O exigente caminho da Salvação

                                                        

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Como discípulos missionários de Jesus Cristo, é preciso que trilhemos o mesmo caminho por Ele percorrido, como tão bem retrata o Evangelista Lucas (Lc 9,51-56), na passagem proclamada na terça-feira da 26ª Semana do Tempo Comum.

Ele inicia uma viagem que é a caminhada para a glória, mas passa pelo inevitável caminho real da Cruz. Sem murmurações, contando sempre com a força, presença e ação do Espírito Santo que O leva a viver incondicional fidelidade ao Pai. 

Com Sua Vida, testemunha o que ensinou com a Sua Palavra, e é o Servo do Senhor que Se deixa conduzir ao matadouro, sem a boca abrir e, porque Cordeiro mudo, tornou-Se Pastor imortal para o rebanho por toda a eternidade. 

Muitas vezes, também nós cristãos gostaríamos de ver o triunfo da fé e da Igreja, mas segundo critérios mundanos.

O aplauso dos homens, as aclamações dos poderosos, o favor dos meios de comunicação podem ser, na verdade, modo de açaimar a verdadeira profecia, que compete aos sequazes de Cristo no mundo. 

Foi diferente o percurso traçado e indicado pelo Messias sofredor.” (1) 

Nada poderá calar a verdadeira profecia dos discípulos missionários do Senhor. nada poderá calar a voz daqueles que creem, anunciam e testemunham a Sua Palavra.

Da mesma forma, nada poderá amordaçar nossa boca e amarrar nossos pés, pois tão somente assim trilharemos o caminho que nos conduz ao Céu, carregando com fé nossa cruz quotidiana.

Reflitamos:
- O que poderá roubar a capacidade de nos entregarmos, com paixão, pela causa do Reino?
- O que poderá se sobrepor à missão da Igreja, na continuidade da missão do Senhor?

Oportunas são as palavras do Apóstolo Paulo aos romanos: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” (Rm 8,35).

Supliquemos sempre a força do Espírito Santo, que vem em socorro de nossa fraqueza, para que não vacilemos na fé, não esmoreçamos na esperança e jamais esfriemos na caridade, com total e incondicional confiança e entrega ao Senhor.

Façamos esta súplica tantas vezes quanto for necessário, mas jamais desistamos do caminho árduo da salvação, que passa pela porta estreita, com as renúncias necessárias, carregando nossa cruz de cada dia.
 

(1) Lecionário Comentado - Volume Tempo Comum - Ediora Paulus - Lisboa - pág. 460. 

Em poucas palavras...

Viver por amor

“Depois do exílio da terra, espero ir gozar de Vós na Pátria, mas não quero acumular méritos para o céu, quero é trabalhar só por vosso amor [...] 

Na noite desta vida, aparecerei diante de Vós com as mãos vazias, pois não Vos peço, Senhor, que conteis as minhas obras. Todas as nossas justiças têm manchas aos vossos olhos. 

Quero, portanto, revestir-me com a vossa própria Justiça, e receber do vosso Amor a posse eterna de Vós mesmo..”. (1)

 

(1) Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897)

 

 

 


Missão e espiritualidade

                                                         

Missão e espiritualidade

“A missão precisa do ‘pulmão da oração’, da mística,
da espiritualidade, da vida interior”

Neste mês em que a Igreja dedica especial reflexão sobre a sua dimensão missionária, é oportuno reavivarmos a chama da fé acesa no dia do batismo, para sermos sinais de esperança e testemunhas do mandamento do amor, que nos foi confiado, assim como desejou Jesus Cristo ao enviar os discípulos pelo mundo a fora, para proclamar a Sua Boa-Nova a todos os povos (Mt 28,19-20; Mc 16, 15-20).

Disse-nos o Papa Francisco que “não servem as propostas místicas desprovidas de um vigoroso compromisso social e missionário, nem os discursos e ações sociais e pastorais sem uma espiritualidade que transforme o coração. Essas propostas parciais e desagregadoras alcançam só pequenos grupos e não têm força de ampla penetração, porque mutilam o Evangelho. É preciso cultivar sempre um espaço interior que dê sentido cristão ao compromisso e à atividade” (Evangelii Gaudium n.70).

E ressoando as palavras do Papa, no recente Documento 105, sobre a missão dos cristãos leigos e leigas, na Igreja e na sociedade, para que sejam sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-14), os Bispos da Igreja do Brasil afirmam: “A missão precisa do ‘pulmão da oração’, da mística, da espiritualidade, da vida interior”.

