quarta-feira, 12 de março de 2025

A oração sempre presente em nossa vida

                                                      

A oração sempre presente em nossa vida

“Pedi, e vos será concedido; buscai, e encontrareis; batei, e a porta será aberta para vós. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, se lhe abrirá.” (Mt 7,7-8)

Uma oração de um autor anônimo, muito nos enriquece nestes dias em que vivemos a Quaresma e nos preparamos para a Semana Santa:

“Quão grandiosa é a oração contínua! É uma fonte inesgotável de virtudes, suscita milagres, revela maravilhas.

É digna de amor, porque faz progredir os santos, afasta a cólera de Deus e provoca o perdão.

A oração torna Deus presente, pois, quando rezamos, não é possível que esteja ausente quem nos ensinou a rezar. Recusaria atender-nos quem nos inspira o desejo de orar?

A oração glorifica o justo, absolve o pecador, expulsa o medo, elimina a tristeza; é alegria na prosperidade, segurança no sofrimento. É o consolo dos aflitos, a saúde dos doentes”

Verdadeiramente, a oração é fundamental na vida do discípulo missionário do Senhor, pois Ele mesmo, muitas vezes e em diversos momentos, retirava-Se para orar. E nos ensinou a mais bela oração do "Pai Nosso".

Do mesmo modo, a oração acompanhe a cada de um nós, em todos os momentos: na alegria e na tristeza, na angústia e na esperança.

Oremos sempre, com amor e confiança:

"Pai Nosso que estais nos céus..."

Jesus, o maior sinal do amor de Deus por nós

                                                                    

Jesus, o maior sinal do amor de Deus por nós

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 11,29-32), em que Jesus afirma que nenhum sinal seria dado para que n’Ele cressem, pois Ele é o grande sinal, o Filho do Homem esperado que veio trazer a Salvação para a humanidade.

Para melhor compreensão das Palavras de Jesus, voltemo-nos à passagem do Livro de Jonas (3, 1-10), que foi enviado por Deus para pregar a destruição de Nínive, porém Deus desiste de destruí-la , porque o povo se abriu e se converteu à pregação de Jonas.

Evidentemente que também nós, hoje e sempre, precisamos nos colocar no itinerário cristão, num caminhar contínuo acompanhado de sincera conversão e fidelidade ao  Senhor, como cristãos que somos:

 “Os cristãos foram escolhidos por Deus, não para um privilégio, e sim para um serviço. Fomos escolhidos por Ele para testemunhar uma salvação oferecida a todos...

O Senhor está no meio de nós e nos concede quarenta dias para fazermos penitência. Os habitantes de Nínive acolheram a Palavra de Deus e converteram-se. Só podemos proclamar o convite à conversão se pudermos dar testemunho de que ela tem significado para nós”  (1)

Voltando à passagem do Evangelho, trata-se de uma alusão de Jesus ao fato que diz que nenhum sinal seria dado a esta geração, a não ser o sinal de Jonas, e Ele, Jesus, é maior do que Jonas (v. 32). É preciso crer na Pessoa e na Palavra de Deus, na escuta e acolhida de Seu Projeto de Vida e Salvação para toda a humanidade.

“A fé não se baseia nos milagres, mas na confiança concedida à Pessoa de Jesus. O próprio milagre não seria percebido sem uma fé inicial, que Ele pode confirmar ou reforçar... A rainha do sul e os ninivitas, que aceitaram prontamente a sabedoria de Salomão e a pregação de Jonas, são-nos propostos por Jesus como exemplos de fé e de conversão interior a imitarmos. Acrescente-se uma precisão: hoje, de fato, o cristão é que deve ser no mundo um sinal que seja apelo à conversão.” (2)

De fato, o Amor de Deus se revela na Pessoa e missão de Jesus, e em Sua Palavra que, se acolhida no mais profundo de cada de um nós, é sempre um forte apelo de conversão (metanóia):

“Também para nós é difícil sair dos nossos esquemas, dos nossos juízos, das nossas condenações sobre nós mesmos (quantas vezes somos o juiz mais desapiedado para conosco próprios!) e acolher a sabedoria tão diferente da de Deus, esse sinal supremo que é a morte e Ressurreição de Cristo, como epifania do grande Amor de Deus para cada homem”. (3)

Portanto, trilhar o caminho de conversão requer de nós a multiplicação de gestos de caridade suscitados pela própria caridade, fecundada na fé fundante e geradora de sagrados compromissos, que tornam visível a esperança de uma nova realidade.

