quinta-feira, 31 de outubro de 2024

A graça do Ministério Presbiteral

                                                           

A graça do Ministério Presbiteral

Assim falou o Papa São João Paulo II, na Exortação Apostólica pós-sinodal Pastores Dabo Vobis (n.22), sobre o presbítero:

“O presbítero é chamado a assumir em si os sentimentos e as virtudes de Cristo em relação à Igreja, amada ternamente mediante o exercício do ministério; portanto, dele se pede que seja capaz de amar o povo com o coração novo, grande e puro, com um autêntico esquecimento de si mesmo, com dedicação plena, contínua e fiel, juntamente com uma espécie de ‘ciúme’ divino, com uma ternura que reveste inclusive os matizes do afeto materno”.

Deste modo, com o Rito da Ordenação, o presbítero “...é introduzido em um novo gênero de vida, que o une a Cristo com um vínculo original, inefável e irreversível e o habilita a agir ‘in persona Christi’. Configurado a Cristo, Cabeça, Pastor, Esposo e Servo da Igreja, como seu representante e na união com Ele, o presbítero tem uma relação especial com a Igreja de Cristo”.  (1)

Como Presbítero, exerce o tríplice múnus como um servidor e anunciador da Palavra, ministro dos Sacramentos e um guia da comunidade.

Na realização do Ministério, o presbítero é apresentado com várias imagens e aspectos, que se completam e auxiliam na compreensão da natureza íntima de sua identidade, como nos fala o Documento n. 110 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil que ora apresento, conforme o parágrafo n. 41

a)   Presbítero: De acordo com a Escritura é o ancião, o adulto, já experimentado na vida, e por isto se tornou um sábio, mestre, conselheiro e guia;

b)   Pastor: Uma imagem muito frequente na Sagrada Escritura que designa aqueles a quem cabe colocar-se a serviço do povo. Assim o faz seguindo o exemplo de Jesus Cristo, o Bom Pastor (Jo 10,1-4). Por isto é chamado a ser homem de misericórdia e compaixão, vivendo a proximidade com seu povo e um servidor de todos, particularmente dos que sofrem grandes necessidades.

c)   Profeta: Como mensageiro da Palavra viva de Jesus, anuncia e testemunha a Palavra de Deus, “oportuna e inoportunamente” como falou o Apóstolo Paulo a Timóteo (2 Tm 4,2); proclama o reino de Deus e denuncia o que contradiz o Evangelho;

d)   Servo: O Filho do Homem veio “não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). O Presbítero participa desta missão do Filho, e participa da autoridade de Cristo-Cabeça com seu serviço, seu dom, sua entrega total, humilde e amorosa pela Igreja;

e)   Missionário: Consciente de que é enviado por Cristo, nunca deve cansar de repetir a si mesmo: “Sou uma missão, e não simplesmente tenho uma missão”, como diz o Papa Francisco. Para tanto, precisa coragem, audácia, fantasia e vontade de olhar não apenas para si mesmo, nem o cumprimento das funções rotineiras, mas ir além, como Igreja, constantemente em saída, rumo às periferias existenciais, ultrapassando as estruturas que já não favoreçam mais à transmissão da fé;

f)    Padre: Trata-se, pelo Sacramento da Ordem, viver o dom da paternidade espiritual, com a missão de gerar, nutrir, educar, organizar e levar à plenitude a comunidade do Povo de Deus;

g)   Sacerdote: É alguém que foi separado para o Evangelho de Deus (Rm 1,1), e em virtude da Ordenação se torna um dom sagrado de Deus para o seu povo. Ele reúne a comunidade para o momento mais alto e importante de sua existência, que é a Celebração Eucarística. Ele é sempre o ministro de Deus e nele, a exemplo de Jesus, tudo deve ser “sacerdotalizado”;

h)   Esposo: Uma vez configurado a Cristo, o Presbítero na sua vida espiritual, é chamado a reviver o amor de Cristo esposo, em sua relação com a Igreja esposa;

i)     Perito em humanidade: Deixa-se atingir pelas grandes questões que envolvem a humanidade, em sinais de amizade, companheirismo e solidariedade com todos, assumindo em seu modo de ser o estilo de Jesus Cristo, que assumiu a condição de servo (Fl 2,7);

j)    Homem da proximidade: O Presbítero está junto de Deus como das pessoas (1 Cor 9,19-23). Oportunas as palavras do Papa Francisco na Homilia da Missa do Crisma de 29 de março de 2018: “Na proximidade com Deus, a Palavra far-se-á carne em ti e tornar-te-ás um padre próximo de toda carne. Na proximidade com o povo de Deus, a sua carne dolorosa tornar-se-á palavra do teu coração e terás do que falar com Deus, tornar-te-ás um padre intercessor”.

k)   Homem da misericórdia: A exemplo de Jesus, exerce o Ministério com cuidado especial em relação aos pobres e marginalizados (Lc 14,13; Mt 25,31-46; Hb 5,7.9);

l)     Homem de oração: O Presbítero por sua disponibilidade a encontros fervorosos com o Senhor, torna-se íntimo das coisas divinas, místico e mistagogo, de modo que é capaz de auxiliar todos os que o procuram, a encontrarem-se com o Mistério de Deus;

m)  Homem de sacrifício: Contemplando o Senhor que oferece a sua vida pelos outros, o Presbítero é capaz de consumir-se com generosidade e sacrifício pelo Povo de Deus;

n)   Irmão universal: Participante da missão de Jesus Cristo e da sua Igreja, leva o Evangelho até os confins da terra; portanto, chamado a construir relações especial com os irmãos de outras Igrejas e confissões cristãs, com os fiéis de outras religiões e com as pessoas de boa vontade.

Elevemos orações por todos os presbíteros, e por todos aqueles que estão se preparando com vistas à Ordenação Presbiteral, para que possam viver estes diferentes aspectos e imagens no exercício do Ministério Presbiteral.

Em cada Presbítero, podemos encontrar um ou outro aspecto e imagem mais presente, de modo que não podemos economizar orações para que cada vez mais se façam presentes em suas vidas, e assim cumpram, com solicitude, empenho, dedicação, o Ministério pela Igreja confiado na santificação, ensino e governo da Igreja.



(1)         Diretrizes para a formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil – Edições CNBB – (Documento n.110, n.35)

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