terça-feira, 6 de agosto de 2024

Transfiguração do Senhor: o caminho da glória eterna passa pela Cruz

                                                         

 Transfiguração do Senhor:
o caminho da glória eterna passa pela Cruz

Ao celebrar, no dia 6 de agosto, a Transfiguração do Senhor, somos convidados à escuta atenta à voz de Deus e obediência total e radical ao Seu Plano, que Jesus realizou plenamente, por isto Ele é o Filho Amado que deve ser escutado no Monte Tabor e, com a força do Espírito, a Sua Palavra devemos realizar na planície do cotidiano, na história concreta, com suas alegrias e tristezas, angústias e esperanças...

Contemplamos a Transfiguração do Senhor, como a manifestação da antecipação de Sua glória, mas que é precedida pelo caminho da doação da vida, do Mistério de Sua Paixão, Morte e Ressurreição. O caminho da glória eterna passa, inevitavelmente, pela Cruz.

A experiência vivida no Monte Tabor é a antecipação da glória eterna, para que, quando da experiência da morte de Cruz de Jesus, os discípulos não desanimem, e continuem firmes na fé, no testemunho.

Interrogamos: “Vale a pena seguir um Mestre que nada mais tem para oferecer do que a morte na Cruz?”.

A Transfiguração é a resposta: o aparente fracasso da Cruz é a nossa vitória. Deus Ressuscitou Seu Filho e não permitiu que a morte tivesse a última palavra.

Lembremo-nos das palavras do Apóstolo Paulo aos Gálatas – “Quanto a mim, que eu não me glorie, a não ser na Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo.” (Gl 6,14).

A Transfiguração é, portanto, uma teofania, ou seja, uma manifestação de Deus. Os sinais, os dados são relatos teofânicos do Antigo Testamento: monte, voz do céu, aparições, vestes brilhantes, nuvem, o medo e a perturbação dos três discípulos (João, Pedro e Tiago).

Jesus é o novo Moisés, e com Ele uma nova libertação. Com Ele Deus sela uma nova e eterna Aliança.

Moisés recebeu a Palavra, a Lei no Monte Horeb, Jesus é a própria Palavra do Pai a ser ouvida e acolhida.

A Transfiguração é uma mensagem catequética inesquecível na vida dos discípulos: Jesus é o Filho Amado de Deus, que realiza com Sua vida, doação, paixão e morte de Cruz, o Projeto de salvação divina. Ele apresenta um Projeto a quantos queiram ouvi-Lo e segui-Lo.

O caminho que Ele fará e fez é também o caminho daqueles que o seguirem. O aparente e provisório fracasso será uma eterna e verdadeira vitória.

A Transfiguração é uma mensagem de confiança e esperança – a Cruz não será a palavra final, pois no fim do caminho de Jesus, e na vida dos discípulos que O seguirem, está a Ressurreição, a vida plena, a vitória sobre a morte.

Pela Transfiguração do Senhor, testemunha-se que uma existência feita como dom não é fracassada, ainda que culmine na Cruz. A vida plena e definitiva se vislumbra no horizonte, bem no final do caminho, para todos aqueles que, como Jesus, colocarem sua vida a serviço dos irmãos.

Na planície por vezes também podemos ser tentados pelo desânimo, e é nesta hora que a Transfiguração do Senhor não permite que nos entreguemos, recuemos.

Avancemos para águas mais profundas, fortalecidos pela experiência vivida pelos apóstolos, como um grito ecoado no alto do Monte Tabor: “Não desanimem, pois Deus não permite que nossa vida seja uma marca de fracasso. Creiamos na Ressurreição, busquemos a vida definitiva, a felicidade sem fim, com coragem, carregando a cruz em total fidelidade ao Senhor.”.

Escutar Sua Palavra no Monte Sagrado não basta, é preciso vivê-la na planície, no autêntico testemunho da fé. Viver a religião não como evasão, fuga, distanciamento de compromissos concretos de amor e solidariedade.

Sendo assim, a religião jamais será um ópio a nos entorpecer, mas um sagrado compromisso com Deus, e, portanto, com Sua imagem e semelhança, com a humanidade, obra de Suas mãos, e com o mundo que nos entregou para cuidar, desde as primeiras páginas da História da Salvação:

“A vida é combate. O primeiro ato do ser humano no seu nascimento é um grito. Ele deverá lutar para viver. Muitos doentes sabem que devem lutar contra o mal, o sofrimento, o desencorajamento, a lassidão.

Desistir de lutar é sintoma de uma doença que se chama depressão. Podemos lutar para nos curarmos fisicamente. Podemos lutar para nos mantermos de pé na provação. A vida espiritual também é um combate.

O Senhor é Alguém que Se deixa procurar. Segui-Lo supõe, por vezes, escolhas radicais.

Nesta semana, aceitemos conduzir um combate. Não para ser os melhores, nem para esmagar os outros, mas para viver e fazer viver.

A vitória neste combate é-nos anunciada neste domingo, em que nos juntamos ao Senhor Transfigurado. Mas Ele diz-nos que, antes de Ressuscitar, deve passar pelo combate da Paixão. A Ressurreição é a vitória do combate pela vida” (1)

A Eucaristia é, portanto, o momento em que sentimos fortemente a presença de Deus, e refazemos nossas forças, porque no Banquete Eucarístico nossa fé é nutrida, nossa esperança é dilatada e nossa caridade é fortalecida.


(1) Citação extraída do site:


Fontes: cf. Dn 7,9-10.13-14; Mt 17,1–9, Mc 9,2–8; Lc 9,28–36; 2 Pd 1,16-19

 


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