Neste caminho de conversão, somos levados à renúncia de algo que achamos necessário, e é tão apenas supérfluo, concentramo-nos no essencial, porque mais atentos e abertos à mensagem da Palavra Divina, num diálogo frutuoso, em sincera Oração, que nos leve, inevitavelmente, à atenção e solidariedade aos que mais precisam, e que se encontram perto ou mesmo distantes de nós.

A conversão genuína leva à abertura de horizontes novos, porque nos liberta das âncoras de nossas seguranças e nos torna mais disponíveis para o acolhimento da Boa-Nova Pascal de Jesus Cristo.

Somente quando nos abrimos à epifania do Amor de Deus, revelada e a nós comunicada por Jesus, abrimo-nos à ação do Santo Espírito, plenificados por Sua presença, pomo-nos no caminho da Salvação, cremos no coração, professamos o que cremos com nossos lábios e testemunhamos com a nossa vida, sempre à luz do Mistério Pascal, Mistério de Morte e Ressurreição, sem jamais prescindir da Cruz, assumida corajosamente, cheios de fé, com o ardor da caridade, o fogo do amor de Deus inflamado em nossos corações.



(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 190.
(2) Idem - pág. 191.
(3) Leccionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pág. 78.

Transfiguração do Senhor: Vi meu Amado...(IIDTQC)

                                                      


Transfiguração do Senhor: Vi meu Amado...

 “Este é o meu Filho, o Escolhido.
Escutai o que Ele diz!” (Lc 9,35)

Na Liturgia do 2º Domingo da Quaresma (ano C), somos agraciados com a Liturgia da Palavra que nos apresenta a Transfiguração do Senhor, com a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 9,28b-36).

Ela é um momento fundamental na vida do discípulo missionário, vivido pelos três apóstolos (João, Pedro e Tiago), e muito nos ajuda ao iniciar nossa caminhada Quaresmal.

Quaresma é Tempo de:

- Renovar e revigorar nossa aliança e confiança em Deus, como Abraão, modelo de crente, que confia, se entrega, busca, espera, jamais se instala (1ª Leitura - Gn 15,5-12.17-18);

- Tornar-nos amigos da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, sempre acompanhados da mudança, da transformação e da conversão, que deve acontecer primeiramente em nosso coração (2ª Leitura – Fl 3,17-4,1);

- Redimensionar a nossa vida a partir da provisoriedade e precariedade de nosso corpo, até que possamos receber, na Ressurreição, um corpo glorioso, um corpo celestial, uma morada eterna;

- Sentir antecipadamente a alegria da Vitória Pascal que passa pela obediência ao Pai e a fidelidade no carregar da cruz, como nos revela a Transfiguração do Senhor (Lc 9,28b-36); 

- Fazer silêncio, afastando-nos de todos os ruídos que nos distraiam e não nos possibilitem a escuta do Filho muito amado, que tem sempre algo de muitíssimo especial para nos dizer, para que sejamos felizes, realizados e plenos de vida;

- de subir a Montanha Sagrada contemplar a presença do Senhor, escutá-Lo atentamente, descer à planície e testemunhar Sua Palavra com nossa vida;

- Renovar a graça de sermos “cidadãos dos céus”. Como cristãos, estamos no mundo, mas não somos do mundo, como podemos ver nos primeiros ensinamentos da Igreja;

