quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Piedade, dor e amor

 


Piedade, dor e amor

 

Absalão, filho de Davi, morto de forma inusitada,

Ainda que tramasse contra o pai a usurpação do poder,

Arrancou do pai lágrimas de piedade, dor e amor.

 

Por vezes, podemos também viver situações,

Ainda que em contextos diferenciados,

Realidades que nos interpelam mesmos sentimentos:

 

Piedade, dor e amor nos consomem vorazmente,

Pedindo novas atitudes, olhares para a frente,

Sem remoer páginas do passado: um novo tempo.

 

Piedade, dor e amor se contraponham sempre

A sentimentos de vingança, endurecimento e ódio,

A fim de que o novo e belo de Deus floresça em nós.

 

Piedade, dor e amor ,pilares imprescindíveis

Para amizade social em todos os âmbitos,

Há de nos conduzir e iluminar nosso viver. Amém.

 

(1)  2 Sm 18,9-10.14b.24-25a.30-19,3

Em poucas palavras...

 


A graça de Deus

“A tentação de medir o progresso do Reino de Deus sempre ronda nossas comunidades: ainda com demasiada frequência, avaliamos as coisas sob o aspecto quantitativo e visível.

Quando fazemos estatísticas e levantamentos necessários, não podemos esquecer uma variável misteriosa, mas real, que pode mudar todos os valores dos nossos dados: a graça de Deus.” (1)

 

(1) Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 719 - passagem bíblica- 2 Sm 24,2.9-17

A cura expressa a misericórdia divina

 


A cura expressa a misericórdia divina

Sejamos iluminados pelo Comentário do Salmo 102, escrito por Santo Agostinho (séc. V):

“Temos descrito a enfermidade, chamemos agora o médico. Acaso não te curará Aquele que te criou de tal forma que, se houvesse observado a lei de saúde que te apresentou, não terias caído em enfermidades?

Por acaso não te ordenou e preceituou o que havias de tocar e não tocar para conservar-te são? Não quiseste ouvi-Lo para conservar tua saúde, ouve-O agora para recobrá-la.

Tua enfermidade fez-te experimentar a certeza dos seus preceitos: pois então, o que o homem aconselhado não cumpriu, pratique-o agora o experimentado. Que dureza é esta que não aprende nem da experiência?

Acaso não te curará Aquele que te criou em tal condição que nunca terias adoecido se quisesse cumprir suas ordens? Acaso não te curará Aquele que criou os anjos e que, depois de refazer-te, te iguala a eles? Aquele que criou os céus e a terra não curará aquele que fez à Sua imagem e semelhança? Ele te curará: só falta que te deixes curar.

Cura, sim, aos enfermos, mas não cura aos que não querem se curar. Existe, por acaso, situação melhor do que ter garantida a saúde? Esforçamo-nos por ter muitos bens terrenos que não estão ao nosso alcance.

Administramo-nos mil tipos de remédios, que afinal não nos curam. Quando há um enfermo, lhe dizemos que abandone toda preocupação, e lhe aconselhamos que não pense mais do que em sua saúde. Pois é o que foi dito a ti. Se não adoeces, pensa o que queiras; mas se estás enfermo, pensa sobretudo em tua saúde antes de qualquer outra coisa.

Tua saúde é somente Cristo; portanto, pensa n’Ele. Recebe o cálice de tua saúde d’Aquele que cura todas as tuas enfermidades. Se tu desejas esta saúde, a terás; quando buscas honras e riquezas, nem sempre o consegues; porém, isto vale mais e está ao alcance de tua vontade.

Aquele que curou tuas enfermidades, o que redimiu tua vida da corrupção... Todas as tuas enfermidades se curarão quando este corpo corruptível se revestir da incorruptibilidade. Tua vida foi redimida dela mesma. Já podes estar tranquilo; foi firmado um contrato de segura fidelidade.

Ninguém engana ao teu Redentor, ninguém o trapaceia, ninguém o força; Ele terminou o negócio, pagou o preço, derramou o sangue. O Filho de Deus, o direi, derramou o seu sangue por nós.

Ó alma, levanta-te, olha o que vales! Redimiu tua vida da corrupção. Com seu exemplo mostra-te o prêmio que prometeu. Ele morreu por nossos crimes e ressuscitou para nossa justificação; esperem os membros o que viram na Cabeça. Não cuidará de seu corpo Aquele que elevou sua Cabeça até o céu?” (1)

A enfermidade é uma realidade inerente à condição humana, da qual ninguém se encontra livre, mas Deus, na Sua infinita misericórdia, que nos criou por amor, jamais nos abandona, e vem sempre ao nosso encontro.

