domingo, 26 de maio de 2024

“Ó meu Deus, ó meu Tudo” (Santíssima Trindade)

“Ó meu Deus, ó meu Tudo”

"Ó Fogo devorador, Espírito de Amor,
 ‘vinde a mim’ para que se opere em minha alma
como que uma encarnação do Verbo...”.

Reflitamos sobre a “Elevação à Santíssima Trindade”, de 21 novembro de 1904, escrito pela Bem-Aventurada Isabel da Trindade (1880-1906) poucos dias antes de sua morte.

“Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente de mim mesma para fixar-me em Vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivesse na eternidade. Que nada possa perturbar-me a paz nem me fazer sair de Vós, ó meu Imutável, mas que em cada minuto eu me adentre mais na profundidade de Vosso Mistério.

Pacificai minha alma, fazei dela o Vosso céu, Vossa morada preferida e o lugar de Vosso repouso. Que eu jamais Vos deixe só, mas que aí esteja toda inteira, totalmente desperta em minha fé, toda em adoração, entregue inteiramente à Vossa Ação criadora.

Ó meu Cristo amado, Crucificado por Amor; quisera ser uma esposa para Vosso Coração, quisera cobrir-Vos de glória, amar-Vos... até morrer de amor! Sinto, porém, minha impotência e peço-Vos revestir-me de Vós mesmo, identificar a minha alma com todos os movimentos da Vossa, submergir-me, invadir-me, substituir-Vos a mim, para que minha vida seja uma verdadeira irradiação da Vossa. Vinde a mim como Adorador, como Reparador e como Salvador.

Ó Verbo Eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escutar-Vos, quero ser de uma docilidade absoluta para tudo aprender de Vós. Depois, através de todas as noites, de todos os vazios, de todas as impotências, quero ter sempre os olhos fixos em Vós e ficar sob Vossa grande luz; ó meu astro Amado, fascinai-me a fim de que não me seja possível sair de Vossa irradiação.

Ó Fogo devorador, Espírito de Amor, ‘vinde a mim’ para que se opere em minha alma como que uma encarnação do Verbo: que eu seja para Ele uma humanidade de acréscimo na qual Ele renove todo o Seu Mistério.

E Vós, ó Pai, inclinai-Vos sobre Vossa pobre e pequena criatura, cobri-a com Vossa sombra vendo nela só o Bem-Amado, no qual pusestes todas as Vossas complacências.

Ó meu Três, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão infinita, Imensidade onde me perco, entrego-me a Vós qual uma presa. Sepultai-Vos em mim para que eu me sepulte em Vós, até que vá contemplar em Vossa luz o abismo de Vossas grandezas.”

Santíssima Trindade, um Mistério tão intenso e inesgotável que jamais as palavras todas seriam capazes de expressar o que ela significa para a nossa vida, o que nos possibilita ler, meditar, e nos enriquecermos com preciosidades como esta da Bem-Aventurada Isabel da Trindade (1880-1906).

A Bem-Aventurada nos remete ao Amor comunhão da Trindade Santa, e nos ajuda a desejarmos nos inserir nele.

Reflitamos sobre as três Pessoas divinas e como Elas atuam: Deus Pai que tem a iniciativa, comunicando desde sempre e para sempre o Seu Amor, nos introduzindo nesta comunhão com Ele; o Filho encarnado que realiza a salvação pelo acontecimento do Mistério Pascal, por Sua Morte e Ressurreição e o Espírito Santo, presente como mais belo Hóspede, onde quis fazer Sua morada, como garantia desta verdade e fundamento de toda esperança.

Contemplamos imediatamente o Espírito Santo, que não tem uma obra incompleta para realizar, e tão pouco faz concorrência ao Filho, com ensinamento diverso, porque recebe do que é do Filho para os discípulos anunciarem.

Professamos nossa fé na Trindade Santa e na ação do Espírito Santo, n’Ele sentindo a presença do Filho Encarnado e Ressuscitado, transparência do Amor do Pai. Três Pessoas tão distintas, embora unas.

Finalizo com uma oportuna reflexão do Missal Dominical sobre a Santíssima Trindade:

“O Espírito testemunhará com Sua luz e Sua força  e Amor que Cristo está sempre presente e operante, que Cristo sempre comunica o Espírito, porque o Espírito faz conhecer que a obra de Cristo é obra de Amor, amor d’Ele que Se ofereceu, amor do Pai que O deu.

A Trindade Santa Se manifesta de modo máximo na comunicação do Espírito de Amor aos homens, para que os homens, amando-se como Cristo os amou, amem a Deus e entrem em intimidade com a divina Comunidade de Amor.” (1)

Que a exemplo da Bem-aventurada, cada vez mais nossa vida seja esta desejável inserção na comunhão do Amor Trinitário, até que um dia tenhamos a graça de contemplar a Face de Deus.

E, que na hora de nossa morte possamos repetir as últimas palavras que se puderam ouvir dos seus lábios:

“Vou para a luz, para o amor, para a vida”. Amém!


(1) Missal Dominical pág. 529.

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