quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Além do que eu vi...

                                                           

Além do que eu vi...

“O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos,
para que também tenhais comunhão conosco; e
a nossa comunhão é com o Pai, e com Seu Filho Jesus Cristo”
(1Jo 1,3).

Eu vi a onda veemente cumprir seu curso e recuar para outro avanço, num contínuo e incessante movimento, como que nos dizendo assim devemos agir quando dificuldades enfrentarmos, mas que o recuo não seja por medo, omissão e covardia, mas como momento do refazer-se...

Eu vi a onda encontrar o seu limite intransponível nas pedras que se interpunham, mas as contornavam, como que num abraço ao qual não puderam ceder, e assim aprendemos o mesmo fazer com as realidades aparentemente intransponíveis...

Eu vi aquele filho, sentado na indigência e mendicância, se levantar e retornar à casa do pai, como um servo, mas o amor do pai o acolheu como um filho sempre amado e esperado, não somente na parábola do Mestre, em nosso coração gravada, mas na realidade tristemente constatável.

Eu me vi de repente com os Evangelhos nas mãos, e continuei minha reflexão, detendo-me nas páginas que nos fazem voar como águia; voos divinais, como que sobre as asas do Espírito, ao encontro do Deus Eterno de Amor, num deleite de alma indescritível, sentido quando a Palavra arde em nosso coração e refrigera nossa alma, ainda que paradoxal pareça.

Eu vi através da narração indescritível do Evangelista, aqueles dois correndo ao encontro do túmulo, e a chegada do primeiro, o discípulo que Jesus amava. Vi que depois de Pedro, ele entrou viu que o Corpo do Amado lá não se encontrava, mas Ressuscitado estava.

Vi aquele discípulo que Jesus amava, acreditar e nunca mais calar e ao mundo anunciou esta Boa Notícia, que ecoa por milênios e chegou até nós, porque além de amá-Lo, pôs-se a correr do seu encontro, viu, acreditou, anunciou e testemunhou com a própria vida, nas alturas com Ele hoje se encontra.

Vi antes o mesmo discípulo reclinar no lado de Jesus, também descrito pelo Evangelista, como que acolhendo do Divino Mestre lições diretamente emanadas das entranhas do Sagrado Coração e estas mesmas posteriormente comunicadas.

Vi, também, na descrição da Paixão de Jesus, ele ali ao lado de Maria, com olhos fixos no Amado, assumindo-a como Mãe, e n’Ele nossa humanidade recebendo a maternidade de Maria, Mãe da Igreja e nossa, que nos acompanha desde o sim dado naquele dia ao Anjo na Anunciação do Senhor.

Vi que, mesmo dilacerado de dor, o amor falou mais alto em Seu coração, e ainda nos garantiu a presença e a docilidade de Maria, que nos acompanha em nosso bom combate da fé cotidiano.

Fechei o Sagrado Evangelho e vi um novo caminho a trilhar; revigorado, refeito, e com sagrados compromissos renovados para a luz do Senhor irradiar, ainda que os tempos difíceis sejam, porque é preciso dar razão de nossa esperança, porque fé n’Ele temos, com Ele, inflamados pelo Seu amor, um mundo novo construir.

As dificuldades que vivemos, alguns podem até enxergar com maior acuidade, mas empenhar-se pelo mundo novo, sem luto, dor, pranto e morte, somente quem tem a fé aliada com a esperança que anda de mãos dadas com a caridade.

Acreditar na impotência e insignificância de uma semente do grão de mostarda, iluminar com a palavra e a ação o mundo, como fermento na massa e sal da terra, é, sobretudo próprio de quem recebe a graça do Batismo e de ser discípulo do Senhor. Amém. Aleluia! Aleluia!

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