domingo, 28 de julho de 2024

“Alegria transbordante em toda a tribulação” (XVIIDTCB)

                                                         

“Alegria transbordante em toda a tribulação”

“É próprio de quem ama queixar-se de não ser amado e,
ao mesmo tempo, temer que, excedendo-se
na acusação, venha a magoar”

Sejamos enriquecidos pela Homilia sobre a Segunda Carta aos Coríntios, do Bispo São João Crisóstomo (Séc. IV), que nos fala do transbordamento da alegria em toda a tribulação, na fidelidade a Jesus Cristo.

“Paulo de novo fala sobre a caridade, refreando a dureza da advertência. Depois de tê-los censurado e repreendido porque, amados, não haviam correspondido ao seu amor, mas haviam-se separado de seu afeto para se ligar a homens perniciosos, de novo suaviza a acerba repreensão, dizendo:

Acolhei-nos em vossos corações, como quem diz: ‘Amai-nos’. Não é pesada a graça que pede, e é de maior vantagem para quem dá, do que para quem recebe. Não disse ‘Amai’, mas algo que transpira compaixão: ‘Acolhei-nos em vossos corações’.

Quem foi que nos arrancou de vossos corações? Quem nos expulsou? Qual a causa de tanta estreiteza em vós? Acima dissera: Tendes vossos corações apertados; aqui declara abertamente o mesmo: Acolhei-nos em vossos corações. Assim, com isso os atrai de novo a si. Não é de somenos importância, quando se solicita o amor, que o amado entenda ser sua afeição de grande valia para quem ama.

Já o disse: Estais em nossos corações para a vida e para a morte. A força máxima do amor está em que, mesmo desprezado, quer morrer e viver juntamente com eles. Ora, não de qualquer modo estais em nossos corações, mas como declarei. Pode acontecer que alguém ame, mas fuja dos perigos. Conosco não é assim.

Estou repleto de consolação. Que consolação? Aquela que me vem de vós. Convertidos a melhores sentimentos, por vossas obras me consolais. É próprio de quem ama, queixar-se de não ser amado e, ao mesmo tempo, temer que, excedendo-se na acusação, venha a magoar. Por isto acrescenta: Estou repleto de consolação, transborda minha alegria. Como se dissesse: ‘Senti grande tristeza por vós; contudo me enchestes de satisfação e me consolastes; não só tirastes a causa da tristeza, mas me cobristes com muito maior alegria’.

Em seguida manifesta sua grandeza não apenas ao dizer: Minha alegria transborda; como também no que segue: Em toda tribulação nossa. Foi tão grande o prazer que me causastes que não poderia ser obscurecido pela grande aflição. Tão imenso que reduziu a nada todos os sofrimentos que nos acometeram e não nos permitiu que fôssemos abatidos pelo desgosto”.

A vida é tecida de acontecimentos que se entrelaçam e que nem sempre tão bons e agradáveis e facilmente contornáveis.

Da mesma forma, na fidelidade e no testemunho da fé, podemos passar por momentos difíceis, momentos em que sentimos como que se pode dizer “secura da alma”, “noite escura”, com suas provações e inquietações.

Nestes momentos, porém, é que temos que manter firme nossa fé, crendo contra toda falta de esperança, confiando plenamente no poder e na Palavra divina, com a força do Espírito Santo, que vem nos assistir, socorrendo nossa fraqueza, dando-nos firmeza em novos passos que precisam ser dados.

Deus que tanto nos ama, espera esta resposta de amor, em total confiança e entrega a Ele, em Suas mãos, como tão bem expressou o Bispo: “É próprio de quem ama, queixar-se de não ser amado”.

Aprendamos com o Apóstolo que, mesmo incompreendido pela comunidade, jamais deixou de amá-la e exortá-la para que crescesse na fidelidade ao Senhor, na máxima expressão da caridade ativa e frutuosa, pois sabia a quem servia e de quem a Palavra anunciava e testemunhava, com todo ardor e coragem.

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