- Subir ao Monte Santo para contemplar Cristo Glorioso e Transfigurado, mas também de corajosamente descer a montanha e renovar compromissos solidários com os “Cristos” desfigurados que clamam por vida, alegria, dignidade, amor e paz;

- De subidas e descidas. Subir ao Monte Sagrado para revitalização da graça divina para a fé, esperança e caridade; na planície viver confiantes sempre no Senhor,  testemunhando que conhecemos e cremos em Alguém, Jesus, que transformou e transforma continuamente a nossa vida;

- Recuperar as forças indo à Fonte das fontes, Jesus, nutrir pela  Sua Palavra, alimentar-se com o Pão da Imortalidade, inebriar a alma com a Verdadeira Bebida; porque verdadeiramente Jesus na Eucaristia, comungamos a Palavra que se faz Pão, trigo que se faz Pão, vinho que se faz Sangue de Redenção, isto é o que contemplamos, saboreamos e cremos, ao participar do Banquete da Eucaristia.

Jesus nos acolhe com nossos cansaços, dificuldades, imperfeições, limitações próprias do ser humano.

Jesus ama a cada um de nós como somos para nos fazer melhores, para nos aperfeiçoar, para que a imagem de Deus possa transparecer em nosso olhar, em nossos pensamentos, palavras e atitudes, para que transpareça que há Alguém que faz morada no mais profundo de nós e nos acompanha em todo instante.

Celebrar a Transfiguração do Senhor nos convida a  renovação de sagrados compromissos com a Boa Nova do Reino.

A Transfiguração do Senhor (IDTQC)

A Transfiguração do Senhor

A passagem do Evangelho da Transfiguração do Senhor,
Quanto deleite encontra nossa alma quando nela medita.
Na montanha, retirados com o Senhor, João, Pedro e Tiago
Que graça e privilégio tiveram, num momento tão marcante.

A Transfiguração é a antecipação do Cristo glorioso,
Que cumpre a Lei e a Profecia, simbolizados por Moisés e Elias,
Um Cristo que a glória alcança, sem fugir do Mistério da Cruz,
Dor, pranto, sofrimento, em fidelidade incondicional até o fim.

Ó dura e crudelíssima Cruz a ser carregada! Pelo peso três quedas,
Com amor e por amor pela humanidade corajosamente assumida,
Para que pelo sangue copiosamente derramado
Fosse pelo Justo dos Justos, eternamente redimida.

A teofania, a nuvem, a voz que diz e ecoa por todo o Universo
E atravessa os séculos e chega até aqui, comigo, neste momento:
“Este é o meu Filho, o escolhido. Escutai o que Ele diz!” (cf.Lc 9,35)
Emudecidos por um tempo, para anunciar em todo o tempo.

A Transfiguração do Senhor já é nossa vitória.
Nos momentos difíceis de provação e quedas
Não se entregar jamais, resistir, a cruz carregar,
A glória da eternidade, um dia, poder alcançar.

Como discípulos missionários do Verbo Divino,
A Transfiguração nos convida a cinco verbos conjugar:
Subir, contemplar, escutar, descer e testemunhar.
Que em cada Eucaristia Celebrada, este Mistério se renove. 

Subo a Montanha Sagrada, para o Senhor contemplar,
Para Sua Palavra ouvir e o coração fazer arder.
Nutrido pelo Pão da Eternidade, descer a planície e
No quotidiano Sua Luz anunciar, Seu amor testemunhar. 

Amém!

Transfiguração do Senhor: n’Ele somos mais que vencedores (IIDTQC)

Transfiguração do Senhor: n’Ele somos mais que vencedores

No segundo Domingo da Quaresma (ano C), ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 9,28b-36), que nos apresenta a  Transfiguração do Senhor, e mais uma vez, somos exortados a ouvir o Filho Amado, que Se transfigura gloriosamente na montanha e nos envia em missão na árdua planície do cotidiano.

