A
esmola, o bem e a semeadura
“Felizes os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia” (Mt 5,7)
Sejamos iluminados pelo Tratado sobre as coletas, escrito pelo Papa e Doutor da Igreja, São Leão Magno (séc. V):
“Amadíssimos,
que ninguém se vanglorie dos pequenos méritos de uma vida boa se lhe faltarem
as obras de caridade; nem se refugie na falsa segurança de sua pureza corporal,
quem não busca a sua purificação na esmola.
A
esmola apaga o pecado, mata a morte e extingue a pena do fogo eterno. Mas quem
estiver desprovido do fruto da esmola, também não poderá receber a indulgência
do remunerador, pois diz Salomão: Quem
fecha os ouvidos ao clamor do necessitado, não será escutado quando grite. Por isso Tobias dizia ao seu filho,
incutindo-lhe os preceitos da piedade: Dá
esmola dos teus bens e não sejas mesquinho. Se vês um pobre, não desvies o teu rosto,
e Deus não afastará sua face de ti.
Esta
virtude torna úteis todas as outras virtudes: sua união vivifica a própria fé,
da qual o justo vive, e que, se não tem obras, é considerada morta: mas se é
verdade que a fé é a razão de ser das obras, não é menos que as obras são a
força da fé. Por isso, como diz o apóstolo, enquanto temos oportunidade,
trabalhemos pelo bem de todos, especialmente pelo bem da família da fé.
Não nos cansemos de fazer o bem, que, se não esmorecermos, no tempo certo
colheremos.
A
vida presente é tempo de semeadura, e o dia da retribuição é tempo de colheita,
quando cada um recolherá uma colheita proporcionada à quantidade da semeadura.
Ninguém
ficará defraudado do rendimento desta messe, pois ali se atenderá tanto o
volume das contribuições como a qualidade das intenções; de maneira que se
equipararão os pequenos donativos procedentes de escassos rendimentos e os
suntuosos de fortunas imensas.
Em
consequência, amadíssimos, acatemos o que foi estabelecido pelos apóstolos. E
como no próximo domingo terá lugar a coleta, disponham-vos para a
voluntária devoção, para que cada um coopere, segundo as suas possibilidades,
para a sacratíssima oblação. Vossas próprias esmolas serão uma oração em vosso
favor, assim como para aqueles a quem ajudareis com vossa generosidade. Assim
estareis disponíveis para toda boa iniciativa, em Cristo Jesus, nosso Senhor,
que vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.”
Destaco
três trechos:
“A esmola apaga o
pecado, mata a morte e extingue a pena do fogo eterno”;
“Não nos cansemos de
fazer o bem, que, se não esmorecermos, no tempo certo colheremos.”;
“A vida presente é
tempo de semeadura, e o dia da retribuição é tempo de colheita, quando cada um
recolherá uma colheita proporcionada à quantidade da semeadura.”.
Como
Igreja sinodal que somos, caminhando juntos, peregrinando na esperança, nossas
orações devem ser acompanhadas por estas práticas: a esmola, a promoção do bem
e a participação na semeadura.
Oremos:
Ó Deus,
que jamais nos cansemos de fazer o bem, e saibamos vencer o mal com o bem,
multiplicando gestos de esmola, partilha, compaixão e solidariedade, alegres
discípulos missionários a cultivar o Vosso divino Jardim, com a semente do
Verbo, com a ação e presença do Santo Espírito. Amém.
(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pp.505-506
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