sexta-feira, 7 de junho de 2024

Acorramos à Divina Fonte (SCJ)

                                                                 

Acorramos à Divina Fonte

Na Celebração da Festa do Sagrado Coração de Jesus, a Igreja nos propõe, na segunda Leitura do Ofício das Leituras, um trecho das Obras do Bispo São Boaventura (Séc. XIII), em que ele nos apresenta Jesus como a fonte de vida para a humanidade.

Considera, ó homem redimido, quem é Aquele que por tua causa está pregado na Cruz, qual a Sua dignidade e grandeza.

A Sua morte dá a vida aos mortos; por Sua morte choram o céu e a terra, e fendem-se até as pedras mais duras.

Para que, do lado de Cristo morto na Cruz, se formasse a Igreja e se cumprisse a Escritura que diz:

‘Olharão para Aquele que transpassaram’ (Jo 19,37), a divina Providência permitiu que um dos soldados lhe abrisse com a lança o sagrado lado, de onde jorraram Sangue e Água.

Este é o preço da nossa salvação. Saído d'Aquela fonte divina, isto é, no íntimo do Seu Coração, iria dar aos Sacramentos da Igreja o poder de conferir a vida da graça, tornando-se para os que já vivem em Cristo Bebida da fonte viva que jorra para a vida eterna (Jo 4,14).

 Levanta-te, pois, tu que amas a Cristo, sê como a pomba que faz o seu ninho na borda do rochedo (Jr 48,28), e aí, como o pássaro que encontrou sua morada (cf. Sl 83,4), não cesses de estar vigilante; aí esconde como a andorinha os filhos nascidos do casto amor; aí aproxima teus lábios para beber a água das fontes do Salvador (cf. Is 12,3).

Pois esta é a fonte que brota no meio do paraíso e, dividida em quatro rios (cf. Gn 2,10), se derrama nos corações dos fiéis para irrigar e fecundar a terra inteira.

Acorre com vivo desejo a esta fonte de vida e de luz, quem quer que sejas, ó alma consagrada a Deus, e exclama com todas as forças do teu coração:

‘Ó inefável beleza do Deus altíssimo e puríssimo esplendor da luz eterna, vida que vivifica toda vida, luz que ilumina toda luz e conserva em perpétuo esplendor a multidão dos astros, que desde a primeira aurora resplandecem diante do trono da Vossa divindade. 

Ó eterno e inacessível, brilhante e suave manancial d'Aquela fonte oculta aos olhos de todos os mortais! Sois profundidade infinita, altura sem limite, amplidão sem medida, pureza sem mancha!’

De Ti procede o rio que vem trazer alegria à cidade de Deus (Sl 45,5), para que entre vozes de júbilo e contentamento (cf. Sl 41,5) possamos cantar hinos de louvor ao Vosso nome, sabendo por experiência que em Vós está a fonte da vida, e em Vossa luz contemplamos a luz (Sl 35,10).”

Nesta Divina Fonte de Amor, bebemos da água cristalina do Amor, que jamais termina, mesmo quando parece terminar nossas forças para trilhar o caminho da fé.

Nesta Divina Fonte de Amor, bebemos da água cristalina do Amor, para que a secura de nossa alma, por vezes experimentada, seja novamente “hidratada”, e assim possamos avançar no horizonte da esperança que se dilata, amplia, redimensiona.

Nesta Divina Fonte de Amor, bebemos da água cristalina do Amor, e não apenas, também participamos do Altar em que Ele Se faz verdadeiramente Comida e Bebida para nos revigorar, e o Mandamento Maior que nos ordenou, ao mundo anunciar, testemunhar.

A esta Divina Fonte de Amor acorramos, fome e sede jamais teremos; senão a sede e fome de justiça, de ver acontecer um novo céu e uma nova terra, porque discípulos missionários do Senhor, que esta sede, no Sermão da Montanha, proclamou: “Bem-Aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Mt 5, 6).

À esta Divina Fonte sempre acorramos, sem demora, porque tão apenas n’Ela encontramos a Fonte inesgotável e indizível de Amor. 

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