Somente contemplando e ouvindo o Filho Amado, e acolhendo no mais profundo de nós o que Deus tem a nos dizer, e carregando nossa cruz na planície corajosamente, é que o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor acontecerá em nossa vida.

Fiéis à voz do Filho Amado, solidificamos uma caminhada de alegria, de fé, esperança e caridade, onde cada um faz uma descoberta de si e, sobretudo, do amor de Deus, que se revela surpreendentemente muito maior do que o nosso coração, como nos falou o Apóstolo João (1Jo 3,20).

Revigorando a nossa fé e inspirados nos exemplos dos Santos e Mártires de nossa Igreja, não poderemos jamais deixar de testemunhar sagrados compromissos de uma fé viva e enraizada no chão fértil e, ao mesmo tempo, desafiador da realidade.

Ouvindo o Filho Amado, oremos para que o Papa Francisco conduza a Igreja nesta longa travessia do mar agitado da história, com suas turbulências e provações, de modo que o Espírito do Senhor continue pousando sobre ele, para que, com Sabedoria e atento aos sinais dos tempos, sobretudo, neste difícil contexto de mudança de época, cuide do rebanho por Cristo a ele confiado, fiel em sua missão Evangelizadora.

Ouvir a voz do Filho Amado no Monte, e colocá-la em prática na planície, iluminados pela luz radiante da gloriosa Ressurreição, como falou o Apóstolo Paulo:

Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova, o mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo” (2Cor 5,17), e cantaremos alegremente o grande Aleluia Pascal.

A Transfiguração do Senhor: Subidas e descidas... (IIDTQC)

A Transfiguração do Senhor: Subidas e descidas...

A Liturgia do 2º Domingo da Quaresma nos apresenta a Transfiguração de Jesus no Monte Tabor, com a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 9,28b-38).

Com ela, somos convidados a olhar para o alto:

“Viver a Quaresma é subir a um monte, ao encontro de Cristo Transfigurado. O monte é um lugar de todo especial: demasiado rude ser habitação do homem, mas também demasiado terreno para ser a morada de Deus, é um meio-termo em que Deus e o homem se encontram, o homem com uma subida penosa, e Deus com uma descida humilde. Só quem aposta a sua vida n’Aquele que é fiel (Sl 32) pode chegar ao cume” (1).

Dirigindo-se da Galileia para Jerusalém, Jesus, com a Sua Transfiguração, concede aos discípulos uma antecipação da maravilhosa luz da Ressurreição que alcançará, mas passando, inevitavelmente, pelo Mistério da Paixão e Morte na Cruz.

Com a Transfiguração, o Senhor introduz gradualmente os discípulos (nas presenças de João, Pedro e Tiago) no Mistério do sofrimento, mas ao mesmo tempo da glória do Filho do Homem que é Ele próprio, Jesus.

Neste acontecimento, em que Jesus é envolvido numa grande luz, Ele Se revela como o novo Moisés e ali, no Monte Tabor,  um novo Sinai (onde Moisés recebeu a Tábua da Lei).

Nunca é demais afirmar que a Transfiguração é uma “...breve revelação da luz divina encarnada na opacidade da natureza humana, não é momento de autoexaltação, mas é dádiva feita aos discípulos chamados a serem, por sua vez, anunciadores.

É ingenuidade o desejo de reservar para si mesmo essa luz (v.4); não é felicidade da visão, mas a fadiga da ‘escuta’ é o que resta aos discípulos na sequela de Cristo.

Só Ele, Palavra de Deus, permanece quando o êxtase cessa e volta o temor da majestade pressentida (v. 6-8). E Jesus volta a descer, com os Seus discípulos, para cumprir uma caminhada dolorosa, através da qual, somente, a luz triunfará” (2)

Finalizo acenando para o coração da liturgia do Domingo da Transfiguração do Senhor, em que somos convidados “...a escutar Jesus-Palavra, que cumpre em Si as Escrituras:

‘Palavra’ única do Pai, e também única ‘tenda’, a única morada de Deus entre os homens, ‘Palavra’ dura também, que da doçura do monte, embora necessária para aliviar na Oração, nos volta a impelir para um caminho de serviço...

