Coração fecundo e transformado

                                   

Coração fecundo e transformado

Tendo feito o encontro pessoal com Jesus, que marcou toda nossa vida, dando novo sentido e alargando o horizonte da existência, é sempre tempo de transbordarmos de júbilo por esta graça a nós concedida, não pelos nossos méritos.

Devemos nos orgulhar da filiação divina; da ação de Deus em nós, vindo ao nosso encontro e nos chamando pelo nome e nos fazendo discípulos missionários do Senhor Jesus Cristo, com a graça do Espírito Santo, que fez de nós Seu Templo.

Entretanto, urge que nos questionemos se a nossa vida é coerente com o que cremos, pois muitas vezes podemos viver uma religião de gestos exteriores, de cumprimento de normas rituais, de práticas religiosas, mas não vivendo o essencial, o duplo Mandamento do Amor a Deus e ao nosso próximo.

Pôr-se sempre no caminho de conversão para que o Evangelho, todos os dias lido, proclamado, não apenas entre em nossos ouvidos, mas toque o nosso coração, transformando a nossa vida, e assim façamos resplandecer a luz divina, com palavras e gestos que revelem em nós a ação do Espírito, com a riqueza de Seus dons.

Tenhamos a coragem de rever sempre os nossos pensamentos e sentimentos, a fim de que sejam os mesmos de Jesus Cristo: a misericórdia, a justiça, a fraternidade, a solidariedade. E, com as renúncias necessárias, carregar nossa cruz dia-a-dia para que frutuoso seja nosso discipulado.

Sejamos livres de toda impermeabilidade que impeça nossa mais atenta e vigilante acolhida e prática da Palavra de Jesus, para que saibamos chorar com os que choram, rir com os que riem, em solidariedade comprovada, e assim não apenas meros ouvintes mas praticantes da Palavra o sejamos, e autêntica e pura religião vivamos. Amém.

 

PS: Fonte inspiradora - Lc 7, 31-35
 

Sejamos elevados e enlevados pelo Amor Divino

                                                   

Sejamos elevados e enlevados pelo Amor Divino

“Aspirai aos dons mais elevados. Eu vou ainda
mostrar-vos um caminho incomparavelmente superior.”

O Hino do Amor do Apóstolo Paulo, apresentado em sua Carta aos Coríntios (1 Cor 12,31-13,13), refere-se ao ágape; “é o Amor que Deus, sem favoritismos, derrama sobre todos, mesmo sobre os Seus inimigos, e é o único amor que, tornado próprio dos cristãos pode construir uma humanidade sem barreiras.” (1)

As palavras do Apóstolo, se acolhidas e vividas no cotidiano, nos elevam ao degrau mais alto do existir, nos credenciam a contemplar face a face Aquele que buscamos, peregrinando em meio às sombras iluminados sempre pela luz divina, que não se extingue.

Além de nos elevar ao degrau mais alto, o Hino de Amor Paulino nos enleva num encantamento e extasiamento indescritíveis:

“O Apóstolo engloba, numa síntese insuperável, o amor de Deus e o do próximo, mas é, sobretudo, o do próximo que é celebrado em 1Cor 13,1.

Os dons das profecias, das línguas e da ciência valem muito para a edificação da Igreja neste mundo; pelo contrário, na vida futura não serão necessários para comunicar com Deus, porque haverá a visão direta.

A relação entre ser cristão no tempo e ser cristão na eternidade é vista na relação ‘imperfeito-perfeito’ (v. 10), ‘criança-adulto’ (v.11), ‘visão indireta-visão face a face’ (v.12a), ‘conhecimento parcial, conhecimento perfeito, exaustivo e completo’ (v. 12b)”. (2)

Reflitamos: 

- O que mais nos chama a atenção neste Hino do Amor apresentado pelo Apóstolo?

Sejamos enlevados e inflamados para permanecermos firmes no autêntico caminho do amor-ágape, um caminho superior a todos os outros possíveis, o caminho do amor-paixão, o caminho do amor-amizade: “Sentir-se chamado a esse amor significa possuir aquele carisma que permanece pela eternidade.” (3)

Inflamados pelo Amor divino, vivamos com ardor, coragem e alegria, a vocação profética, contando sempre com a ação e presença do Espírito.

