria e do Espírito Santo para gerar relações de perdão que cria a humanidade nova. 

Deste modo, a comunidade deve romper os medos, as incertezas, as inseguranças, pois o Ressuscitado entra, mesmo que as portas estejam fechadas. Nada pode impedir a Sua ação, coloca-se no centro, pois somente Ele deve ser o centro de nossa vida e de nossa comunidade. 

E ainda mais: não adoramos um Deus em que as Chagas Dolorosas tiveram a última palavra, mas adoramos ao Deus das Chagas Vitoriosas do Ressuscitado. A vida venceu a morte, e n’Ele e com Ele somos mais que vencedores (Rm 8,37-39). 

Contemplemos as maravilhas de Deus, que são inesgotáveis e indizíveis: 

- podemos contar com a ação e o sopro do Espírito Santo, com Sua força e defesa em nossa missão evangelizadora; 

- a presença do sopro rejuvenescedor do Espírito Santo, que não permite o envelhecimento e a perda da vitalidade da Igreja por Cristo fundada, e por amor, continuamente, na Eucaristia alimentada; 

- confia-nos a continuidade da graça da missão do Ressuscitado, com a força do Espírito, como Suas autênticas testemunhas; 

- a graça de participarmos dos Mistérios Sagrados da Igreja, que aos poucos se nos revelam como maravilhoso Mistério incandescente; Mistério da presença da Chama viva de Amor revelada pelo Espírito Santo de Deus. 

Embora não tenhamos visto Jesus Ressuscitado, nem O tenhamos tocado, n’Ele cremos, Sua Palavra anunciamos, em Sua Vida e presença em nosso meio acreditamos, a força e a vida nova do Espírito continuamente experimentamos e testemunhamos. 

Celebremos, exultantes, a Solenidade de Pentecostes, de modo que a alegria divina transbordará em nosso coração, e nosso coração será inflamado do Seu Amor; 

Alegremo-nos e exultemos no Senhor Ressuscitado, que nos comunica o Seu Espírito para maior fidelidade ao Projeto de vida e de Amor do Pai.


(1) Lecionário comentado – Tempo da Páscoa - p.660. 

Pentecostes: o Espírito nos ensina a linguagem do amor

                                                         


Pentecostes: o Espírito nos ensina a linguagem do amor

 “O amor de Deus foi
derramado em nossos corações.” (Rm 5,5)

A Liturgia das Horas nos apresenta um dos Sermões de um anônimo autor africano (séc. VI), que nos fala da unidade da Igreja que, recebendo o dom do Espírito Santo, fala todas as línguas, de modo que todos se comunicam e se entendem.

“Os Apóstolos começaram a falar em todas as línguas. Aprouve a Deus, naquele momento, significar a presença do Espírito Santo, fazendo com que todo aquele que O tivesse recebido, falasse em todas as línguas.

Devemos compreender, irmãos caríssimos, que se trata do mesmo Espírito Santo pelo qual o Amor de Deus foi derramado em nossos corações.

O amor haveria de reunir na Igreja de Deus todos os povos da terra. E como naquela ocasião um só homem, recebendo o Espírito Santo, podia falar em todas as línguas, também agora, uma só Igreja, reunida pelo Espírito Santo, se exprime em todas as línguas.

Se por acaso alguém nos disser: ‘Recebeste o Espírito Santo; por que não falas em todas as línguas?’ devemos responder:

‘Eu falo em todas as línguas. Porque sou membro do Corpo de Cristo, isto é, da Sua Igreja, que se exprime em todas as línguas. Que outra coisa quis Deus significar pela presença do Espírito Santo, a não ser que Sua Igreja haveria de falar em todas as línguas?’

Deste modo, cumpriu-se o que o Senhor tinha prometido: Ninguém coloca vinho novo em odres velhos. Vinho novo deve ser colocado em odres novos. E assim ambos são preservados (cf. Lc 5,37-38).
       
Por isso, quando ouviram os Apóstolos falar em todas as línguas, diziam alguns com certa razão: Estão cheios de vinho (At 2,13).

Na verdade, já se haviam transformado em odres novos, renovados pela graça da santidade, a fim de que, repletos do vinho novo, isto é, do Espírito Santo, parecessem ferver ao falar em todas as línguas.

E com este milagre tão evidente prefiguravam a universalidade da futura Igreja, que haveria de abranger as línguas de todos os povos.

Celebrai, pois, este dia como membros do único Corpo de Cristo.

