A Igreja do Senhor
Reflexão à luz da passagem da Epístola aos Hebreus (Hb 3,7-14).
Assim lemos no Comentário do Missal Cotidiano:
“A tentação de considerar a fé em Deus como uma espécie de apólice de seguro: contra as desgraças e doenças, contra as injustiças e afrontas, contra as calamidades naturais, contra as próprias enfermidades espirituais.
Deus deve intervir para livrar o mundo das desgraças, punir os maus que não O honram e oprimem os Seus fiéis; deve intervir para livrar das insídias da dúvida e do pecado aqueles que O invocam.
A tentação de considerar a Igreja como um lugar de refúgio seguro, de onde se pode tranquilamente escutar o fragor das ondas que tragam os infelizes que estão ‘fora do porto’”. (1)
Refletindo...
Não se pode conceber a Igreja como uma “apólice de seguro” ou “lugar de refúgio seguro”.
Outra questão importante: como conceber uma Igreja em contínua busca da verdade, que se renova, em contínuo esforço de conversão de suas estruturas, para ser sinal de salvação para toda a humanidade, como assim quis o Senhor?
Retomemos o que nos disse o Papa Francisco, em sua Exortação Evangelii Gaudium:
“Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos” (EG n. 49).
Este é o caminho que devemos trilhar, conduzidos e assistidos pelo Espírito do Senhor, que não nos permite sentir qualquer espécie de orfandade divina, na fidelidade a Jesus e à Boa-Nova do Reino de Deus por Ele inaugurado.
Temos plena confiança de que Deus caminha conosco, e que, mesmo nas provações e dificuldades que tenhamos que enfrentar, Ele não Se faz ausente, como experimentaram os discípulos de Emaús (Lc 24), e as primeiras comunidades, em tempos difíceis de perseguição e martírio e ao longo de toda a história da Igreja, e tantos outros exemplos que nos encorajam no bom combate da fé.
Podemos rezar como o Salmista, e afirmar que Deus é nosso rochedo, nossa fortaleza, nosso libertador (Sl 18), mas não nos tira do mundo, não nos infantiliza.
Desde o princípio, quando Jesus chamou os discípulos, exigiu renúncias quotidianas necessárias, acompanhadas do carregar da cruz, para então, com coragem e liberdade, segui-Lo, anunciá-Lo e testemunhá-Lo até os confins do mundo.
Nem apólice de seguro, nem lugar de refúgio, mas uma barca fazendo a travessia no turbulento mar da vida, com coragem, pois com o Senhor não naufragaremos nos mares das adversidades, tristezas, infidelidades, iniquidades.
Portanto, urge que atravessemos o mar, confiantes na Palavra e Presença do Senhor, sobretudo quando d’Ele nos alimentamos no Sacramento dos Sacramentos: a Eucaristia.
(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág.631
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