  
(1) Missal Dominical - Editora Paulus - p.1105.
(2) Lecionário Comentado - Editora Paulus
(3) Missal Dominical - Editora Paulus - p.1105

“O Amor jamais passará”

                                                              

“O Amor jamais passará”

“Agora, portanto, permanecem estas três coisas:
a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor.”
(1Cor 13, 13)

Senhor Jesus, aprendemos, com o discípulo que amáveis,
Que não quereis que sejamos Vossos servos tão apenas,
Quereis muito mais: que sejamos Vossos amigos.
Quereis conosco uma relação de intimidade e comunhão.

Bem sabemos que o servo trabalha,
E vive em função de um justo salário,
Sem compromissos maiores com o seu senhor,
Além do vínculo do trabalho, de formais responsabilidades.

Sois nosso Amigo Maior, de todos os amigos que tenhamos.
Um Amigo que Se comprometeu com a humanidade,
Amando, e a vida entregando no trono da Cruz;
Amor total, pleno, irrenunciável e incondicional.

Queremos ser Vossos sinceros amigos,
Crendo nos valores pelos quais morrestes,
Na sedução necessária por Vossa Pessoa e Palavra,
Comprometidos pela Boa Nova do Vosso Reino.

Senhor, contando com a Vossa divina presença,
E com o Espírito Santo Paráclito de Deus,
No bom combate da fé, que nos impele,
Darmos, com amor, razões de nossa esperança.

Senhor, que amigos Vossos para sempre sejamos;
Comprometidos convosco, sem medos e recuos,
Colocando nossos dons a serviço da vida plena,
Empenhados na construção da civilização do amor.

Amor que não fala, Amor que apenas ama.
Amor ágape, Amor que cria laços indestrutíveis,
Quando selado e nutrido pelo Pão de imortalidade,
Recebido e celebrado em cada Mesa da Eucaristia.

Que vivamos o Vosso autêntico Amor,
Pelo Apóstolo eternamente cantado,
Na inesquecível Carta aos Coríntios:
O Amor que basta a si mesmo, 
Amor que jamais passará.

Impermeabilidade...

                                                    

Impermeabilidade...

Há impermeabilidades não desejáveis e outras que devem nos acompanhar em todos os instantes.

Não quero a impermeabilidade indesejável do que me faça feliz,
Sobretudo, do coração ao convite de Amor que Deus sempre me faz.

Não quero a impermeabilidade do ouvido à Sua Palavra Santa e Divina,
Que, adentrando no mais profundo de minha alma, maviosamente ilumina.

Não quero impermeabilidade a tudo que me faz mais humano e fraterno;
Ao que permita abrir-me constantemente e absorver o melhor que Deus possa me oferecer.

Não quero a impermeabilidade dos incrédulos que não renovam sua fé,
Tão pouco revigoram sua esperança em gestos humanos e divinos de caridade.

Quero a impermeabilidade da mente para o que for fútil;
de modo que não seja invadida pelo relativismo das verdades pouco duráveis.

Quero a impermeabilidade da mente para tudo que me fragilize;
Também para que a coerência das atitudes tristemente não se pulverize.

Quero a impermeabilidade do coração para a maldade que o circunda;
Também para não ser corrompido pelas paixões que me desviam da Fonte Plena de Amor, Jesus.

Quero a impermeabilidade do coração para tudo que for abominável;
Também para que aberto tão apenas seja ao que for por Deus desejável.

Quero a impermeabilidade da alma para que não seja maculada
Pelos tentáculos dos pecados capitais que a vida destroem e obscurecem.

Quero a impermeabilidade da alma para que não se torne vulnerável,
Para não sucumbirem no vale do desamor, alma, espírito e corpo.

Quero a impermeabilidade do ouvido às palavras que não edificam,
Com suas seduções e conteúdos vazios que me empobreceriam.

