sexta-feira, 26 de julho de 2024

A Palavra do Senhor e a fecundidade de nosso coração

                                                

A Palavra do Senhor e a fecundidade de nosso coração

Reflexão à luz da Parábola do Semeador (Mt 13,18-23; Mc 4,13-20; Lc 8,4-15):


“Os diversos terrenos, frequentemente presentes e misturados em nós, são a imagem do nosso coração desejoso porventura de escutar a Palavra, mas incapaz de compreendê-la em profundidade e de deixá-la criar raízes, de modo a poder dar fruto.

É necessário proceder a um trabalho atento e sapiente, libertando o coração de pedregulhos e de espinhos, separando a terra boa, isto é, exercendo aquela vigilância contínua a que convidam outras páginas do Evangelho (cf. Lc 12,35ss), e um sábio discernimento sobre tudo o que ocupa os nossos sentimentos e os nossos pensamentos” (1)

Completemos a reflexão com o Comentário do Missal Cotidiano (2), e assim, podemos falar em quatro categorias de pessoas ao ouvir a Palavra de Deus:

1º - Aqueles que a ouvem com planos próprios, sem muita disponibilidade para se questionar com a Palavra;

2º - Outros são superficiais, pois ouvem levianamente a Palavra, e da mesma forma esquecem;

3º - Muitos não têm tempo para tirar conclusões da Palavra, porque “têm muito que fazer”;

4º - Mas têm alguns que realmente refletem sobre a Palavra ouvida, e se dispõem a “mudar”, com uma disponibilidade mais ou menos ampla, que só Deus pode medir.

Corroborando ainda mais a reflexão: 

“O homem dos primeiros três quadros escuta, mas não compreende. Os motivos são diversos e colocam em evidência obstáculos cada vez mais sutis e, por vezes, difíceis de descobrir. A razão pode estar na intervenção do Maligno, mas também em algumas atitudes humanas, como a volubilidade e a superficialidade que se manifestam quando é necessário enfrentar dificuldades e provações, ou então a inquietação que nasce da preocupação pelas riquezas” (3).

De outro lado, a compreensão da Palavra de Deus não é um exercício intelectual, porque nasce da acolhida atenta e amorosa do que se ouviu, e da fé incondicional no Senhor, que nos dirige a Palavra divina para que, acolhida em chão fértil e pleno de fé, dê saborosos e abundantes frutos Pascais.

Além de nos questionarmos sobre o modo como acolhemos a Palavra, e com qual terreno nos identificamos, há uma segunda questão que o Comentário do Missal nos apresenta:

Na explicação da Parábola, o Senhor fala dos que ouvem, e notemos que não aparecem “Aqueles que não ouvem”.

Entretanto, há muitos que ainda não ouviram a Palavra do Senhor, e precisamos nos questionar se, como discípulos missionários do Senhor, estamos vivendo a graça de anunciar e testemunhar a Palavra de Deus a muitos, em todos os âmbitos e em todos os momentos.

Concluindo, oportunas as Palavras do Apóstolo Paulo aos Romanos (Rm 10,14-15):

“Como, pois, invocarão Aquele em quem não creram? e como crerão n’Aquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o Evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas”.


(1) (3) - Lecionário Comentado – Tempo Comum – Volume I - Editora Paulus – Lisboa – 2011 – p.796
(2) Missal Cotidiano – Editora Paulus – p.1067

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