“Se calarem a voz dos Profetas...”
Reflexão
à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 14,1-12), em que Herodes manda
cortar a cabeça de João Batista, num ímpio banquete de morte.
“Também na morte o
Batista é ‘precursor’, e Jesus o põe em relevo. Esta morte é um típico exemplar
do que muitas vezes acontece no mundo: a supressão violenta dos inocentes, dos
verdadeiros heróis, por parte dos seres abjetos, cobertos de prestígio e poder,
e por motivos inconfessáveis: ambição, cálculo, inveja, ciúme, falsa moral...
Triste espetáculo é
ver-se a opinião pública (os convidados) assistir impassível, se não divertida,
ao fato de exatamente o honesto, que corajosamente denuncia o adultério e a
expoliação, ser trucidado pelos desonestos e delinquentes.
Cumpre criar uma
opinião pública contrária, ter a coragem de desmascarar o erro de quem julga
tudo lícito, porque pode fazê-lo com franqueza.
João não era inimigo
de Herodes e este o estimava (Mc 6,20); no entanto, por covardia, fá-lo calar
para sempre. Engano! Aquele martírio jamais se calará” (1)
João
foi o último dos Profetas, e o Precursor do Senhor, tanto do nascimento, como
de sua morte, ao derramar sangue por causa da Verdade e da incondicional
fidelidade à Palavra do Senhor.
Ontem
como hoje, Deus suscita profetas para falarem em seu nome, para serem a sua
divina voz a denunciar tudo quanto fira a vida, roubando-lhe a beleza e a sua
sacralidade, desde sua concepção ao seu declínio natural.
Vozes
proféticas no campo e na cidade, em defesa de princípios éticos dos quais não
podemos prescindir; denúncia de tudo aquilo que fomenta o consumismo, bem como
a exploração de nossa Casa Comum, a Terra; vozes que não se calam em tantas
outras situações que possam ser mencionadas.
Renovemos
a graça da vocação profética, que Deus nos concedeu no dia de nosso Batismo,
para termos a coragem de João Batista, em amor e fidelidade incondicional à
vontade divina.
Lembremos as palavras de Santo Agostinho: João é a voz no tempo; Cristo é, desde o
princípio, a Palavra eterna.”
Um canto para finalizar: “Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão...”
(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – p.1099
PS: Proclamado no sábado do 17º sábado do Tempo Comum, e
oportuno para a Celebração da Memória do Martírio de São João Batista, quando
se proclama a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 6,14-29).
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