segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Deus misericordioso não quer que ninguém se perca

 


Deus misericordioso não quer que ninguém se perca

“Prega a palavra, insiste a tempo

e fora de tempo” (cf. 2Tm 4,2) 

 

Sejamos enriquecidos pelo sermão sobre os pastores, escrito pelo bispo e doutor da Igreja, Santo Agostinho (Sec.  V).

“A desgarrada não reconduzistes e a que se perdia não fostes procurar (Ez 34,4).  Aqui às vezes caímos em mãos dos ladrões e nos dentes dos lobos vorazes. 

Rogamos, pois, que oreis por estes nossos perigos.  Também as ovelhas são rebeldes.  Quando procuramos as erradias, declaram não ser nossas, para seu erro e perdição: ‘Que quereis de nós?  Por que nos procurais?’ Como se não fosse o mesmo motivo que nos faz querê-las e procurá-las; porque se desviam e se perdem.  Se estou no erro, diz, se na morte, que queres de mim?  Por que me procuras?’ Justamente porque estás no erro, quero reconduzir-te; porque te perdeste quero encontrar-te.  Quero assim errar, quero assim me perder’.

Queres vaguear assim, queres perder-te assim?  Muito bem, mas eu não quero.  Ouso dizer isto mesmo: sou importuno.  Escuto o Apóstolo que diz: Prega a palavra, insiste a tempo e fora de tempo (2Tm 4,2). 

Com quem, a tempo?  Com quem, fora de tempo?  A tempo com os desejosos, fora de tempo com os que não querem ouvir.  Sou inteiramente importuno, ouso dizer: ‘Tu queres errar, tu queres perecer; eu não quero’.  E afinal, não o quer Aquele que me faz tremer. 

Se eu quiser o erro, vê o que me dirá, vê como me repreenderá: Ao desgarrado não reconduzistes, ao que se perdera não fostes procurar.  Temerei mais a ti do que a Ele?  Teremos todos de nos apresentar ao tribunal de Cristo (2Cor 5, 10).

Reconduzirei a desgarrada, procurarei a perdida.  Quer queiras quer não, assim farei.  E se, em minha busca, os espinhos dos bosques me rasgarem, eu me obrigarei a ir por todos os atalhos difíceis.

Baterei todos os cercados; enquanto me der forças o Senhor que me ameaça, percorrerei tudo sem descanso. 

Reconduzirei a desgarrada, procurarei a perdida.  Se não queres que eu sofra, não te desgarres, não te percas.  E pouco dizer que tenho pena de ti, desgarrada e perdida. Tenho medo de que, se te abandonar, venha a matar o que é forte. Escuta o que se segue. E ao que era forte, matastes (Ez 34,3).  Se eu abandonar a desgarrada e perdida, o que é forte terá gosto em desgarrar-se e perder-se.”

Na fidelidade ao Deus de misericórdia, devemos fazer todo o esforço para que nenhuma de Suas “ovelhas” se disperse, por isto é preciso insistir a tempo e fora do tempo.

De fato, Deus jamais desiste de nós, e é Sua divina vontade que todos sejam salvos. Cabe a nós darmos nossa resposta livre e decidida de amor, sem jamais afastar de Seu rebanho, e do cumprimento de Sua vontade, sobretudo o amor a Ele acima de tudo e de todos. Amém.

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