Portanto, somente uma Igreja que ofereça momentos intensos de oração, aprofundamento da mística para os que dela participam, iluminando com a luz da Palavra de Deus abundantemente proclamada e refletida, através da prática da Leitura Orante, que tanto se tem insistido, nutridos pelo Pão Eucarístico no Banquete indispensável, a Santa Missa, é que poderemos, de fato, dar um sentido novo ao nosso viver, à nossa missão e nossas ações, fora e dentro da própria Igreja, comprometidos em construir uma nova sociedade com vida plena e feliz para todos.

Não podemos ficar indiferentes à realidade a qual estamos inseridos, mas, com coragem, sermos como o sal, que se dissolve para conservar e dar sabor ao alimento. É nossa missão conservar a vida, cuidando, sobretudo do planeta, nossa casa comum; ser luz que não se esconde, mas a todos ilumina; ter um olhar luminoso e o coração sábio para gerar luz; sabedoria para alargar novos horizontes de comunhão, partilha, fraternidade, solidariedade, misericórdia e paz.

Sendo a Igreja “perita em humanidade” não pode se omitir em sua missão de oferecer princípios e fundamentos para os que dela fazem parte, e assim não se omitam em sagrados compromissos no vasto e complicado mundo da família, da economia, da política, dos meios de comunicação, da cultura e muito mais que possa ser mencionado.

E como nos diz o Papa, em uma de suas Mensagens para o dia Mundial das Missões é preciso que sejamos uma “Igreja missionária, testemunha de misericórdia”, que não se fecha em si mesma, e se põe em atitude de permanente missão, aberta a ouvir e se solidarizar misericordiosamente com todos os que clamam por vida e dignidade, fazendo a Palavra de Deus chegar a todos os lugares, sobretudo os que tanto nos desafiam (escolas, universidades, penitenciárias, prédios, condomínios, shoppings, meios de comunicação social, migrantes etc.)

Tudo no tempo de Deus

Tudo no tempo de Deus

“Há um momento para tudo e um tempo
 para todo propósito debaixo do céu.”

Finalizando o segundo ano de missão (de três que se completaram), aos amigos da Diocese de Guarulhos, escrevi mais uma carta falando das atividades junto ao povo da Diocese de Ji-Paraná.

Inicialmente, pedi perdão pelo atraso na resposta das correspondências, e convidei-os a meditar esta passagem do Livro do Eclesiastes - “Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu. Tempo de nascer...” (Ecl 3,1-22)

Há tempo para escrever, tempo para partilhar a correria que foi o mês de setembro. Há tempo em que o tempo brinca conosco, feito criança esperta e nós correndo atrás, às vezes cansados e sem fôlego; tempo de fazer tempo para falar com o outro, ainda que por carta (parece estranho falar em carta hoje, mas naquela época era comum esta comunicação, e estamos falando de apenas quinze anos passados)

Há e haverá sempre tempo, para que possamos partilhar nossa missão e amizade!

Na carta, falei da Missão Jovem, realizada de 8 a 16 de setembro, da alegria vivida, a animação missionária,  as visitas às famílias; o entusiasmo dos mais de 70 missionários (as); a presença do Bispo no encerramento; o resgate do sonho, muitos jovens e famílias afastadas das comunidades.

E ainda um momento inesquecível: o Passeio Ecológico dos Presbíteros, realizado todos os anos por alguns padres diocesanos e religiosos.

Passávamos uma semana no meio da floresta: pescar e descansar e favorecer a amizade e a comunhão entre nós. Naquele ano, fomos para Aripuanã – Mato Grosso.

Ficamos bem próximo à reserva indígena dos zorós, acampados à beira do Rio Branco, sem contato com o mundo, sem telefone, computador, notícias...

Alguns padres bem que tentaram pescar, mas, naquela semana, “o rio não estava para peixe”. Pescou-se o suficiente para as refeições. O calor era intenso, amenizado com um gostoso banho no rio, devidamente vestido por causa do candiru (um peixe que, se penetrar no corpo, cresce e só sai com cirurgia – Ninguém queria correr este risco).

Durante o dia, dentro da barraca não dava para ficar por causa do calor, e de alguns mosquitos pequeninos.

Na rede, não dava para ficar por causa dos piuns, muriçocas, pernilongos. Repelente? Mais parecia “atraente”.

Voltei um dia antes, com a perna marcada pelas picadas. Mas, apesar de tudo, foi muito bom. De vez em quando é bom sair da rotina. No ano seguinte, pretendíamos retornar ao local do primeiro passeio, com mais peixe e menos desconforto.

Na Paróquia, em setembro, realizamos a formação Setorial para Catequistas e Animadores (as) de Grupo de Reflexão/Família: Nossa Paróquia contava com 10 setores. Com nossa Equipe Paroquial de Catequese, de 24 a 27 de setembro, passamos em todos os setores.

O encontro era realizado durante um dia inteiro, durante a semana. Fazíamos um aprofundamento sobre a realidade social, econômica e política que estamos vivendo, pela manhã. À tarde, todos faziam seu deserto, com reflexão e oração, à luz de alguns trechos bíblicos vocacionais.  Revíamos e renovávamos o chamado de Deus para a missão de evangelizador (a).