E não o celebrareis em vão, se realmente sois aquilo que celebrais, isto é, se estais perfeitamente incorporados naquela Igreja que o Senhor enche do Espírito Santo e faz crescer progressivamente através do mundo inteiro.

Esta Igreja Ele reconhece como Sua e é por ela reconhecida como seu Senhor. O Esposo não abandonou sua esposa; por isso ninguém pode substituí-la por outra.

É a vós, homens de todas as nações, que sois a Igreja de Cristo, os membros de Cristo, o corpo de Cristo, a esposa de Cristo, é a vós que o Apóstolo dirige estas palavras:

Suportai-vos uns aos outros com paciência, no amor. Aplicai-vos em guardar a Unidade do Espírito pelo vínculo da paz (Ef 4,2-3).

Reparai como, ao lembrar o Preceito de nos suportarmos uns aos outros, falou-nos do amor, e quando Se referiu à esperança da unidade, pôs em evidência o vínculo da paz.

Esta é a casa de Deus, edificada com pedras vivas. Nela o Eterno Pai gosta de morar; nela Seus olhos jamais devem ser ofendidos pelo triste espetáculo da divisão entre Seus filhos.”

Com a celebração do grande acontecimento da Festa de Pentecostes, como Igreja reunida, acolhemos o dom do Espírito Santo, e com Ele, o Amor de Deus, que é derramado em nossos corações,

Somos membros de uma Igreja, edificada com pedras vivas, e todo esforço deve ser feito para que se supere o “triste espetáculo da divisão entre Seus filhos”, como refletimos na conclusão do Sermão.

O autor anônimo sabiamente nos exorta para que celebremos este dia como membros do único Corpo de Cristo. E para que não celebremos em vão, haveremos de ser realmente aquilo que celebramos.

Envolvidos pelo Amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos preenche com coragem e ousadia, sejamos arautos contumazes e intrépidos da “Alegria do Evangelho”, como nos exortou o Papa Francisco, e assim nos tornaremos  eternos aprendizes da mais bela linguagem universal: a linguagem do Espírito Santo, a linguagem de Deus, que consiste na linguagem do Amor.

Com o coração renovado, a cada dia, acolhamos o Vinho Novo do amor de Deus e, uma vez transbordante, seja derramado sobre quantos precisarem, porque sedentos de amor, vida, alegria e paz.

Maria, Mãe da Igreja, caminha conosco

                                                          

Maria, Mãe da Igreja, caminha conosco

“Maria, Mãe da Igreja, soube desatar os nós da vida
com a força suave do amor”

Transcrevo parte do Decreto de março de 2018, em que o Papa Francisco instituiu a Celebração da Memória obrigatória de Santa Maria, Mãe da Igreja, na segunda-feira depois da Solenidade de Pentecostes:

“De certa forma, este fato, já estava presente no modo próprio do sentir eclesial a partir das palavras premonitórias de Santo Agostinho e de São Leão Magno. De fato, o primeiro diz que Maria é a mãe dos membros de Cristo porque cooperou, com a sua caridade, ao renascimento dos fiéis na Igreja. O segundo, diz que o nascimento da Cabeça é, também, o nascimento do Corpo, o que indica que Maria é, ao mesmo tempo, mãe de Cristo, Filho de Deus, e mãe dos membros do Seu corpo místico, isto é, da Igreja. Estas considerações derivam da maternidade divina de Maria e da sua íntima união à obra do Redentor, que culminou na hora da Cruz”.

Maria é “cooperadora”, com a sua caridade no renascimento dos fiéis na Igreja, como nos diz o Bispo e Doutor Santo Agostinho; assim como é Mãe da Igreja, Corpo Místico de Cristo, que por sua vez é a Cabeça da Igreja, como nos falou o Papa São Leão Magno.

O Decreto nos apresenta Maria, que nos é dada como Mãe aos pés da Cruz pelo Seu Filho, e na figura do discípulo amado somos seus filhos, a ela recorrendo como Mãe e a tendo em nosso lado em todos os momentos e em todas as situações, favoráveis ou adversas:

"A Mãe, que estava junto à Cruz (cf. Jo 19, 25), aceitou o testamento do amor do seu Filho e acolheu todos os homens, personificado no discípulo amado, como filhos a regenerar a vida divina, tornando-se a amorosa Mãe da Igreja, que Cristo gerou na Cruz, dando o Espírito. Por sua vez, no discípulo amado, Cristo elegeu todos os discípulos como herdeiros do Seu amor para com a Mãe, confiando-a a eles para que estes a acolhessem com amor filial”.