Quero a impermeabilidade do ouvido para os profetas derrotistas,
Que não me comunicam, nem me renovam a esperança na humanidade.

Quero a impermeabilidade do olhar para o bem material não ambicionar;
Para saber com o pouco e necessário me alegrar, que a felicidade não passe pelo ter.

Entre as impermeabilidades abomináveis e outras desejáveis,
Continuo minha existência sem a impermeabilidade ao que me faça crescer...

Caridade: semente de um novo amanhecer

                                                                    

                         Caridade: semente de um novo amanhecer

A Carta escrita aos Coríntios pelo Papa São Clemente I (séc. I) é oportuna para que reflitamos e fortaleçamos os vínculos da caridade a serem vividos na comunidade.

“Quem tem a caridade em Cristo, que cumpra os Mandamentos de Cristo! Quem poderá descrever o laço da caridade de Deus? Quem conseguirá discorrer sobre a perfeição de sua beleza? É indizível a profundeza a que nos leva a caridade, nossa união com Deus.

A caridade cobre uma multidão de pecados, a caridade tudo suporta, tudo tolera com paciência. Não há nada de sórdido nem de soberbo na caridade.

A caridade não tolera a divisão, não provoca revolta. A caridade tudo faz na concórdia. Na caridade todos os eleitos de Deus são perfeitos.

Sem a caridade nada é aceito por Deus. Na caridade Deus nos assumiu para si. Pela caridade que tem para conosco, nosso Senhor Jesus Cristo, obediente à vontade divina, por nós entregou o Seu Sangue, a Sua Carne, por nossa carne, a Sua alma, por nossa alma.

Bem vedes, caríssimos, como é grande e admirável a caridade e impossível descrever toda a sua perfeição. Quem merecerá ser encontrado nela, a não ser aqueles que Deus quiser tornar dignos?

Oremos, pois, e peçamos-lhe misericórdia, a fim de estarmos na caridade, sem culpa e sem qualquer interesse puramente humano.

Passaram todas as gerações desde Adão até a presente. Mas aqueles que, pela graça de Deus, atingiram a perfeição da caridade, alcançam um lugar sagrado e serão manifestados na vinda do Reino de Cristo.

Porque está escrito: ‘Entrai por um pouco de tempo em vossos aposentos, até que passe minha cólera e meu furor; e lembrar-me-ei dos dias bons e erguer-vos-ei de vossos sepulcros’.  

Caríssimos, se cumprirmos os Preceitos do Senhor na concórdia e na caridade somos muito felizes, porque por elas nossos pecados serão perdoados. Como está escrito: ‘Feliz aquele cuja iniquidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido. Feliz o homem a quem o Senhor não argui de falta, e em cujos lábios não há engano.’

 A proclamação desta felicidade atinge os que, por Jesus Cristo, nosso Senhor, são eleitos de Deus; a quem seja a glória pelos séculos sem fim. Amém.”

Esta Carta nos remete necessariamente à Carta de Paulo aos Coríntios (1 Cor 13) – “Ainda que eu falasse a língua dos anjos e dos homens sem amor eu nada seria”, o hino da caridade, como é conhecido.

Roguemos a Deus para que nos envie o Seu Espírito de Amor, para que, na fidelidade à Palavra do Seu Filho, fortaleçamos os vínculos da concórdia entre nós, bem como para conduzir e iluminar a humanidade na procura de caminhos de concórdia e de paz, em que atos de violência, terrorismos motivados por fundamentalismos não se multipliquem nos noticiários.

Que no fortalecimento destes vínculos, movidos pela caridade, também procuremos caminhos necessários para a superação da pecaminosa desigualdade social, que ainda persiste no mundo todo, e que a cultura de morte ceda à cultura da vida, da partilha, da solidariedade, como tem insistido o Papa Francisco.

Somente a caridade vivida é que nos permitirá vislumbrar um amanhecer diferente: a esperança não será jamais ilusão, quando nos deixarmos mover pela caridade, sobretudo para quem professa a fé no Senhor.

Ainda que não se professe a fé, vivemos de esperanças e utopias; novas realidades, novos sonhos, que tão somente possíveis serão, se a caridade não for olvidada e tão pouco banida dos espaços de convivência e decisões.