Chamados a seguir o Ressuscitado, também nós, como os Apóstolos, devemos compreender que a contemplação não é evasão da vida, nem condução de uma vida paralela: a sequela de Cristo reconduz-nos à aridez da nossa terra de serviço, embora não estejamos já sozinhos, porque Ele desce do monte conosco, e o nosso caminho é transfigurado porque é marcado pela experiência de Cristo...

O rosto transfigurado de Cristo está escondido no rosto desfigurado do irmão pobre ou enfermo, mas nós próprios somos chamados a demonstrar aos irmãos, através do nosso rosto ferido pela vida, a luz do Ressuscitado” (3).

A experiência vivida pelos discípulos na Transfiguração, cremos, também podemos vivê-la cada vez que subimos à Montanha, celebramos a Eucaristia e sentimos a presença de Deus em nosso meio, nos alimentando com o Seu Filho, que Se faz Comida e Bebida, e nos fortalecemos com a presença do Espírito Santo.

Revigorados no Banquete Eucarístico, saímos com o Senhor da Montanha Sagrada, a Igreja, descemos à planície para sermos alegres e corajosas testemunhas do Ressuscitado, num vigoroso e autêntico testemunho da fé, redimensionados na esperança e fortalecidos na caridade, para que vivamos sagrados compromisso com a construção do Reino de Deus.

Nisto consiste a Transfiguração: subidas e descidas com o Senhor. Lá na Montanha ouvir Sua Palavra, na planície vivê-la.


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - 2011 -  p. 94.
(2) Idem pp. 93-94
(3) Idem p. 95 

Transfiguração do Senhor: renova nossa confiança e esperança (IIDTQC)

Transfiguração do Senhor: renova nossa confiança e esperança

Ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Lc 9,28b-36), e contemplamos a Transfiguração do Senhor, e a manifestação da antecipação de Sua glória, mas que é precedida pelo caminho da doação da vida, do Mistério de Sua Paixão, Morte e Ressurreição.

A Transfiguração do Senhor é um momento fundamental em nosso itinerário quaresmal, pois somos convidados à escuta atenta à voz de Deus e obediência total e radical ao Seu Plano, que Jesus realizou plenamente.

Assim o fez, porque Ele é o Filho Amado, que deve ser escutado no Monte Tabor e, com a força do Espírito, a Sua Palavra devemos realizar na planície do cotidiano, na história concreta, com suas alegrias e tristezas, angústias e esperanças...

Deste modo, é explícita a mensagem: o caminho da glória eterna passa, inevitavelmente, pela Cruz, e a experiência vivida no Monte Tabor é a antecipação da glória eterna, para que, quando da experiência da morte de Cruz de Jesus, os discípulos não desanimem, e continuem firmes na fé, no testemunho.

Interrogamos: “Vale a pena seguir um Mestre que nada mais tem para oferecer do que a morte na Cruz?”.

A Transfiguração é a resposta: o aparente fracasso da Cruz é a nossa vitória. Deus Ressuscitou Seu Filho e não permitiu que a morte tivesse a última palavra.

Lembremo-nos das palavras do Apóstolo Paulo aos Gálatas – “Quanto a mim, que eu não me glorie, a não ser na Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo.” (Gl 6,14).

A Transfiguração é, portanto, uma teofania, ou seja, uma manifestação de Deus. Os sinais são relatos teofânicos do Antigo Testamento: monte, voz do céu, aparições, vestes brilhantes, nuvem, o medo e a perturbação dos três discípulos (João, Pedro e Tiago).

Jesus é o novo Moisés, e com Ele, uma nova libertação. Com Ele, Deus sela uma nova e eterna Aliança.

