quarta-feira, 25 de setembro de 2024

A Sabedoria de Deus

                                                      

A Sabedoria de Deus

À luz do Comentário sobre o Livro dos Provérbios, escrito pelo Bispo Procópio de Gaza (séc. VI), reflitamos sobre a Sabedoria de Deus, que misturou o vinho e pôs a Mesa para nós.

“A Sabedoria construiu para si uma casa. O poder por si subsistente de nosso Deus e Pai preparou para Si próprio uma casa: o Universo onde Ele habita por Sua virtude. No Universo colocou também o homem que Ele criou à Sua imagem e semelhança, composto de natureza visível e invisível.

Ergueu, então, sete colunas. O Espírito Santo deu os seus sete dons ao homem depois de criado e conformado a Cristo, para que cresse em Cristo e observasse Seus Mandamentos.

Por estes dons, o homem espiritual chega à perfeição e se fortalece, pelo enraizamento na fé, na participação da vida sobrenatural. Sua fortaleza é dinamizada pela ciência, enquanto que sua ciência se manifesta pela fortaleza.

Assim, a natural nobreza do espírito humano é elevada pelo dom da fortaleza, e predisposta a procurar com fervor e a desejar inteiramente as vontades divinas, pelas quais tudo foi criado.

Pelo dom do conselho, torna-se capaz de distinguir, entre o que é falso e as santíssimas vontades de Deus, incriadas e imortais. Deste modo tornamo-nos capazes de meditá-las, ensinar e cumprir.

Pelo dom da prudência, enfim, somos levados a aprovar e aceitar estas mesmas vontades e não outras. Estas três virtudes exaltam o natural esplendor do Espírito.

Misturou em Sua taça o Vinho e preparou a Mesa. Neste homem, em quem, como em uma taça, mesclam-se a natureza espiritual e a corpórea, Deus uniu à ciência das coisas o conhecimento d’Ele próprio como o criador de tudo.

Este dom da inteligência, tal qual o vinho, faz o homem embriagar-se de tudo quanto se refere a Deus. Sendo assim, graças a Ele, que é o Pão Celeste, nutrindo as almas pela virtude e inebriando e deleitando pela doutrina, a Sabedoria dispõe tudo como as iguarias do Celeste Banquete para os que dele desejam participar.

Enviou os Seus servos, chamando-os em alta voz à Sua Mesa, dizendo. Enviou os Apóstolos, a serviço de Sua divina vontade na proclamação do Evangelho, que provindo do Espírito está acima de toda a lei, quer escrita, quer natural, a fim de chamar todos a Si.

N’Ele próprio, como numa taça, mediante o Mistério da Encarnação, fez-se a mistura admirável das naturezas divina e humana, de maneira pessoal, isto é hipostática, sem confusão. Enfim, pelos apóstolos ele proclama: Quem é insensato, venha a mim. Quem é insensato, porque julga em seu coração que Deus não existe, abandone a impiedade, venha a mim pela fé, e saiba que sou Eu o criador de tudo e Senhor.

Aos carentes de sabedoria Ele diz: Vinde, comei comigo o meu pão e bebei o vinho que misturei para vós. Tanto àqueles que não têm obras da fé quanto aos mais perfeitos em Sua doutrina Ele chama:

‘Vinde, comei o meu corpo que à semelhança do pão dos fortes vos nutre; e bebei o meu sangue, que como vinho de doutrina celeste vos deleita e conduz à deificação; pois de modo admirável misturei o sangue à divindade para vossa salvação’".

Partícipes da Mesa do Senhor, nutridos pela Eucaristia, Corpo e Sangue do Senhor, é necessário que nos abramos à ação do Espírito, que recebemos ao comungar.

Alimentados pelo Pão da Eucaristia e inebriados pelo Vinho Sagrado, enriquecidos pelos dons do Espírito, somos enviados ao mundo para fazer resplandecer a Divina Luz, dando gosto de Deus a todas as coisas que fizermos, bem como diluir como fermento na massa, para que façamos crescer o melhor de Deus onde quer que estejamos.

Supliquemos sempre a presença do Espírito Santo, para dirigir nossos passos, iluminar nossos pensamentos, orientar nossas ações, como discípulos missionários do Senhor:

“Vinde, Espírito Santo, enchei o coração dos Vossos fiéis...”


Fonte: Liturgia das Horas – quarta-feira da 7ª Semana do Tempo Comum

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