Os raios do Sol da justiça nos iluminam
“Os raios do Sol da Justiça são as virtudesque d’Ele emanam para iluminar-nos, para que rejeitemos as obras das trevase caminhemos nobremente comoem pleno dia (cf. Rm 13,13)”
Sejamos enriquecidos por esta passagem do Tratado sobre a verdadeira imagem do cristão, do Bispo São Gregório de Nissa (Séc. IV).
“É Ele nossa paz, Ele que de duas coisas fez uma só (Ef 2,14). Ao refletirmos que Cristo é a paz, mostraremos qual o verdadeiro nome do cristão, se pela paz que está em nós expressarmos Cristo por nossa vida.
Ele destruiu a inimizade (cf. Ef 2,16), como diz o Apóstolo. Não consintamos de modo algum que ela reviva em nós, mas declaremo-la totalmente morta.
Não aconteça que, maravilhosamente destruída por Deus para nossa salvação, venhamos, para ruína de nossa alma, cheios de cólera e de lembranças das injúrias, a reerguê-la, quando jazia tão bem morta, chamando-a perversamente de novo à vida.
Tendo nós, porém, a Cristo que é a paz, matemos igualmente a inimizade, para que testemunhemos por nossa vida aquilo que cremos existir n’Ele.
Se, derrubando a parede intermédia, dos dois criou em Si mesmo um só homem, fazendo a paz, assim também nós, reconciliemo-nos não apenas com aqueles que nos combatem do exterior, mas ainda com os que incitam sedições dentro de nós mesmos.
Que a carne não mais tenha desejos contrários ao espírito, nem o espírito contra a carne. Mas submetida a prudência da carne à Lei divina, reedificados como um homem novo e pacífico, de dois feitos um só, tenhamos a paz em nós.
Na paz se define a concórdia dos adversários. Por isto, terminada a guerra intestina de nossa natureza, cultivando a paz, tornamo-nos paz e manifestamos em nós este verdadeiro e próprio nome de Cristo.
Cristo é ainda a luz verdadeira, totalmente estranha à mentira; sabemos então que também nossa vida tem de ser iluminada pelos raios da verdadeira luz.
Os raios do Sol da Justiça são as virtudes que d’Ele emanam para iluminar-nos, para que rejeitemos as obras das trevas e caminhemos nobremente como em pleno dia (cf. Rm 13,13).
Pelo repúdio de toda ação vergonhosa e escusa, agindo sempre na claridade, tornamo-nos nós também luz e, o que é próprio da luz, resplandeceremos para os outros pelas obras.
Considerando Cristo como santificação, se nos abstivermos de tudo quanto é mau e impuro, seja nas ações, seja nos pensamentos, apareceremos como verdadeiros participantes deste Seu nome, uma vez que, não por palavras, mas pelos atos de nossa vida, manifestamos o poder da santificação.”
Oportuna reflexão para o fortalecimento de nossa Fé e a renovação da alegria de sermos batizados, na certeza de que somos moradas do Espírito Santo, e por isto portadores de mensagem de paz e luz.
Bem profetizou Malaquias: “Mas vós que temeis o meu nome, brilhará o Sol de Justiça, que tem a cura em seus raios” (Mal 3,20).
Este Sol Nascente (Lc 1,78-79), Sol de Justiça é Cristo Jesus, e somos por Ele enviados a comunicar Sua luz no mundo, porque somos a luz do mundo –“Vós sois a luz do mundo... Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,14.16).
Renovemos a alegria pela graça de sermos portadores e comunicadores da luz divina a quantos precisarem, sobretudo nas situações mais adversas e sombrias.
Quando a fé é vivida em sua autenticidade, tornamo-nos como que um farol a iluminar não somente nosso caminho, mas o caminho de quantos conheçamos e desta luz precisem e comuniquem.
Caminhar sozinhos nos tornaria cegos da luz divina, que se comunica a todos, e nos quer caminhando juntos, solidários, ajudando-nos mutuamente rumo à plenitude da luz divina: céu.
Oremos:
"Deus eterno e todo-poderoso, sobre os povos que vivem na sombra da morte fazei brilhar o Sol da justiça, que nos visitou nascendo das alturas, Jesus Cristo Nosso Senhor, que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo. Amém."
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