Moisés recebeu a Palavra, a Lei no Monte Horeb, Jesus é a própria Palavra do Pai a ser ouvida e acolhida.

A Transfiguração é uma mensagem catequética inesquecível na vida dos discípulos: Jesus é o Filho Amado de Deus, que realiza com Sua vida, doação, paixão e morte de Cruz, o Projeto de salvação divina. Ele apresenta um Projeto a quantos queiram ouvi-Lo e segui-Lo.

O caminho que Ele fará e fez é também o caminho daqueles que O seguirem. O aparente e provisório fracasso será uma eterna e verdadeira vitória.

A Transfiguração é uma mensagem de confiança e esperança – a Cruz não será a palavra final, pois no fim do caminho de Jesus, e na vida dos discípulos que O seguirem, está a Ressurreição, a vida plena, a vitória sobre a morte.

Pela Transfiguração do Senhor, testemunha-se que uma existência feita como dom não é fracassada, ainda que culmine na Cruz. A vida plena e definitiva se vislumbra no horizonte, bem no final do caminho, para todos aqueles que, como Jesus, colocarem sua vida a serviço dos irmãos.

Na planície, por vezes, também podemos ser tentados pelo desânimo, e é nesta hora que a Transfiguração do Senhor não permite que nos entreguemos, recuemos.

Avancemos para águas mais profundas (Lc 5,1-11), fortalecidos pela experiência vivida pelos apóstolos, como um grito ecoado no alto do Monte Tabor, para que não desanimemos, pois Deus não permite que nossa vida seja uma marca de fracasso.

Urge que creiamos na Ressurreição, buscando a vida definitiva, a felicidade sem fim, com coragem e renúncias, carregando a cruz,  de cada dia, em total fidelidade ao Senhor.

Escutar Sua Palavra no Monte Sagrado não basta, é preciso vivê-la na planície, no autêntico testemunho da fé. Viver a religião não como evasão, fuga, distanciamento de compromissos concretos de amor e solidariedade.

Sendo assim, a religião jamais será um ópio a nos entorpecer, mas um sagrado compromisso com Deus, e, portanto, com Sua imagem e semelhança, com a humanidade, obra de Suas mãos, e com o mundo que nos entregou para cuidar, desde as primeiras páginas da História da Salvação:

“A vida é combate. O primeiro ato do ser humano no seu nascimento é um grito. Ele deverá lutar para viver. Muitos doentes sabem que devem lutar contra o mal, o sofrimento, o desencorajamento, a lassidão.

Desistir de lutar é sintoma de uma doença que se chama depressão. Podemos lutar para nos curarmos fisicamente. Podemos lutar para nos mantermos de pé na provação. A vida espiritual também é um combate.

O Senhor é Alguém que Se deixa procurar. Segui-Lo supõe, por vezes, escolhas radicais.

Nesta semana, aceitemos conduzir um combate. Não para ser os melhores, nem para esmagar os outros, mas para viver e fazer viver.

A vitória neste combate é-nos anunciada neste domingo, em que nos juntamos ao Senhor Transfigurado. Mas Ele diz-nos que, antes de Ressuscitar, deve passar pelo combate da Paixão. A Ressurreição é a vitória do combate pela vida” (1)

A Eucaristia é, portanto, o momento em que sentimos fortemente a presença de Deus, e refazemos nossas forças, porque no Banquete Eucarístico nossa fé é nutrida, nossa esperança é dilatada e nossa caridade é fortalecida.


(1) Citação extraída do site:

“Parênteses de luz” (IIDTQC)

                                                   


“Parênteses de luz”

 

É sempre tempo favorável de conversão e, também, de oração, em que nos abrimos e mergulhamos nos insondáveis Mistérios Divinos.

 

“O abandono das certezas, das seguranças jamais é total. Permanece sempre, no fundo, a lembrança e a saudade da terra em que se habitava.

