A essência
do ser cristão: Amar como Jesus amou
Reflitamos
sobre o maior Mandamento da Lei, e sejamos iluminados pelo escrito do Bispo e
Mártir São Cipriano (séc. III):
“A vontade de Deus é
aquela que Cristo cumpriu e ensinou: a humildade no comportamento, a firmeza na
fé, o respeito nas palavras, a retidão nas ações, a misericórdia nas obras, a
moderação nos costumes, o não ofender os outros e tolerar aquilo que nos fazem,
o conservar a paz com os nossos irmãos: amar ao Senhor de todo o coração,
amá-Lo enquanto Pai, temê-Lo enquanto Deus; o não preferir nada a Cristo, já
que Ele nada preferiu a nós; o manter-nos inseparavelmente unidos ao Seu Amor,
o estar junto à Cruz com fortaleza e confiança; e, quando está em jogo o Seu
nome e Sua honra, mostrar em nossas palavras a constância da fé que
professamos; nos tormentos, a confiança com que lutamos, e na morte, a
paciência que nos obtém a coroa.
Isto é querer ser
coerdeiro de Cristo, isto é, cumprir o Preceito de Deus e a vontade do Pai.
Pedimos que se faça a
vontade de Deus no céu e na terra: ambas as coisas pertencem à consumação de
nossa incolumidade e salvação.
Pois ao ter um corpo
terreno e um espírito celeste, somos ao mesmo tempo céu e terra, e, em ambos,
isto é, no corpo e no espírito, pedimos que se faça a vontade de Deus.
Porque existe guerra
declarada entre a carne e o espírito, e um antagonismo diário entre os dois
oponentes, de maneira que não fazemos o que queremos, porque enquanto o
espírito deseja o celestial e divino, a carne se sente arrastada pelo terreno e
temporal.
Por isso, pedimos que,
com o socorro e o auxílio divino, reine a concórdia entre os dois setores em
conflito, de modo a cumprir-se a vontade de Deus tanto no espírito como na
carne, possa salvar-se a alma renascida por Ele no Batismo.
É o que aberta e
claramente declara o Apóstolo Paulo, dizendo: ‘Porque os desejos da carne se
opõem ao do Espírito, e estes aos da carne. Pois são contrários uns aos outros.
É por isso que não fazeis o que quereríeis.
Ora, as obras da carne
são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição,
inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdia, partidos, invejas,
bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes.
Destas coisas vos
previno como já preveni: os que praticarem não herdarão o Reino de Deus! Ao
contrário, o fruto do Espírito é: caridade, alegria, paz, paciência,
afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança’. (cf. na íntegra Gl 5,
13-26).
Por isso, com Oração
cotidiana e até continua, temos de pedir que no céu e na terra se cumpra a
vontade de Deus sobre nós. Porque esta é a vontade de Deus: que o terreno dê
lugar ao celestial e que prevaleça o espiritual e o divino”. (1)
Como
vemos é uma exortação para que nada prefiramos a não ser Jesus Cristo, vivendo
segundo o Espírito.
Assim
vivendo, teremos do Senhor mesmos pensamentos e sentimentos, de modo que
poderemos dizer como o Apóstolo Paulo: “Para mim o viver é Cristo” (Fl 1,21)
Na
vinha do Senhor, muitos são chamados, mas poucos são os que dão resposta
generosa e decidida, exatamente pelas provações, exigências próprias de um
autêntico discipulado, que não acontece sem a cruz, inevitável para o alcance
da glória eterna.
Deste
modo, autênticos discípulos do Senhor seremos se soubermos dar nossa resposta
generosa e decidida, exatamente pelas provações, exigências próprias de um
autêntico discipulado, que não acontece sem a cruz, inevitável para o alcance
da glória eterna.
Urge que não percamos a essência do ser cristão, e que a graça
de Deus seja abundantemente em nós derramada, para nos colocarmos no caminho
com o Senhor, vivendo os inseparáveis Mandamentos como distintivos do ser
cristão, para que nosso discipulado seja fecundo.
(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 -
p.225.
PS: Oportuno para reflexão das passagens: Mt 21,29-32Mc
12,28b-34
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