No mesmo mês, tivemos a Assembleia Diocesana. Comigo, foram mais quatro Agentes de Pastoral de nossa Paróquia. Éramos quase 130 participantes. Avaliamos nossa caminhada à luz das Diretrizes da Evangelização de nossa Diocese.

Fizemos uma revisão de nossa caminhada, a fim de renovar nossa identidade para sermos uma Igreja mais profética, servidora neste Novo Milênio.

Também, fizemos a revisão e aprovação do Novo Diretório para as  Comunidades para orientar a Organização, Sacramentos, Conselhos, Estruturas Pastorais da Diocese.

Toda a Comunidade, para caminhar em comunhão com a Diocese, deveria se orientar pelo Diretório. Foi uma das riquezas que encontrei e reaprendi com a aquela Diocese, que tinha aproximadamente 1400 Comunidades.

O que aconteceria se cada comunidade tivesse suas normas? Ou se cada Comunidade se organizasse e vivesse ao seu modo? E se cada Padre ou Religiosa fizesse de sua Paróquia o seu Mundo?

Na noite da sexta-feira, tivemos um momento de análise de conjuntura, proporcionado pelo Bispo da Diocese (Dom Antonio Possamai), à luz da Carta da CNBB, enviada a todas as comunidades: “Brasil – “Apreensões e esperanças”.

Inspirados nela, fizemos uma Carta aberta a todas as Comunidades, com linguagem simplificada e forte, denunciando a situação de miséria que o país estava vivendo (eram 50 milhões condenados à pobreza...).

Nesta Assembleia, criamos o Conselho Diocesano de Leigos, há muito necessário e desejado...

Partilhei também a visita às comunidades de Presidente Médici, em sua terceira visita do ano. As comunidades do interior tinham Missa apenas 4 vezes por ano, e em dias de semana. Apesar disto, caminhavam, assumindo os diversos ministérios, levando à frente a Evangelização.

Finalizando, escrevi sobre o Encontro de Formação para  30 Ministros do Batismo, Eucaristia e Matrimônio, no mês de outubro;  com avaliação da caminhada, aprofundamento bíblico, celebração do perdão e estudo do novo ritual diocesano para os sacramentos mencionados. Foi um excelente momento de fortalecimento espiritual para todos nós.

Como se pode ver, eram dias intensos, marcados por muitas atividades. Por isto, afirmo que o tempo de missão foi fecundo e marcante para o meu Ministério Presbiteral. Agradeço a Deus sempre pela graça destes três anos memoráveis em minha vida, com marcas de saudades e gratidão.

PS: Escrito em 2000 quando em missão na Diocesede Ji-Paraná - Rondônia

A Missão que o Senhor nos confia

                                                                 

A Missão que o Senhor nos confia

Na Liturgia, da terça-feira da 26ª  Semana do Tempo Comum (ano ímpar), o Profeta Zacarias nos fala da vinda de muitos povos e nações que viriam visitar o Senhor em Jerusalém (Zc 8,20-23),

O Comentário do Missal Quotidiano nos diz: “O oráculo com que se encerra a primeira parte do Livro de Zacarias reflete a tomada de consciência por parte da nascente comunidade judaica, de sua missão espiritual e universal” (1).

E a Salvação que Jesus veio trazer se estenderá, de fato, a todos os povos, como vemos também na passagem do Evangelho (Lc 9, 51-56).

Volto a uma questão fundamental: na primeira Leitura, o Profeta deixa transparecer que quem conhece a Deus deve também torná-lo conhecido a todos, num processo contínuo de conversão e proximidade.

Diz ainda o Missal Cotidiano: “Nosso testemunho de fé deveria ser tal qual que pudéssemos ouvir: ‘Queremos ir convosco, porque compreendemos que Deus está convosco’” (2).

Mais uma vez, voltemos às palavras do Papa Bento XVI, em sua Carta Encíclica “Deus Caritas est”, primeiro parágrafo:

Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”.

Vivendo os primeiros dias do mês que dedicamos de modo especial ao tema das Missões, é oportuno refletirmos:

- Temos consciência de que a Salvação de Deus se destina a todos os povos?
- Como nos empenhamos para que todos os povos conheçam e adorem a Deus em espírito e verdade?
- Despertamos, pelo testemunho de nossa fé em Deus, o desejo de que outros caminhem conosco?

Invoquemos a luz do Espírito Santo, para que sejamos fortalecidos na graça da missão de anunciar e testemunhar a Palavra do Senhor, com palavras e obras, pois tão somente assim nossa luz haverá de brilhar e Deus será glorificado.



(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus -  p.1324
(2) Idem p.1325.