 

Nos apóstolos chamados a seguir a Cristo permanece a interrogação de quem seria realmente Aquele a quem ouviram e por quem abandonaram sua terra. Sua vida oculta, Seu messianismo tão diferente do que esperavam deixam algo de duvidoso.

 

Jesus toma a iniciativa e Se manifesta sob outra forma que revela Seu verdadeiro ser, Sua majestade divina: concede aos apóstolos contemplar o fim que O espera. Assim, os discípulos podem ver que o Servo repelido e incompreendido é o Filho do homem descrito por Daniel.

 

A condição humana, frágil e oculta, é apenas um tempo de passagem, um parênteses. Com essa antecipação da glória de que se revestirá no momento da Ressurreição, a fé dos discípulos deveria sair reanimada, confirmada (Evangelho).”

 

Retomemos duas afirmações: “(Jesus) concede aos apóstolos contemplar o fim que O espera...” e “A condição humana, frágil e oculta, é apenas um tempo de passagem, um parêntesis.”

 

Há um fim glorioso, por nós, esperado, a glória dos céus que Jesus lhes dá a possibilidade contemplar. Alguém muito bem assim expressou: “é como uma gota de mel em meio às amarguras.”

 

Se não tivessem estes parênteses de luz como suportariam as dificuldades, provações, perseguições um pouco mais tarde, como de fato elas se multiplicaram avassaladora e crudelissimamente...

 

Não tivessem esta experiência, com certeza esmoreceriam, desanimariam, recuariam e a missão de anúncio do Reino, da construção de um novo céu e uma nova terra consistiria num terrível fracasso.

 

A fé na Ressurreição, a espera da glória futura, a coroa da justiça reservada aos justos é sempre uma boa nova que nos impulsiona.

 

Quanto à segunda, somos um “parênteses”, um momento, uma história a ser escrita com coragem e ousadia, para ser prolongada na eternidade.

 

Nossa história, se escrita com confiança no Absoluto, terá sua continuidade desabrochando em páginas infinitas na eternidade.

 

Mas como somos frágeis, limitados, por vezes temerosos, incrédulos, precisávamos e precisamos de “momentos de luz” para que se renove em nós a certeza de que as trevas não prevalecerão para sempre. Afinal, Ele mesmo disse: “quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).

 

A Celebração Eucarística é o ápice deste momento de luz, quando ao topo do Monte Sagrado subimos para escutarmos o Filho amado e o que Ele tem para nos dizer.

 

Escutando não podemos fixar tendas nas “Montanhas”, mas descermos corajosamente à Planície de nosso quotidiano, também nos encontrando com Ele que Se apresenta com múltiplas feições.

 

Muitas vezes desfigurado, faminto, sedento, preso, nu, carente do essencial para viver clamando por transfiguração.

 

Parênteses de luz para iluminar as trevas do quotidiano quem dele não precisa?

 

Que momentos de luz sejam multiplicados na vida de cada de um de nós, para que o parênteses que somos possa ser invadido pelo brilho do esplendor divino.

 

Que as trevas cedam lugar à luz, o pecado à graça, a morte à vida, e passemos verdadeiramente do parênteses provisório que somos ao parêntese eterno que seremos... 

A Transfiguração do Senhor e o compromisso com a cultura da paz (IIDTQC)

A Transfiguração do Senhor e o compromisso com a cultura da paz

“Este é o meu Filho escolhido.
 Escutai o que ele diz!” (Lc 9,35) 

No segundo Domingo do Tempo da Quaresma (ano C), ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 9, 28b-36), que nos fala sobre a Transfiguração do Senhor.

Assim lemos na passagem do Evangelho de Lucas: “Este é o meu Filho Escolhido. Escutai o que Ele diz!” (Lc 9,35).

Somos convidados a renovar e fortalecer nossa fidelidade ao Senhor, carregando nossa cruz, cada dia, com renúncias necessárias, como discípulos missionários do Senhor.