Na enfermidade, podemos experimentar a onipotência do amor divino que nos cura e nos liberta.

Sejamos curados pelo Senhor de nossas enfermidades, sejam físicas ou espirituais, e para tanto, é preciso que n’Ele confiemos, e no Seu tempo, a graça poderemos receber.

 

(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pp.387-388


Olhando para a janela de minha alma...

Olhando para a janela de minha alma...

Indago-me silenciosamente, debruçado sobre minha janela.
Mas de que adianta aqui ficar de braços cruzados?

Olho para a janela de minha alma e procuro respostas, saídas...

Reflito sobre minha fé em Cristo...
Cristo, que age por meio de nós como força de renovação;
Que difunde dons e talentos a pessoas livres, para que com sabedoria e coragem, vigilantes, saibam fazê-los frutificar.

Não creio no Deus que transforma as leis da natureza prolongando nossa passividade ou omissão.
Não creio no Deus que age em nosso lugar.
Não creio no Deus que organiza um sistema de segurança, nem mesmo para os que n'Ele creem ou não.

A Cruz é inevitável, Ele nunca nos enganou, ao contrário, nos antecipou sobre as eventuais perseguições, incompreensões, calúnias e até o extremo do martírio, acompanhado da mais bela confiança: a promessa de Sua Presença e a Imortalidade.

Creio no Espírito de Deus que nos impele a tornarmo-nos pessoas novas, que apesar dos contragolpes e oposições, continuam a edificar com amor um futuro mais sorridente.

Olho para a janela de minha alma.
Vislumbro um futuro mais sorridente!

Eucarísticos que somos, temos o Pão da Eternidade na Palavra e na Eucaristia.
Só Deus tem Palavra de Vida eterna e é o Pão da Eternidade.
Só Ele tem o antídoto da imortalidade, o remédio para não morrer.

Olho para a janela de minha alma.
Renovo minha esperança.
Não posso deixar que ela se fragilize, pulverize em morbidez indesejável.

Olho para a janela de minha alma:
Vejo que há saída.
Vejo que um novo cenário pode ser construído.

Está em nossas mãos, a mudança do cenário de nossas janelas. 
Os talentos divinos nos foram confiados.

Servos bons e fiéis sejamos, 
para que já gozemos a alegria do convívio do Senhor, 
para o gozo pleno na eternidade.

Não adianta lamentar o cenário de dor, morte e luto pela janela. 
Ele faz novas todas as coisas, disse-nos o autor do Apocalipse.

Creiamos n'Aquele que faz novas todas as coisas
a partir de nós e conosco.
Somente assim Ele reina e há de reinar.
Amém!

São João Bosco: um exemplo de educador

                                                                   

São João Bosco: um exemplo de educador

No dia 31 de janeiro, celebramos a Memória do Presbítero São João Bosco (séc. XIX), e a Liturgia das Horas nos apresenta um trecho de uma de suas Cartas.

Uma Carta sugestiva para ser refletida e discutida, sobretudo por aqueles que têm a difícil arte e graça de educar, sobretudo hoje, com tantos desafios.

“Antes de mais nada, se queremos ser amigos do verdadeiro bem de nossos alunos e levá-los ao cumprimento de seus deveres, é indispensável jamais vos esquecerdes de que representais os pais desta querida juventude. Ela foi sempre o terno objeto dos meus trabalhos, dos meus estudos e do meu ministério sacerdotal; não apenas meu, mas da cara congregação salesiana.

Quantas vezes, meus filhinhos, no decurso de toda a minha vida, tive de me convencer desta grande verdade! É mais fácil encolerizar-se do que ter paciência, ameaçar uma criança do que persuadi-la. Direi mesmo que é mais cômodo, para nossa impaciência e nossa soberba, castigar os que resistem do que corrigi-los, suportando-os com firmeza e suavidade.

Tomai cuidado para que ninguém vos julgue dominados por um ímpeto de violenta indignação. É muito difícil, quando se castiga, conservar aquela calma tão necessária para afastar qualquer dúvida de que agimos para demonstrar a nossa autoridade ou descarregar o próprio mau humor.

Consideremos como nossos filhos aqueles sobre os quais exercemos certo poder. Ponhamo-nos a seu serviço, assim como Jesus, que veio para obedecer e não para dar ordens; envergonhemo-nos de tudo o que nos possa dar aparência de dominadores; e se algum domínio exercemos sobre eles, é para melhor servirmos.

Assim procedia Jesus com seus apóstolos; tolerava-os na sua ignorância e rudeza, e até mesmo na sua pouca fidelidade. A afeição e a familiaridade com que tratava os pecadores eram tais que em alguns causava espanto, em outros, escândalo, mas em muitos infundia a esperança de receber o perdão de Deus. Por isso nos ordenou que aprendêssemos d’Ele a ser mansos e humildes de coração.

