quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Não nos afastemos da Misericórdia Divina

 


Não nos afastemos da misericórdia divina
 
“Irmãos, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova.
O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo.” (2Cor 5, 17)
 
Reflitamos sobre o ser de Deus, que é misericórdia, bondade e Amor: um Amor paciente, eterno, gratuito, inquebrantável, reintegrador.
 
Assim é o amor divino que revela a lógica da misericórdia, que é superior à lógica da justiça, como vemos à luz da passagem da segunda Carta de Paulo aos Coríntios (2 Cor 5,17-21), e do Evangelho de Lucas (Lc 15,1-32).
 
Deus tem para com a humanidade um olhar de amor, incansável e irrenunciável, não obstante a nossa pobreza, desobediência, incoerência e infidelidade.
 
Um olhar que confere dignidade, pertença, alegria e festa: “estávamos perdidos e fomos encontrados, estávamos mortos e voltamos a viver”.
 
Como discípulos missionários do Senhor, não basta ser justo, fazer tudo bem, é preciso reconciliar, reintegrar os que se perderam, eis aqui o grande desafio: não se contentar com os santos, mas santificar os não santos.
 
Não se afastar da corrente do amor de Deus, de Sua misericórdia, que é a verdadeira fonte revelada por Jesus, que não veio para condenar o mundo, mas para salvá-lo (Jo 12,47).
 
Portanto, devemos ser uma Igreja que não se constitui na comunidade dos que não erram, dos que não caem. 
A Igreja é a comunidade dos pecadores que querem voltar ao Pai, dos que ajudam a retomar o caminho, não julgando e nem condenando, nem se tornando obstáculo para quem deseja a reconciliação, a graça de se tornar uma nova criatura.
 
Por isto, a Assembleia Eucarística é essencialmente o lugar da vivência e acolhida do perdão do Pai, que está sempre de braços abertos para nos acolher e nos envolver com laços de ternura; sempre pronto a Se entranhar no mais profundo de nós por Sua misericórdia.
 
Assim fez Jesus e, por isto, assumiu um Amor incondicional e eterno, morrendo na Cruz, fazendo da Cruz a máxima expressão da misericórdia divina, que é sem limites.
 
Como Igreja Sinodal que somos, Povo de Deus que caminha juntos, sejamos iluminados com o esplendor da graça divina; renovados pela misericórdia infinita de Deus, de modo que pensemos e procuremos o que é reto e amemos a Deus de todo o coração, com toda força, alma e entendimento. 

Amemos a Deus com todo o nosso ser, e a cada criatura d’Ele, como expressão do autêntico amor que tem dupla face: amor a Deus e o amor ao próximo.
 
Voltemos para a alegria e ternura divinas, que nascem do perdão experimentado e vivenciado. O que conta para Deus não é o passado, a lista de pecados que temos para apresentar, mas o abraço acolhedor que Ele está sempre pronto a nos dar.
 
Como o pai da parábola, Deus está sempre nos esperando, e quando apontamos, ainda que distantes, Ele sai correndo ao nosso encontro.
 
Este é o Deus que cremos e anunciamos, e que Jesus nos revelou com Sua vida, doação e entrega total por amor à humanidade, que nos comunicou a vida nova, enriquecendo-nos imensuravelmente pela presença de Seu Espírito.
 
Reflitamos:

  - Quais são os sinais de morte que precisam ser reconciliados, superados, para que um mundo novo e um tempo novo sejam inaugurados?
- Quais são os opróbrios que nos pesam e dos quais Deus, por Sua misericórdia, quer nos libertar?
 
- Quais são e como são nossos olhares para as pessoas e para o mundo, que clama pela acolhida e uma nova oportunidade?
 
Concluindo, a misericórdia divina se manifesta na acolhida, no Amor, no perdão, para que, em Cristo, sejamos uma nova criatura. 
 

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