quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Nunca é tarde para amar o Amado: Jesus

                                                                   

Nunca é tarde para amar o Amado: Jesus

Há procuras que nos
possibilitam verdadeiros encontros...

A mais bela e contagiante procura que podemos fazer é a procura por Deus; procurá-Lo, incansavelmente e ininterruptamente, pois por Ele já fomos encontrados e resgatados. 

Quando o Verbo Se encarnou revelou-se a Face e a presença amorosa do Pai, alcançou-nos a reconciliação e presenteou-nos com o dom maior: o Espírito.

Do Seu Coração pleno de Amor Água e Sangue jorraram, para que assim, n'Ele pudéssemos nascer (Vida Nova do Batismo), n'Ele pudéssemos viver (Corpo e Sangue, Mistério da Eucaristia): remédio para imortalidade porque nos assegura a vida eterna; antídoto para que o pecado não nos domine, nem nos fragilize, roubando-nos a saúde, a vitalidade do Espírito.

A procura de Deus não se dá além de nós mesmos; além de nossa interioridade. Ela se dá na mais profunda intimidade de nosso ser, onde Ele quis fazer-Se o mais belo Hóspede. 

Paradoxalmente, Seu encontro se dá na fragilidade da morada e no esplendor divino d'Aquele que em nós habita.

A procura e o encontro de Deus se dão no exato momento que descobrimos os traços mais marcantes de Seu Ser: “Hesed” - misericórdia, carinho, amor, ternura, bondade...

Seu encontro leva-nos a fazer da nossa vida entrega incondicional, obediência radical e confiança ilimitada, na Paixão Pelo Reino. Nossa existência adquire matizes diferenciados, ganhando consistência e profundidade.

O amor vivido alcança-nos a eternidade, para que o mesmo não seja como a nuvem da manhã que passa ou como o orvalho que ao amanhecer logo se evapora nos primeiros raios do sol. 

O Amor encontrado faz romper a aurora, afastando a escuridão da noite. As trevas cedem lugar à luz. A noite cede lugar ao dia: Mistério daqueles que contemplam a Verdadeira Luz!

Saboreemos esta Confissão do grande Bispo Santo Agostinho (séc. V) e ainda que tarde, mas não tão tarde, entremos na mais perfeita relação com Deus: relação de Amor que nos alcança a felicidade plena:

“Tarde te amei...”.
“Onde Te encontrei Senhor, para Te conhecer? Não estavas certamente em minha memória antes que eu Te conhecesse...

Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Estavas dentro e eu fora te procurava. Precipitava-me eu disforme, sobre as coisas formosas que fizeste. Estavas comigo, Contigo eu não estava. As criaturas retinham-me longe de Ti, aquelas que não existiriam se não estivessem em Ti.

Chamaste e gritaste e rompeste a minha surdez. Cintilaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume, aspirei-o e anseio por Ti. Provei, tenho fome e tenho sede. Tocaste-me e abrasei-me no desejo de Tua paz...

Quando me uno a Ti com todo o meu ser, não há em mim dor nem fadiga. Viva será minha vida, toda repleta de Ti. Agora ergues o que de Ti está repleto. Como ainda não estou pleno de Ti, sou um peso para mim.

Lutam minhas lamentáveis alegrias com as tristezas deleitáveis. De que lado estará à vitória, não sei. Ai de mim, Senhor! Tende piedade de mim. Lutam minhas tristezas com as boas alegrias e não sei quem vencerá. Ai de mim, Senhor! Tende piedade de mim! Ai de mim! Bem vês, que não escondo minhas chagas. És o médico; eu o doente. És misericordioso; eu o miserável... Em Tua imensa misericórdia ponho toda minha esperança”.

Reflitamos:

- Quais os sentimentos que esta bela confissão me desperta?
- Quando se deu a minha procura por Deus dentro de mim mesmo?

- Como sinto e aprofundo a relação de proximidade de Deus para comigo?
- O que posso fazer para aprofundar esta relação de amor com o Mistério Divino que em mim fez morada?

- Há pessoas, que a exemplo de Santo Agostinho, depois de inquietante procura, a Deus encontra, ainda que tarde.

Outras, bem cedo O encontraram! Cada um tem sua história, cada um tem seu encontro… Cedo ou tarde, seja-nos permitido repetir as palavras de Santo Agostinho que, incansavelmente, lemos e relemos. Ele captou e expressa o mais profundo de nós diante do Mistério do Amor Divino:

“... Tarde Te amei, Ó beleza tão antiga e tão nova, tarde Te amei!
Estavas dentro e eu fora Te procurava. Precipitava-me eu disforme,
sobre as coisas formosas que fizeste. Estavas comigo, Contigo eu
não estava. As criaturas retinham-me longe de Ti, aquelas que
não existiriam se não estivessem em Ti”.

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