Concluo com a Oração a Maria, em que o Papa Francisco nos convida a confiarmos em uma Mulher que teceu a humanidade de Deus no seio, e soube guardar e meditar tudo em seu coração (cf. Lc 2, 19), e pode nos ajudar a “desatar os nós da vida com a força suave do amor”.

Oremos:

Ó Maria, mulher e mãe, 
Vós tecestes no seio a Palavra divina, 
Vós narrastes com a vossa vida as magníficas obras de Deus.

Ouvi as nossas histórias, 
guardai-as no vosso coração 
e fazei vossas também as histórias 
que ninguém quer escutar. 

Ensinai-nos a reconhecer o fio bom que guia a história.
Olhai o cúmulo de nós em que se emaranhou a nossa vida, 
paralisando a nossa memória. 
Pelas vossas mãos delicadas, todos os nós podem ser desatados.

Mulher do Espírito, Mãe da confiança, 
inspirai-nos também a nós. 
Ajudai-nos a construir histórias de paz, histórias de futuro. 
E indicai-nos o caminho para as percorrermos juntos”. (1)


Ave Maria, cheia de graça...

(1) Oração extraída da mensagem para o 54º Dia Mundial das Comunicações Sociais

Maria, Mãe da Igreja, rogai por nós

Maria, Mãe da Igreja, rogai por nós

 “Todos perseveravam unanimemente na oração juntamente com as santas mulheres e Maria, a Mãe de Jesus...” (At 1,14)

Os Apóstolos estavam reunidos no Cenáculo, animados pelo mesmo amor, e ao centro encontrava-se a Mãe de Deus.

A Tradição da Igreja viu, nesta cena, a maternidade espiritual de Maria sobre toda a Igreja, sendo ela o “coração da Igreja nascente”, colaborando ativamente com a ação do Espírito Santo.

Maria é a “a obra prima de Deus”, como disse São José Maria Escrivá, preparada com imensos cuidados pelo Espírito Santo para ser tabernáculo vivo do Filho de Deus.

O Concílio Vaticano II assim nos apresenta Maria: “Redimida de um modo eminente e em previsão dos méritos do seu Filho, e unida a Ele por um vínculo estreito e indissolúvel, Maria é enriquecida com a sublime missão e a dignidade de ser a Mãe do Filho de Deus e, por isso, filha predileta do Pai e Sacrário do Espírito Santo, com o dom de uma graça tão extraordinária que supera de longe todas as criaturas celestes e terrenas”.

O Papa São Paulo VI nos diz em seu memorável discurso, no dia 25 de outubro de 1969:  Maria, que concebeu Cristo por obra do Espírito Santo, do amor do Deus vivo, preside ao nascimento da Igreja no dia de Pentecostes, quando o próprio Espírito Santo desce sobre os discípulos e vivifica na unidade e na caridade o Corpo místico dos cristãos”.

Mais tarde, o Papa São João Paulo II afirmou na Encíclica “Dominum et vivificantem” (parágrafo n.18): -  “A era da Igreja começou com a ‘vinda’, quer dizer, com a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos reunidos no Cenáculo de Jerusalém, junto com Maria, a Mãe do Senhor”.

Podemos afirmar que, no dia de Pentecostes, o Espírito Santo, que já habitava em Maria desde o mistério da sua Imaculada Conceição, veio fixar nela a Sua morada de uma maneira nova.

Todas as promessas que Jesus tinha feito acerca do Paráclito: Ele vos recordará todas estas coisas” (Jo 14,26); Ele vos conduzirá à verdade completa” (Jo 16,13), cumprem-se plenamente nela.

Nossa Senhora é a criatura mais amada por Deus e, com os Apóstolos, acolhe a manifestação do Espírito.

Realiza-se, portanto, o que o Bispo São Cirilo de Jerusalém (séc IV) escreveu em Sua Catequese sobre o Espírito Santo: “A Sua ação na alma é suave, a Sua experiência é agradável e aprazível, e o Seu jugo é levíssimo. A Sua vinda é precedida pelos raios brilhantes da sua luz e da Sua ciência. Vem com a verdade do genuíno protetor, pois vem salvar, curar, ensinar, aconselhar, fortalecer, consolar, iluminar, em primeiro lugar a mente daquele que o recebe e depois, pelas obras deste, a mente dos outros”.

