A Palavra do Senhor nos dá segurança
No 3º sábado do Tempo Comum é proclamada a passagem do Evangelho em que Jesus está presente na barca e, com sua Palavra, o vento e o mar O obedecem (Mc 4, 35-41).
Aprofundando a Palavra, o Missal Cotidiano nos apresenta esta reflexão do Teólogo Karl Barth:
“O ser da Igreja é, em seu aspecto humano, um ser ameaçado. E não pode ser de outra maneira, porque Deus ainda não é tudo em todos.
Em relação à cabeça a Igreja é de natureza claramente divina; como corpo desta cabeça, é incontestavelmente de natureza humana.
A Igreja, na medida em que faz depender seu ser de Deus, do evento de Sua Palavra e de Seu Espírito é subtraída às ameaças, justificada, santificada, purificada, preservada do Maligno.
Em seu Senhor Jesus Cristo encontra sua garantia única; somente d’Ele recebe a promessa, somente olhando para Ele adquire a segurança de sua existência.
A fidelidade de Deus lhe promete e lhe garante essa existência. Por parte dos homens que a constituem não existe, de fato, nenhuma garantia no gênero para a Igreja.
Permanece sempre, ao lado da fé, a possibilidade da incredulidade, da heresia, da superstição, como também da ignorância, indiferença, ódio, desespero, até à impotência de sua oração; e isso enquanto durar o tempo, enquanto a manifestação final da vitória de Jesus não tiver dissipado também esta sombra”. (1)
Somos membros desta Igreja, e estamos nesta longa travessia, confiantes na presença e na Palavra do Senhor, com nossas limitações, medos e fragilidades.
Renovemos hoje e sempre a alegria de continuar a missão de Jesus, como Igreja que somos, com a força e presença do Espírito, que a conduz, anima, ilumina, assiste, fortalece.
Os ventos que sopram contra a Igreja e a agitação do mar da vida são notáveis e incontestáveis, assim como também é notável é incontestável a presença do Senhor nesta barca, que simboliza a Igreja.
Não tenhamos medo, afastando quaisquer sinais que não manifestem a onipotência, onipresença e onisciência divinas, que jamais se afasta de nós.
A Palavra do Senhor não foi somente naquele dia memorável, como também as palavras dos discípulos, mas continua a ser proclamada em todos os tempos.
Ontem e hoje gritamos: “Mestre, estamos perecendo e não Te importas?”, e o Senhor continua a dizer ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!”
O vento cessou e houve uma grande calmaria, nos diz o Evangelista.
Ansiamos pela calmaria, mas não podemos ter medo e fugir dos ventos e da travessia do mar, ainda que turbulento.
Se forte é o vento e assustadora é a turbulência do mar, mais forte ainda é a Palavra do Senhor, que acalma os ventos e o próprio mar.
Sintamos Sua Presença, confiemos em Sua Palavra.
PS: Karl Barth (1886-1968), um grande teólogo cristão-protestante, pastor da Igreja Reformada e um dos líderes da teologia dialética e da neo-ortodoxia protestante.
(1) Missal Cotidiano - Paulus - p.704.
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