Conduzidos pelas Virtudes Cardeais
Firmemos nossos passos na missão de discípulos missionários do Senhor, vivendo a graça de sermos sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-16; Lc 8,16-18).
Sejamos, portanto, iluminados pelo que nos diz o Catecismo da Igreja Católica (parágrafos 1805-1809) sobre as quatro virtudes cardeais.
As virtudes da prudência, da justiça, da fortaleza e da temperança denominam-se “cardeais”, pois todas as outras se agrupam em torno delas. Aparecem em inúmeras passagens da Sagrada Escritura, e uma delas, encontramos no Livro da Sabedoria (Sab 8,7):
“Se alguém ama a justiça, o fruto dos seus trabalhos são as virtudes, porque ela ensina a temperança e a prudência, a justiça e a fortaleza” (Sb 8, 7).
Vejamos as quatro virtudes:
Prudência: virtude que dispõe a razão prática para discernir, em qualquer circunstância, o nosso verdadeiro bem e para escolher os justos meios de atingi-lo. “O homem prudente vigia os seus passos” (Pr 14, 15); “Sede ponderados e comedidos, para poderdes orar” (1 Pd 4, 7).
A prudência não pode ser confundida com a timidez ou o medo, a duplicidade ou dissimulação, e é também chamada de “auriga virtutum – condutor das virtudes”, porque guia as outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida.
Para Santo Tomás e Aristóteles, ela é a reta norma da ação, de modo que, o juízo da consciência é guiado pela prudência, e assim a pessoa prudente decide e ordena a sua conduta segundo este juízo, e graças a esta virtude, aplicamos sem erro os princípios morais aos casos particulares e ultrapassamos as dúvidas sobre o bem a fazer e o mal a evitar.
Justiça: é a virtude moral que consiste na constante e firme vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido.
A justiça para com Deus chama-se “virtude da religião”, em relação aos homens, ela leva ao respeito dos direitos de cada qual e a estabelecer, nas relações humanas, a harmonia que promove a equidade em relação às pessoas e ao bem comum.
O homem justo, tantas vezes evocado nos livros santos, distingue-se pela retidão habitual dos seus pensamentos e da sua conduta para com o próximo – “Não cometerás injustiças nos julgamentos. Não favorecerás o pobre, nem serás complacente para com os poderosos. Julgarás o teu próximo com imparcialidade’ (Lv 19, 15); “Senhores, dai aos vossos escravos o que é justo e equitativo, considerando que também vós tendes um Senhor no céu” (Cl 4, 1).
Fortaleza: é a virtude moral que, no meio das dificuldades, assegura a firmeza e a constância na realização do bem.
Torna firme a decisão de resistir às tentações e de superar os obstáculos na vida moral, dando a capacidade para vencer o medo, mesmo da morte, e enfrentar a provação e as perseguições.
Ela dispõe a pessoa para ir até à renúncia e ao sacrifício da própria vida, na defesa de uma causa justa – “O Senhor é a minha fortaleza e a minha glória” (Sl 118, 14); “No mundo haveis de sofrer tribulações: mas tende coragem! Eu venci o mundo!” (Jo 16, 33).
Temperança: é a virtude moral que modera a atração dos prazeres e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados.
Ela garante o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos nos limites da honestidade, bem como orienta os apetites sensíveis da pessoa para o bem, com uma sã discrição e não se deixa arrastar pelas paixões do coração.
No Antigo Testamento é muitas vezes louvada – “Não te deixes levar pelas tuas más inclinações e refreia os teus apetites” (Sir 18, 30).
No Novo Testamento, é chamada “moderação’, ou “sobriedade” – Devemos “viver com moderação, justiça e piedade no mundo presente” (Tt 2, 12).
Finaliza com uma citação de Santo Agostinho, que sintetiza tudo quanto se disse:
“Viver bem é amar a Deus de todo o coração, com toda a alma e com todo o proceder [...], de tal modo que se lhe dedica um amor incorrupto e íntegro (pela temperança), que mal algum poderá abalar (fortaleza), que a ninguém mais serve (justiça), que cuida de discernir todas as coisas para não se deixar surpreender pela astúcia e pela mentira (prudência)” .
Seja nossa vida conduzida pelas virtudes cardeais, o que nos fortalecerá no caminho de evangelização, na Proclamação da Palavra de Deus, celebrando piedosamente cada Eucaristia, a fim de que a vivamos na prática da caridade, em permanente ação missionária.
Deste modo, participaremos da construção de uma autêntica cultura de vida e de paz, vendo no outro o nosso irmão, afinal somos todos irmãos: - “Vós sois todos irmãos!” (Mt 23,8), empenhados a fim de que todos tenhamos vida plena e feliz.
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