sábado, 23 de novembro de 2024

Inflamados pelo “Fogo ardente do Senhor”

                                                    

Inflamados pelo “Fogo ardente do Senhor”
 
Sejamos enriquecidos pela Instrução sobre a Compunção, escrita pelo Abade São Columbano (séc. VII).
 
“'Quão venturosos são os servos a quem o Senhor, ao chegar, os encontre vigiando!' Feliz aquela vigília na qual se espera ao próprio Deus e Criador do Universo, que supera tudo e tudo preenche. Oxalá Se dignasse o Senhor despertar-me do sono de minha indolência, a mim que, mesmo sendo desprezível, sou  Seu servo!
 
Oxalá me inflamasse no desejo de Seu amor incomensurável e me incendiasse com o fogo de Sua divina caridade! Resplandecente com ela, brilharia mais que os astros, e todo o meu interior arderia continuamente com este fogo divino!
 
Oxalá meus méritos fossem tão abundantes que minha lâmpada ardesse sem cessar durante a noite, no templo de meu Senhor e iluminasse a todos que entram na casa de meu Deus!
 
Concede-me, Senhor, suplico-Te, em nome de Jesus Cristo, Teu Filho e meu Deus, um amor que nunca diminua, para que com Ele minha lâmpada sempre brilhe e não se apague nunca, e suas chamas sejam para mim fogo ardente e para os demais luz brilhante.
 
Senhor Jesus Cristo, dulcíssimo Salvador nosso, digna-Te acender Tu mesmo nossas lâmpadas, para que brilhem sem cessar em Teu templo e de Ti, que és a luz perene, elas recebam luz perfeita com a qual se ilumine a nossa obscuridade, e se afastem de nós as trevas do mundo.
 
Peço-Te, meu Jesus, que acendas tão intensamente a minha lâmpada com Teu esplendor que, à luz de uma claridade tão intensa, possa contemplar o Santo dos santos que está no interior daquele grande templo, no qual Tu, Pontífice eterno dos bens eternos, penetraste; que ali, Senhor, eu Te contemple continuamente e possa assim desejar-Te, amar-Te e querer-Te somente a Ti, para que a minha lâmpada, em Tua presença, esteja sempre flamejante e ardente.
 
Peço-Te, Salvador amantíssimo, que Te manifestes a nós, que chamamos a Tua porta, para que, conhecendo-Te, amemos somente a Ti e unicamente a Ti; que Tu sejas nosso único desejo, que dia e noite meditemos somente em Ti, e em Ti unicamente pensemos.
 
Alumina em nós um imenso amor para contigo, que corresponde à caridade com a qual Deus deve ser amado e querido; que esta nossa dileção para Ti invada todo o nosso interior e nos penetre totalmente, inunde todos os nossos sentimentos a tal ponto, que já não possamos amar nada fora de Ti, o único eterno.
 
Assim, por muitas que sejam as águas da terra e do firmamento, nunca chegarão a extinguir em nós a caridade, segundo a quilo que diz a Escritura: 'As águas torrenciais não poderão apagar o amor'.
 
Que isto chegue a realizar-se, ao menos parcialmente, por Teu dom, Senhor Jesus Cristo, a quem pertence a glória pelos séculos dos séculos. Amém.” (1)
 
O Abade com suas Instruções, ajuda-nos na fidelidade ao Senhor, na atitude de vigilância da espera do Senhor que vem, procurando manter sempre acesa em nosso coração, a inextinguível chama da caridade, para que a luz divina resplandeça através de nossas ações.
 
Deste modo, vivamos na vigilância e na oração, na espera do Senhor que vem, com lâmpadas acesas na mão, e o fogo do Seu divino amor no coração.
 
Sejamos sinais e instrumentos do Senhor, em todo e qualquer lugar, sobretudo nas situações e realidades mais difíceis, quando somos chamados a dar razão de nossa esperança.
 
Inflamados pelo amor do Senhor e vigilantes sempre na sua espera gloriosa, fiquemos com Ele para sempre, e com Sua Pessoa, Palavra e Projeto nos comprometamos.
 
Somente uma comunhão intensa e íntima com o Senhor, e vivendo a fé cristã como um encontro com a Sua Pessoa, é que esta caridade inflamará para sempre nosso coração, como uma eterna chama de amor que nos chamou e nos enviou em missão, como alegres e convictos discípulos missionários do Senhor, comunicando a Sua luz a quantos necessitarem.
 
Vivamos a inextinguível Caridade Divina e a vigilância necessária, inflamados pelo “fogo do amor do Senhor.” Amém.
 
 
 
(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pp. 695-696.
 

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