São João Bosco: um exemplo de educador
No dia 31 de janeiro, celebramos a Memória do Presbítero São João Bosco (séc. XIX), e a Liturgia das Horas nos apresenta um trecho de uma de suas Cartas.
Uma Carta sugestiva para ser refletida e discutida, sobretudo por aqueles que têm a difícil arte e graça de educar, sobretudo hoje, com tantos desafios.
“Antes de mais nada, se queremos ser amigos do verdadeiro bem de nossos alunos e levá-los ao cumprimento de seus deveres, é indispensável jamais vos esquecerdes de que representais os pais desta querida juventude. Ela foi sempre o terno objeto dos meus trabalhos, dos meus estudos e do meu ministério sacerdotal; não apenas meu, mas da cara congregação salesiana.
Quantas vezes, meus filhinhos, no decurso de toda a minha vida, tive de me convencer desta grande verdade! É mais fácil encolerizar-se do que ter paciência, ameaçar uma criança do que persuadi-la. Direi mesmo que é mais cômodo, para nossa impaciência e nossa soberba, castigar os que resistem do que corrigi-los, suportando-os com firmeza e suavidade.
Tomai cuidado para que ninguém vos julgue dominados por um ímpeto de violenta indignação. É muito difícil, quando se castiga, conservar aquela calma tão necessária para afastar qualquer dúvida de que agimos para demonstrar a nossa autoridade ou descarregar o próprio mau humor.
Consideremos como nossos filhos aqueles sobre os quais exercemos certo poder. Ponhamo-nos a seu serviço, assim como Jesus, que veio para obedecer e não para dar ordens; envergonhemo-nos de tudo o que nos possa dar aparência de dominadores; e se algum domínio exercemos sobre eles, é para melhor servirmos.
Assim procedia Jesus com seus apóstolos; tolerava-os na sua ignorância e rudeza, e até mesmo na sua pouca fidelidade. A afeição e a familiaridade com que tratava os pecadores eram tais que em alguns causava espanto, em outros, escândalo, mas em muitos infundia a esperança de receber o perdão de Deus. Por isso nos ordenou que aprendêssemos d’Ele a ser mansos e humildes de coração.
Uma vez que são nossos filhos, afastemos toda cólera quando devemos corrigir-lhes as faltas ou, pelo menos, a moderemos de tal modo que pareça totalmente dominada.
Nada de agitação de ânimo, nada de desprezo no olhar, nada de injúrias nos lábios; então sereis verdadeiros pais e conseguireis uma verdadeira correção.
Em determinados momentos muito graves, vale mais uma recomendação a Deus, um ato de humildade perante ele, do que uma tempestade de palavras que só fazem mal a quem as ouve e não têm proveito algum para quem as merece”.
Vejamos algumas indicações oportunas e necessárias na educação daqueles que nos são confiados, apresentadas e vivenciadas por Dom Bosco:
- Ele vivia uma paternidade em relação aos alunos com vistas ao bem destes (não como sinônimo de paternalismo);
- A correção e o castigo não sejam o “descarregar o próprio mau humor”;
- O exercício do poder e de domínio sobre aqueles que se educam seja de serviço, como assim o fez Jesus;
- A afeição e a familiaridade com aqueles que se educa, assim como Jesus tratava os pecadores, comunicando-lhes o perdão;
- As faltas devem ser corrigidas sem cólera, ou com moderação: verdadeiros pais e a verdadeira correção;
- A recomendação a Deus, em determinados momentos muitos graves, e não “uma tempestade de palavras que só fazem mal” – silêncio e oração confiante a Deus.
Tenhamos São João Bosco como modelo de educador, em nosso trabalho evangelizador, para que cuidemos, com ternura e proximidade, daqueles que de nós muito esperam.
Oremos:
Ó Deus, que suscitastes São João Bosco para educador e pai dos adolescentes, fazei que, inflamados da mesma caridade, procuremos a salvação de nossos irmãos, colocando-nos inteiramente ao Vosso serviço. Por N.S.J.C. Amém!
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