Conversão e discipulado
Na Liturgia da terça-feira da 27ª Semana do Tempo Comum (ano ímpar), ouvimos a passagem do Livro de Jonas (Jn 3,1-10), em que nos convida a refletir sobre o chamado de Deus e a resposta que devemos dar.
Somos interpelados a uma atitude de conversão, indispensável para que possamos acolher bem e frutuosamente a proposta de Salvação de Deus, que se dirige a todos os povos, a todas as nações. Ninguém fica excluído da misericórdia, bondade e ternura de Deus.
Vemos a figura de Jonas que, num primeiro momento, recusa a missão, por Deus confiada, de anunciar a conversão dos habitantes de Nínive. Somente num segundo momento é que Jonas aceita a missão, e a conversão dos ninivitas torna-se um modelo de resposta adequada ao chamamento de Deus.
Na Profecia de Jonas, temos duas lições: a universalidade do Amor de Deus, que ama os pecadores e quer a sua conversão, e a abertura dos pagãos ao Projeto de Salvação de Deus, o que não necessariamente se deu com o Povo eleito. Mais uma vez contemplamos a lógica divina, que é bondade e misericórdia.
A atualidade desta passagem bíblica nos leva a refletir sobre a fragilidade de nacionalismos, racismos, particularismos, exclusivismos, marginalização e atitudes xenofóbicas.
O Apóstolo Paulo (1 Cor 7,29-31) nos fala sobre a brevidade do tempo, com a expressão – “a figura deste mundo passa”. A adesão ao Reino e o amor a Jesus exigem que saibamos fazer uma escala de valores: o que é eterno e o que é efêmero. O discípulo de Jesus não pode ser seduzido pelo que é passageiro.
Inevitavelmente, haveremos de nos questionar:
- Onde se encontram nossa esperança, confiança e objetivo de nossa vida?
- Sabemos viver intensamente cada momento que Deus nos concede, considerando sua brevidade?
- Os valores do Reino são os valores absolutos em nossa vida?
Que nossas “trocas de olhares” com o Amado, Jesus, nos levem a dizer sim ao Deus Amante, para que sejamos envolvidos pelo sopro do Amor que nos vem do Divino Espírito.
Que o olhar cheio de Amor e ternura de Deus pela humanidade, tenha de cada de um nós o melhor olhar de quem se sentiu amado, seduzido e por Seu Amor envolvido.
É impossível ficar indiferente e insensível ao olhar amoroso de Deus e ao apelo de conversão que Ele nos faz insistentemente.
Quanto mais profunda e sincera nossa conversão mais límpido será o nosso olhar, e mais felizes o seremos.
Quanto mais correspondermos ao olhar amoroso de Deus, mais largos horizontes veremos, e um mundo novo vislumbraremos. Esta é a mística do Reino, esta é a mística e o efeito do Amor de Deus em nós. Deus nos ama para nos fazer melhores, realizados.
Deus nos ama, e quando nos deixamos envolver por este Amor o tempo tem outro sentido, as coisas que nos cercam também.
Ser discípulo é viver intensamente envolvido na paixão pelo Reino, inserido e envolvido pelo Amor Trinitário.
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