Mais uma vez lembramos as palavras do Apóstolo Paulo:  “Revesti-vos da caridade porque a caridade é o vínculo da perfeição” (Cl 3,14).

E, para que a caridade se inflame em nosso coração, ainda nos dirá: 
A caridade é a plenitude da Lei” (Rm 13,10).

Viver a caridade é como plantar as mais belas sementes, para que se floresçam as mais belas flores da alegria, com vida abundante, harmonia e paz para todos.

Nada mais a dizer, muito a amar!

(1) Liturgia das Horas – Vol. III – pág. 73-74 - Da Carta aos Coríntios, de São Clemente I, Papa (Séc. I).

Eternos aprendizes do amor divino

                                                    

Eternos aprendizes do amor divino

Reflexão sobre a passagem da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 12, 31-13,13), sobre a fundamental virtude do Amor divino que nos move e nos impulsiona; pois sem esta, jamais viveremos a vocação profética, pois não suportaríamos o peso da cruz a ser carregada quotidianamente.

Trata-se do “hino ao amor” que já inspirou poetas e Profetas. Há quem chame esta passagem de “o Cântico dos Cânticos da Nova Aliança”, em que Paulo retrata o amor como o dom maior e eterno a ser vivido por todo aquele que segue Jesus.

O caminho do amor é o caminho mais seguro, mais acessível a todos. É o caminho insubstituível que conduz à Salvação, e este amor tem uma superioridade incontestável sobre qualquer outro carisma.

Trata-se do amor-ágape, onde não há resquícios de egoísmo, mas é o amor gratuito, desinteressado, sincero, fraterno, que se preocupa com o outro, sofre pelo outro, que procura o bem do outro sem nada esperar em troca.

O Apóstolo enumera 15 características ou qualidades do verdadeiro amor, sendo sete apresentadas de forma positiva, e as outras de forma negativa.

A passagem pode ser dividida em três partes:

1 - O confronto entre a caridade e os carismas – (13,1-3).
2 - As características principais e operativas da caridade – 13,4-7.
3 - A perfeição da caridade e sua perenidade – 13,8-13.

Reflitamos:

- Qual é a qualidade do amor que vivemos na comunidade cristã?
- Vivemos o amor cristão, o amor-ágape, o amor generoso, desinteressado e por pura gratuidade?

Concluindo: O amor é o “motor” de nossa missão, o amor-ágape: Cristo que ama em nós. Somos vocacionados para o amor, para a profecia, sob a ação do Espírito Santo.

Se inflamados por este amor, continuaremos nosso caminho vivendo a vocação profética, sendo no mundo luz, da terra o sal, sem jamais perder o sabor.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Em poucas palavras...

 


Leiamos os sinais dos tempos

“Seremos capazes, como cristãos, de ler os sinais dos tempos sob a orientação do Magistério e de nos converter e renovar, a fim de que a Igreja seja sinal de salvação no meio dos homens e a Eucaristia, sinal do Reino em preparação no coração da Igreja? Quantas responsabilidades precisas tocam a cada um de nós!” (1)

 

(1)               Missal Cotidiano – Editora Paulus – Comentário da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 7,31-35) – pág. 1281

Lágrimas...

                                                        


Lágrimas...

As lágrimas nos olhos da viúva verteram,
Ao carregar o corpo morto do filho único,
Enterrava sua esperança, sua segurança,
Seu porto seguro, não mais consigo.

Restava tão apenas seguir o cortejo,
Depositar o corpo no local preparado
Para que se cumpra a Palavra:
“Do pó viestes, ao pó retornas”

Que mais podia ela esperar, agora tão solitária,
Sem o fruto nascido de suas entranhas?
Enterrar um pedaço de si mesma,
Pois assim se sente toda mãe ao fazer isto.

Agora ficariam as lembranças corrosivas da alma
O vazio da ausência, preenchido pela saudade,
Que tende a crescer a cada dia que passa,
Crescerá a saudade, porque expressão de amor.

