A Misericórdia verdadeira cria laços fraternos!
Através da Homilia de Santo Astério de Amaseia, Bispo (Séc. V), somos exortados a imitar o exemplo de Cristo Bom Pastor.
“Se quereis parecer-vos com Deus porque fostes criados a Sua imagem, imitai o Seu exemplo. Se sois cristãos, nome que já é uma proclamação de caridade, imitai o amor de Cristo. Considerai as riquezas de Sua bondade.
Estando para vir como homem ao meio dos homens, enviou a Sua frente João, como pregoeiro e exemplo de penitência; e antes de João, tinha enviado todos os profetas para ensinarem aos homens o arrependimento, a volta ao bom caminho e a conversão a uma vida melhor.
Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados e Eu vos darei descanso (Mt 11,28). Como acolheu Ele os que ouviram a Sua voz? Concedeu-lhes sem dificuldade o perdão dos pecados e a imediata libertação de seus sofrimentos.
O Verbo os santificou, o Espírito os confirmou; o velho homem foi sepultado nas águas do Batismo e o novo, regenerado, resplandeceu pela graça. Que conseguimos ainda?
De inimigos de Deus, nos tornamos amigos; de estranhos, filhos; e de pagãos, santos e piedosos. Imitemos o exemplo de Cristo como Pastor.
Contemplemos os Evangelhos e vendo neles, como num espelho, o exemplo de Sua solicitude e bondade, aprendamos a praticá-las.
Vejo ali, em parábolas e figuras, um pastor de cem ovelhas que, ao verificar que uma delas se afastara do rebanho e andava sem rumo, não permaneceu com as outras que pastavam tranquilamente.
Saiu a sua procura, atravessando vales e florestas, transpondo altos e escarpados montes, percorrendo desertos, num esforço incansável até encontrá-la.
Tendo-a encontrado, não a castigou nem a obrigou com violência a voltar para o rebanho; pelo contrário, tomando-a nos ombros e tratando-a com doçura, levou-a para o aprisco, alegrando-se mais por esta única ovelha recuperada do que por todas as outras.
Consideremos a realidade oculta na obscuridade da parábola. Nem esta ovelha nem este pastor são propriamente uma ovelha e um pastor; são imagem de uma realidade mais profunda.
Há nesses exemplos um ensinamento sagrado: nunca devemos considerar os homens como perdidos e sem esperança de salvação, nem deixar de ajudar com todo empenho os que se encontram em perigo nem demorar em prestar-lhes auxílio.
Pelo contrário, reconduzamos ao bom caminho os que se afastaram da verdadeira vida e alegremo-nos com a sua volta à comunhão daqueles que vivem reta e piedosamente”.
Somos questionados sobre o quanto somos capazes de acreditar na conversão do próximo; o quanto somos capazes de nos relacionar com misericórdia, como Deus assim espera de todos nós, e não só espera, mas conosco age.
É sempre tempo favorável para conversão e oração, desde que abramos nossa mente e coração, sobretudo o Tempo da Quaresma.
É bom dizer sempre diante do Amor de Deus: Deus sempre tão misericordioso, eu, muitas vezes, tão miserável!
Não fosse a misericórdia de Deus...
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