segunda-feira, 29 de julho de 2024

Urgente ou necessário?

                                                      

Urgente ou necessário?

“Ela (Maria) escolheu a melhor parte”

Passagem do Evangelho da visita que Jesus faz à casa de Marta e Maria, irmãs de Lázaro: Lc 10, 38-42

As Palavras de Jesus: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolhe a melhor parte, que não lhe será tirada”

Duas constatações:

- “Nós sacrificamos continuamente, sem perceber, aquilo que é importante para correr atrás do que é simplesmente urgente, mas não importante.” (1) 

- “Nossa vida é uma corrida desenfreada atrás de mil coisas: sonhos, projetos, negócios, ocupações; somos Martas atarefadas que pensam fazer as coisas mais importantes do mundo e ao invés perdemos o tempo, fazemos coisas inúteis, nos agitamos por coisas que são urgentes e não importantes, por coisas que muitas vezes não acontecerão nunca” (2).

Um pensamento de Santo Agostinho:
Minha alma está inquieta, sempre estará, enquanto não encontrar seu repouso em Ti, ó Senhor”.

Uma reflexão sobre a necessidade de discernir entre o urgente e o necessário:

Viver é navegar, com o discernimento necessário,
Entre o que é importante e o que é urgente,
Com sábias escolhas para não naufragarmos
No mar vasto e complexo de múltiplas possibilidades.

Vivemos premidos pelo tempo que se esvai,
Muitas vezes, sem que o percebamos, velozmente,
Consumidos pelo muito a fazer, porque inadiável,
Sem saber exatamente por onde começar.

O que é de fato importante e o que é urgente?
O que não nos é permitido prorrogar, porque imperioso?
O que de fato deve nos consumir,
Com zelo, ardor e fervor, numa expressão de amor?

Não há tempo a perder! As horas são contadas.
Que densidade damos a cada hora que passa?
A cada hora que passa, que história foi escrita,
Para que não percamos a beleza de um desejável epílogo?

Viver é consagrar o que somos e o que temos,
Nem tanto pelo que é urgente, e sim importante
Para o consumar do que nos realiza como pessoas,
Sem estresse, desgastes inúteis, devorados por inquietações.

É tempo de revermos o caminho e escolhas feitas:
A Missa, a Oração, o silêncio serão para nós importantes
Ou, em nome de urgências incontáveis,
Imediatamente sacrificamos, adiamos, nos esvaziamos?

Não será o vazio, por muitos sentido,
Fruto desta escolha não bem feita,
O perder-se no emaranhado da escolha
Entre o importante e o urgente?

Encontrando-me com Ele, saberei discernir, com sabedoria,
O que de fato é importante, não necessariamente urgente,
Que me faz mais humano, menos estéril da Divina Semente,
Que abundantemente o Senhor lança em nossos corações.

Não concluo lúcido e propositalmente,
Porque agora tenho algo importante para fazer:
Recolher-me no mais profundo de mim mesmo
E encontrar-me com Ele, no silêncio...


(1)         O Verbo se faz carne – Reflexão sobre a Palavra de Deus – Anos A, B, C – Pe. Raniero Cantalamessa - OFM - Ed. Ave Maria - 2013 - p. 724.
(2)        Idem p.681 

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