Vendo as lágrimas nos olhos da viúva,
O coração do Senhor mais uma vez foi tocado,
Por ela compaixão sentindo, a vida ao filho devolvendo...
"Levanta-te, Eu te ordeno!"

As Palavras do Senhor se fizeram ouvir,
Manifestando Seu poder sobre a vida e a morte.
Nada pode impedir a ação do Deus de Amor,
Nem mesmo a dor, a enfermidade e a morte.

É próprio do Amor de Deus, glorifico:
Romper a barreira do aparentemente impossível,
Para nos devolver a vida, a serenidade,
A esperança, os sonhos, as alegres conquistas.

Lágrimas...

Dos olhos de outra mulher, lágrimas foram vertidas,
E, com elas, os pés do próprio Senhor banhou,
Com seus cabelos, rompendo preconceitos,
Os secou, com perfume ungiu, de beijo cobriu.

É a pecadora publicamente conhecida,
Que carregava o peso de uma vida vazia e sem sentido,
Vida agora renovada, pelo Amor Encarnado, perdoada,
Pela fé que tinha, salva, em paz, novos caminhos.

Jesus não seca suas lágrimas, mas permite que caiam,
Que elas vertam, porque são suave expressão de amor,
De acolhida, sede de perdão, e ainda mais, compreensão,
Para um reencontro consigo mesma, para feliz ser.

Ela acreditou que tão somente Jesus
Com jeito novo a amaria, sem dúvida alguma,
Que suas lágrimas em vão não cairiam,
Sabe que é bem pouco o que oferece, pelo muito recebido.

Prostra-se aos pés do Senhor, que ama e perdoa,
Uma lição para a humanidade deixaria.
Alegria encontramos quando o mesmo fazemos,
Descendo de nossa arrogância e hipocrisia.

Jesus não seca as suas lágrimas, ao contrário,
Permite que elas copiosamente se multipliquem,
Pois somente quando nossos pecados choramos,
Com penitência e propósitos acompanhados, renascemos.

Lágrimas...

As lágrimas da viúva e as lágrimas da pecadora
Encontram do Senhor resposta diferente:
A uma Ele ama e a alegria e a vida do filho devolve,
A outra ama e a alegria da vida nova comunica.

Vertamos nossas lágrimas diante do Senhor,
Também com sede de vida, alegria e esperança,
Imensurável sede de perdão, compreensão,
Acolhida, confiança e o Amor do Senhor encontramos.

Lágrimas...

PS: Poema inspirado nas passagens do Evangelho de São Lucas  (Lc 7, 11-17 e 7,36-50). 

Indefinibilidade do amor...

                          

Indefinibilidade do amor... 

Assim conclui a reflexão do Missal Cotidiano, quando se proclama o trecho da Carta de São Paulo aos Romanos (Rm 13,8-10):

“O amor não se define, vive-se. Importa amar para ver claro. E se quisermos que algum outro veja claro, a única estratégia eficiente é amá-lo sem condições, como a nós mesmos. Deus é Aquele que ama primeiro: ama-nos antes de nós mesmos...”

Lembramos as Palavras do Apóstolo aos Romanos: ”A caridade é a plenitude da lei” (Rm 13,10).

Também somos enriquecidos pelo seu memorável texto sobre o amor, que encontramos na Primeira Carta aos Coríntios 13.

Um texto indiscutivelmente inspirador de tantos outros, para cristãos ou não.

Remete-nos a Luiz Vaz de Camões (1524-1580), grande poeta da língua portuguesa e sua ímpar poesia:

               “Amor é fogo que arde sem se ver;          
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”


Lembramos “Monte Castelo”, do grupo Legião Urbana, que fez uma releitura musical dos textos acima!

Bíblia, poesia e música: que nossa alma se eleve para amar, sem procura de definições conceituais.

Amar na bela e plena medida como Cristo amou e nos ama...
Amor não se define, vive-se!

Contemplemos o amor que se concretiza
Em múltiplas expressões e relações.

Contemplemos o amor que se eterniza
Em versos, sonetos e belas canções.

