sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Doce e amarga é a Palavra do Senhor

                                                        


Doce e amarga é a Palavra do Senhor

        “Na boca era doce como mel, mas quando o engoli,
meu estômago tornou-se amargo”  (Ap 10,10)

Com a passagem do Livro do Apocalipse (Ap 10, 8-11), refletimos sobre a importância da Palavra de Deus para quem professa a fé.

Além do duplo aspecto (doçura-amargor) que possui, ela deve ser antes interiorizada por quem a acolhe e nela acredita, para viver coerentemente:

“É doce como o mel, porque a Palavra de Deus comunica sentimentos de doçura e de conforto aos homens, mas ao mesmo tempo é muito amargo, porque o seu anúncio pode comportar dificuldades, provas e perseguições” (1)

Este processo tem exigência própria, porque coloca a nu nossa realidade e contradições, e não é como a palavra humana que pode ser combatida, revogada, com possíveis álibis, escapatórias, réplicas, tréplicas, divergências, contraposições, concepções divergentes, ou outras tantas possibilidades.

Acolhê-la implica vencer todo medo de ouvi-La, permitindo que penetre em nossa alma, com suas interpelações de mudança, conversão, redirecionamento de caminhos e propósitos, porque, de fato, a Palavra divina é irrevogável, questionadora, reveladora do mais profundo de cada um de nós.

Não é uma Palavra que anestesia ou legitima nossos caprichos e quereres, pois nem sempre nossa vontade corresponde à vontade divina, assim como nosso tempo, definitivamente, não é o tempo de Deus.

Na impossibilidade de refutá-la ou sufocá-la, ou pelo medo do compromisso, é possível que a esvaziemos de sua força revolucionária, flexibilizando-a e a condicionando aos nossos caprichos, até mesmo para que se torne agradável e aceitável por parte também dos que nos ouvem.

Não nos é dado este direito da parte de Deus, pois a Palavra Divina não se presta a manipulações de quaisquer motivações.

O anúncio da Palavra não se faz para a multiplicação de adeptos e seguidores de si mesmo, mas do Verbo que Se fez Carne e habitou entre nós.

Concluo com as palavras do Missal  Cotidiano:

“Mas se a Palavra de Deus é ‘amarga por vezes, também é cheia de doçura para quem a aceita e se esforça por vivê-la. Garante a liberdade, a segurança, a paz, a salvação; dá-nos a coragem de atualizá-la e transmiti-la aos outros como mais precioso dom”. (2)


(1)         Lecionário Comentado – Editora  Paulus – 2013 – p.834
(2)        Missal Cotidiano Editora Paulus - 1997 – pp.1520-1521)
PS: Livre adaptação do comentário do Missal Cotidiano

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