Como vemos, Maria por sua abertura e colaboração ativa com o Espírito Santo, é nossa Mãe, Mãe da Igreja, e com ela, podemos contar sempre, para que vivamos um frutuoso discipulado, e sejamos uma Igreja cada vez mais fiel ao Seu Filho, a Cabeça da Igreja, e nós o Corpo.

À Maria, Mãe da Igreja, recorramos sempre pedindo a graça de ser conduzidos e assistidos pelo Espírito, como ela tão bem o fez: “Santa Maria, Mãe de Deus, da Igreja, nossa Mãe, rogai por nós!”


Fonte: www.hablarcomdios.org

Viver segundo o Espírito (Pentecostes)

Viver segundo o Espírito

“Vinde a mim todos
 vós que estais cansados...”

A vida segundo o Espírito: fardo leve, jugo suave... “Para quem ama é suave; pesado só para quem não ama”. 

Jesus quer que O sigamos, animados pelo Espírito que supera a Lei, pela relação amorosa, característica de quem cultiva a Sua Aliança com Pai.

“Qualquer outra carga te oprime e te incomoda, mas a carga de Cristo alivia-te do peso. Qualquer outra carga tem peso, mas a de Cristo tem asa.

Se a uma ave lhe tirares as suas asas, parece que a alivias do peso, mas, quanto mais lhes tirares, mais esta pesa; restitui-lhe o peso das suas asas e verás como voa.” (1)

A mansidão e a humildade de Jesus contemplamos em Seu coração. Falando ao Seu coração receberemos tudo o que quisermos (Frei Tiago de Milão, franciscano do século XVI).

Três tendas construamos: aos Seus pés, em Suas mãos e ao Seu lado. N’Ele podemos descansar dormir, comer, beber, ler e rezar...

Aqueles que se deixam tocar pelo Amor de Cristo constroem tendas permanentes ao Seu lado, para fazerem do mundo uma grande tenda.

Nela os pequeninos, os pobres, encontrarão seu lugar, terão vez e voz, dignidade reconhecida, para honra e glória de Deus, pois, a glória de Deus é a vida de todos...

Viver a vida segundo o Espírito...
Contemplar o coração manso e humilde de Nosso Senhor, pleno de bondade, ternura, amor e compreensão... Sempre pronto a nos acolher e nos renovar. A Ele apresentando nossos cansaços e fadigas, de cada dia, jamais sairemos de mãos vazias.

Com Ele nosso coração é rejuvenescido, nossos pés fortalecidos, nosso olhar, pelo colírio da fé, protegido. Jesus tem sempre a Palavra, porque Ele é a Palavra do Pai, revelada aos pequeninos. Escondida aos supostamente, sábios, mas privados de sabedoria.

Viver segundo o Espírito, é possível. Sempre com Ele e n’Ele.
Que Jesus esteja sempre em nosso coração! E, assim, encontraremos um lugar no Seu, pois o mesmo foi trespassado, dilatado, para que n’Ele coubéssemos e jamais viéssemos a nos sentir desamparados, cansados e desanimados...

Vinde a mim vós todos!
Respondamos prontamente a este convite.


(1) Sermão de Santo Agostinho 30,10 e 126,12.

Vinde, Espírito Santo! (Pentecostes)

                                            

Vinde, Espírito Santo!

Vinde, Espírito de Amor e de Paz!
Vinde, Espírito de Vida e de Luz!
Vinde, Espírito Santo Paráclito!

Dai-nos o dom da Sabedoria,
Para aprendermos e ensinarmos
O sabor da Vida de Deus na vida da humanidade.

Dai-nos o dom do Entendimento,
Para que tenhamos o conhecimento íntimo
De Jesus, n’Ele, d’Ele, e para Ele vivendo.

Dai-nos o dom do Conselho,
Para que saibamos discernir sem equívoco
A vontade amorosa de Deus em nossa vida.

Dai-nos o dom da Fortaleza,
Para darmos testemunho, todos os dias,
Com fidelidade e firmeza na opção por Jesus Cristo.

Dai-nos o dom da Ciência,
Para alcançarmos o conhecimento pleno
Da verdade de Deus, revelada por Jesus.

Dai-nos o dom da Piedade,
Para uma relação filial com Deus,
E fraterna entre nós, suas criaturas.

Dai-nos o dom do Temor,
Para uma relação mais sincera com Deus,
Tendo em nós os mesmos sentimentos de Jesus.

Contigo, temos grandeza de alma cristalina,
Generosidade de coração em todo viver,
Com o Deus Uno e Trino, plena comunhão. Amém.