Com isto, temos o permanente convite a subirmos à Montanha e  escutarmos Jesus, acolhendo Sua proposta sem edificar tendas, pois é ao mesmo  tempo um imperativo de descida, para que na planície vivamos compromissos irrenunciáveis com a paz, que há ser fruto da justiça promovida em todos os níveis de nossa vida.

O Cristo Glorioso transfigurado na Montanha, é o mesmo que será desfigurado na planície. Somente quem reconhecê-Lo Glorioso terá coragem de se comprometer com os desfigurados da planície.

Quantos rostos desfigurados encontramos todos os dias pelo caminho. Nossa missão é buscar respostas para transfigurar a dura realidade que condena milhões de desfigurados: fome, dependência química, falta de teto, falta de carinho de seus pais, exploração sexual e estupros, pedofilia, exclusão da saúde e do lazer...

Enfim, encontram-se à margem do caminho, de mãos estendidas e olhos arregalados, e lamentavelmente, a lista dos desfigurados é interminável.

Nossa espiritualidade, nutrida pela riqueza da Palavra, nos compromete na participação em iniciativas pela ética na política, empenho pela justa distribuição de renda e justiça social, construção de uma economia solidária e fraterna, com a consequente promoção da cultura de vida e de paz...

Escutemos o que Jesus tem a dizer à Sua Igreja e ao mundo, e assim a Paz tão sonhada possa ser alcançada, que os sinais de morte deem lugar à vida, que situações de menos vida cedam lugar à vida plena e abundante...

A escuta e a vivência da Palavra de Deus são condições indispensáveis para que a Paz positiva aconteça: alegria, moradia, pão partilhado, saúde para todos, educação, famílias estruturadas, meio ambiente cuidado, saneamento básico assegurado para todos.

É sempre tempo da escuta, de subir e descer a Montanha, pois a fé cristã não foi nem nunca será fuga, mas corajoso compromisso na defesa da vida, no chão nosso de cada dia.

Sonhar com a paz é muito bom, melhor ainda é o compromisso com ela e com Ele, Jesus, que é a Fonte da verdadeira paz! 


Fontes: cf. Dn 7,9-10.13-14; Mt 17,1–9, Mc 9,2–8; Lc 9,28–36; 2 Pd 1,16-19

 

Vi meu Amado Glorioso (IIDTQC)

                                                     

Vi meu Amado Glorioso

“... Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha
para rezar. Enquanto rezava, Seu rosto mudou de aparência
e Sua roupa ficou muito branca e brilhante.” (Lc 9,28-29)

A Transfiguração do Senhor é um encontro inesquecível com o Amado, Jesus. 
Com Pedro, João e Tiago podemos também dizer:

Vi meu Amado Glorioso,
Com um rosto tão diferente,
Com roupas tão claras,
Tão transparentes.

Vi meu Amado Glorioso,
Numa pequena antecipação
Do que será o nosso destino:
Com Ele na glória também estar.

Vi meu Amado Glorioso,
Que me encorajará nos momentos difíceis
Para eu jamais me entregar, recuar, pois
A glória se alcança sem a cruz recusar.

Vi meu Amado Glorioso,
Escutei aquela voz tão forte e suave:
‘Este é o meu Filho escolhido,
Escutai o que Ele diz’.

Vi meu Amado Glorioso,
Sozinho, sem Moisés e Elias,
Porque agora é o Tempo da Graça,
Somente o Senhor nos basta.

Vi meu Amado Glorioso,
Em quem devo confiar sempre,
Sem lágrimas de decepção arrancar
Daqueles que em mim confiam.

Vi meu Amado Glorioso,
Que quer ser apenas amado,
Não apenas na Montanha Santa,
Mas na planície fria do quotidiano.

Vi meu Amado Glorioso,
Que também quer ser amado
Na vida e na história dos pequenos,
Dos sofridos, dos entristecidos, dos desfigurados.

Vi meu Amado Glorioso,
Nada mais será como antes.
Sinto Sua presença aqui e agora,
Em cada fração de segundo, em todo instante...