Contemplemos o amor que nos eterniza,
Porque condição e meta do existir.

Contemplemos o amor, que nos nutre
E fortalece para tudo que há de vir!

Ah! indefinibilidade do amor!
Ah! inesgotabilidade do amor!

Sobretudo o amor de Nosso Senhor!
que possui o mais belo esplendor! Amém.

Em poucas palavras...

 


Amar como Jesus, empenhar-se na comunhão

“Em particular, a comunhão nos leva a conciliar duas necessidades: o acolhimento a todos, inclusive aos que nos parecem menos motivados; a exigência de aproximar os mais empenhados nos caminhos do Senhor e no esforço social. Só vivendo o amor de Cristo ressuscitado, poderemos viver em comunhão.”  (1)

 

 

(1) Missal Cotidiano – Comentário da passagem (1 Cor 12,12-14.27.31a) – pág. 1275

A serviço da vida plena e feliz

                                                       

A serviço da vida plena e feliz

Com a Liturgia da terça-feira da 24ª Semana do Tempo Comum, reflitamos sobre a vitalidade e importância da vocação profética.

A passagem do Evangelho (Lc 7,11-17) nos apresenta a morte do filho de uma viúva e a ação solidária e misericordiosa de Deus para com elas, pois a morte deles sem a intervenção divina seria a perda da esperança e derrota definitiva. Duas histórias parecidas falando da vida resgatada por Deus.

Deus jamais abandona o Seu Povo ao poder da morte, mas sempre o visita e envia Profetas para ser sinal de Sua presença. Ele mesmo veio ao encontro da humanidade, através de Seu Filho Amado.

Jesus é o grande Profeta que visita Seu povo em total oblação, na oferenda de Sua vida. A ação de Jesus nos revela que a vida triunfa sobre a morte. Ele nos oferece a plenitude da alegria: ação marcada pela piedade, compaixão e ação efetiva que transforma a morte em vida, a dor em alegria, a treva em luz.

A ação de Jesus nos faz pensar em dois diferentes cortejos: da morte ou da vida.

- Qual deles seguimos?
- Que caminho fazemos?

- Com quem somamos?
- Temos convicção de que não podemos entrar na fila dos que promovem o cortejo da morte, dos sem esperança, que se submergem em suas lágrimas de luto, dor e desespero?

- Temos convicção de que precisamos firmar nossos passos para solidificar nossa fé, renovar nossa esperança e fazer crescer a caridade?
- Colocamo-nos, de fato, no caminho da esperança, da transformação do choro da morte em alegria da vida, ou seja, a fé na Ressurreição?

A Liturgia nos convida também a refletir sobre a nossa esperança: tem as derrotas e as desgraças ofuscando e minando nossa esperança.

- Quais são as esperanças que nos movem?
- Como vivemos esta virtude teologal?

O Evangelho é sempre uma Boa Nova que possui força vital e criadora, pois é o próprio Deus quem nos fala, e a sua acolhida nos coloca numa dinâmica profética, num caminho de conversão, gratuidade, missão acompanhada do anúncio e testemunho com a própria vida.

Concluo com as Palavras da Oração Eucarística VI D (para as diversas circunstâncias):

Pai misericordioso e Deus fiel. Vós nos destes Vosso Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor e Redentor. Ele sempre Se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, pelos doentes e pecadores, colocando-Se ao lado dos perseguidos e marginalizados.

Com a vida e a Palavra anunciou que sois Pai e cuida de todos como filhos e filhas...

Dai-nos olhos para ver as necessidades e os sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs; inspirai-nos palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos; fazei que, a exemplo de Cristo, e seguindo o Seu Mandamento, nos empenhemos lealmente no serviço a eles”.

De fato, a Igreja será testemunha viva da verdade e da liberdade, da justiça e da paz, e toda a humanidade se abrirá à esperança de um mundo novo, por isto, renovemos a alegria de participarmos do cortejo da vida, em maior fidelidade ao Senhor e à Sua Igreja, na acolhida, anúncio e testemunho da boa nova, reavivando a chama profética que um dia foi acesa em nosso Batismo.