"A mansidão é a plenitude da força"
Com a Liturgia da Palavra do 16º Domingo do Tempo Comum (Ano A), refletimos sobre a ideia que temos sobre Deus.
De fato, a ideia que cada um faz de Deus é condicionante do seu comportamento diante d’Ele (adoração, oração, compromissos, entrega, doação, serviço...), e também, consequentemente, condicionante de sua relação com o próximo.
Na passagem do Evangelho (Mt 13, 24-43), de modo especial, Jesus nos revela que Deus compreende, sem conivência, o escândalo do homem limitado e mau, e Cristo parece até mesmo provocá-lo com seu comportamento, tratando livremente com bons e maus, justos e pecadores.
Não é possível a concepção de uma comunidade de puros e santos. Deus compreende e é paciente com todos, e deixa, aos pecadores, tempo para amadurecer sua conversão.
Assim nos diz o Missal Dominical:
“... não nos deve perturbar o escândalo de uma Igreja medíocre, pecadora, comprometida, distante do ideal evangélico de pureza, de santidade, de desapego.
Sendo feita de homens e vivendo mergulhada no mundo, a Igreja corre continuamente o risco de se contaminar com o mundo e ver crescer em suas fileiras o joio ao lado do trigo.
Alguns cristãos desejariam recorrer aos meios violentos e decisivos: excomungar os membros mais fracos, queimar os hereges, lançar violentamente em face dos cristãos e não cristãos as exigências do Evangelho, com a política do ‘comigo ou contra mim’...” (1)
Estas atitudes têm fundamento em duas distorções; a primeira é a ideia errada de Deus, um Deus ciumento dos homens, pronto a lançar Seus raios; e a segunda é a ideia de um Deus avarento.
Diferentemente, Jesus nos revela Deus como um Pai misericordioso, e nos convida também a sermos misericordiosos como Deus é misericordioso.
A relação com este Deus revelado por Jesus fortalece a confiança e a esperança, eliminando todo medo e insegurança.
O Reino Deus acontece com o testemunho de pessoas confiantes e esperançosas, que sabem viver a tolerância com os maus e os pecadores, porque têm uma inabalável confiança na ação de Deus, que sabe esperar a livre decisão do homem, com paciência e mansidão.
Oportunas são as palavras do Papa São João XXIII: "A mansidão é a plenitude da força".
Evidentemente que mansidão não é sinônimo de uma aceitação passiva dos acontecimentos, e tão pouco desleixo, o que banalizaria e empobreceria a vida de todos nós e da própria Igreja.
Deste modo, ela produz frutos quando é vivida numa atitude construtiva de tolerância, paciência e respeito pelos tempos e pelas etapas de crescimento, tanto no interior da vida das comunidades como de cada pessoa.
A mansidão autêntica, amadurecida a cada momento, é a plenitude da força que o Senhor nos comunicou.
Peçamos a Deus a mansidão necessária a cada dia de nossa vida, a cada desafio a ser enfrentado, pois esta, vivida nos possibilita experimentar a plenitude da força divina.
(1) Missal Dominical – pág. 750.
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