terça-feira, 5 de novembro de 2024

Discernir entre o importante e o urgente

                                                     

Discernir entre o importante e o urgente

Sobre a passagem do Evangelho (Lc 14, 22), uma breve reflexão:

“Eis, portanto, quem é o homem sábio à luz da experiência cristã: aquele que não se deixa enredar pelas coisas, que consegue salvar em cada circunstância o primado de Deus e do Espírito, quem não arrisca o todo pela parte, o eterno pelo transitório, o importante por aquilo que é somente urgente... 

Nós sacrificamos continuamente, sem perceber, aquilo que é importante para correr atrás do que é simplesmente urgente, mas não importante. É o mesmo erro que cometeu aquele homem que foi experimentar os bois recém-comprados em vez de ir ao Banquete do Reino.”  (1) 

Reflitamos:

Viver é navegar com o discernimento necessário
Entre o que é importante e o que é urgente;
Com sábias escolhas para não naufragarmos
No mar vasto e complexo de múltiplas possibilidades.

Vivemos premidos pelo tempo que se esvai,
Muitas vezes sem que o percebamos, velozmente.
Consumidos pelo muito a fazer, porque inadiáveis
Algumas coisas urgentes, e outras nem tanto.

O que é de fato importante e o que é urgente?
O que não nos é permitido prorrogar?
O que de fato deve nos consumir
Com zelo, ardor e fervor, numa expressão de amor?

Não há tempo a perder, as horas são contadas.
Que densidade damos a cada hora que passa?
A cada hora que passa, que história foi escrita,
Para que não percamos a beleza de um desejável epílogo?

Viver é consagrar o que somos e o que temos,
Nem tanto pelo que é urgente, e sim importante
Para o consumar do que nos realiza como pessoas,
Sem estresse, desgastes inúteis, devorados por inquietações.

É tempo de revermos o caminho e escolhas feitas:
A Missa, a Oração, o silêncio serão para nós importantes
Ou, em nome de urgências incontáveis,
Imediatamente sacrificamos, adiamos, nos esvaziamos?

Não será o vazio, por muitos sentido,
Fruto desta escolha não bem feita,
O perder-se no emaranhado da escolha
Entre o importante e o urgente?

Não concluo lúcido, propositalmente,
Porque agora tenho algo importante para fazer:
Recolher-me no mais profundo de mim mesmo
E encontrar-me, no silêncio, com Ele.

Encontrando-me com Ele, saberei discernir, com sabedoria,
O que de fato é importante, não necessariamente urgente,
Que me faz mais humano, menos estéril da Divina Semente
Que abundantemente o Senhor lança em nossos corações.

Um pensamento de Santo Agostinho para concluir:

Minha alma está inquieta, sempre estará,
enquanto não encontrar seu repouso em Ti, ó Senhor”.


(1) O Verbo se faz carne – Reflexão sobre a Palavra de Deus – Anos A, B, C – Pe. Raniero Cantalamessa - OFM - Ed. Ave Maria - 2013 - p. 724.

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