segunda-feira, 29 de abril de 2024

A vida nova que brota da Páscoa

                                                             

A vida nova que brota da Páscoa

Sejamos iluminados pelo Sermão do Bispo São Gregório de Nissa (séc. IV):

Começou o Reino da vida e foi dissolvido o império da morte. Apareceu um novo nascimento, uma vida nova, um novo modo de viver; a nossa própria natureza foi transformada.

Que novo nascimento é este? É o daqueles que não nasceram do sangue nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1,13); tu perguntas: como isso pode acontecer?

Escuta-me, vou te explicar em poucas palavras. Este novo ser é concebido pela fé, é dado à luz pela regeneração do Batismo; tem por mãe a Igreja que o amamenta com sua doutrina e tradições. Seu Alimento é o Pão celeste; sua idade adulta é a santidade; seu matrimônio é a familiaridade com a sabedoria; seus filhos são a esperança; sua casa é o reino; sua herança e riqueza são as delícias do paraíso; seu fim não é a morte, mas aquela vida feliz e eterna que está preparada para os que dela são dignos.

Este é o Dia que o Senhor fez para nós (Sl 117,24), dia muito diferente daqueles que foram estabelecidos desde o início da criação do mundo e que são medidos pelo decurso do tempo.

Este é o início de uma nova criação. Nele Deus faz um novo céu e uma nova terra, como diz o Profeta. Que céu é este? Seu firmamento é a fé em Cristo. E que terra é esta?

O coração bom, de que fala o Senhor, é a terra que absorve a água das chuvas e produz frutos em abundância. O sol desta nova criação é uma vida pura; as estrelas são as virtudes; a atmosfera é um comportamento digno; o mar é a profundidade da riqueza, da sabedoria e da ciência (Rm 11,33). As ervas e as sementes são a boa doutrina e a escritura divina, onde o rebanho; isto é, o povo de Deus, encontra pastagem e alimento; as árvores frutíferas são a prática dos Mandamentos.

Neste dia, o verdadeiro homem é criado à imagem e semelhança de Deus não é, porventura, um novo mundo que começa para ti neste dia que o Senhor fez?

Não diz o Profeta que esse dia e essa noite não têm igual entre os outros dias e noites? Mas ainda não explicamos o dom mais precioso que recebemos neste dia de graça.

Ele destruiu as dores da morte e deu à luz o Primogênito dentre os mortos. Subo para junto do Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus (Jo 20,17), diz o Senhor Jesus.

Que notícia boa e maravilhosa! O Filho Unigênito de Deus, que por nós Se fez homem, a fim de nos tornar Seus irmãos, apresenta-Se como homem diante de Seu verdadeiro Pai, para levar Consigo todos os novos membros da Sua família” (1).

São Gregório nos apresenta uma analogia, que nos leva mais perto de Deus e do desejo mais profundo de uma vida nova que brota do Mistério da Morte e Ressurreição de Seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, e somos 
convidados a renovar compromissos com a vida nova em todas as suas dimensões.

Reflitamos:

- Quais os sentimentos e compromissos que a meditação deste  Sermão me desperta?

- De que modo o Mistério Pascal de Nosso Senhor marca, reorienta e renova meus passos, minha vida e projetos?

- Como tenho vivido a vida nova que nasceu no dia do meu Batismo?

Pai Nosso que estais nos céus...

(1) Cf. Liturgia das Horas - Vol. II - pp. 743-744.

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