Uma vez que são nossos filhos, afastemos toda cólera quando devemos corrigir-lhes as faltas ou, pelo menos, a moderemos de tal modo que pareça totalmente dominada.

Nada de agitação de ânimo, nada de desprezo no olhar, nada de injúrias nos lábios; então sereis verdadeiros pais e conseguireis uma verdadeira correção.

Em determinados momentos muito graves, vale mais uma recomendação a Deus, um ato de humildade perante ele, do que uma tempestade de palavras que só fazem mal a quem as ouve e não têm proveito algum para quem as merece”.

Vejamos algumas indicações oportunas e necessárias na educação daqueles que nos são confiados, apresentadas e vivenciadas por Dom Bosco:

- Ele vivia uma paternidade em relação aos alunos com vistas ao bem destes (não como sinônimo de paternalismo);

- A correção e o castigo não sejam o “descarregar o próprio mau humor”;

- O exercício do poder e de domínio sobre aqueles que se educam seja de serviço, como assim o fez Jesus;

- A afeição e a familiaridade com aqueles que se educa, assim como Jesus tratava os pecadores, comunicando-lhes o perdão;

- As faltas devem ser corrigidas sem cólera, ou com moderação: verdadeiros pais e a verdadeira correção;

- A recomendação a Deus, em determinados momentos muitos graves, e não “uma tempestade de palavras que só fazem mal” – silêncio e oração confiante a Deus.

Tenhamos São João Bosco como modelo de educador, em nosso trabalho evangelizador, para que cuidemos, com ternura e proximidade, daqueles que de nós muito esperam.

Oremos:

Ó Deus, que suscitastes São João Bosco para educador e pai dos adolescentes, fazei que, inflamados da mesma caridade, procuremos a salvação de nossos irmãos, colocando-nos inteiramente ao Vosso serviço. Por N.S.J.C. Amém! 

Em poucas palavras...

 


“A apresentação de Jesus no templo...”

“A apresentação de Jesus no templo (Lc 2,22-39) mostra-O como Primogênito que pertence ao Senhor (Ex 13,2.12-13).

Com Simeão e Ana, é toda a expectativa de Israel que vem ao encontro do seu Salvador (a tradição bizantina designa por encontro este acontecimento).

Jesus é reconhecido como o Messias tão longamente esperado, «luz das nações» e «glória de Israel», mas também como «sinal de contradição».

A espada de dor, predita a Maria, anuncia essa outra oblação, perfeita e única, da cruz, que trará a salvação que Deus «preparou diante de todos os povos».”    (1)

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 529

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Em poucas palavras...

 


Purificados de nossos pecados

“O cristão que procura purificar-se do seu pecado e santificar-se com a ajuda da graça de Deus, não se encontra só.

«A vida de cada um dos filhos de Deus está ligada de modo admirável, em Cristo e por Cristo, à vida de todos os outros irmãos cristãos, na unidade sobrenatural do corpo Místico de Cristo, como que numa pessoa mística» (Papa São Paulo VI).” (1)

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 1474

Em poucas palavras...

 


Vida e saúde

“A vida e a saúde física são bens preciosos, confiados por Deus. Temos a obrigação de cuidar razoavelmente desses dons, tendo em conta as necessidades alheias e o bem comum.

O cuidado da saúde dos cidadãos requer a ajuda da sociedade para se conseguirem condições de vida que permitam crescer e atingir a maturidade: alimentação e vestuário, casa, cuidados de saúde, ensino básico, emprego, assistência social.” (1)

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 2288

A missão das comunidades diante da exclusão social

A missão das comunidades diante da exclusão social                                                                            
A cada momento nos deparamos com a realidade da exclusão social, uma das mais terríveis cruzes que pesam sobre nossas comunidades, provocando em nós um sentimento de indignação, mas não de indiferença e de apatia.

O compromisso radical com a justiça e com a solidariedade devem ser marcas permanentes em nossas Comunidades, ressuscitando a audácia profética e a revolucionária ternura, para que permaneçamos fiéis Àquele que nos chamou e nos enviou para glorificar a Deus, produzindo os frutos esperados e queridos por Ele, por Sua iniciativa e resposta de Seus discípulos…

Neste bom combate da fé, algumas características que devem marcar a vida da Igreja:

- Igreja do Evangelho, que salva a totalidade humana (corpo e alma);

- Igreja da profecia, como porta-voz e interpretadora do Projeto de Deus na história;

- Igreja do serviço, com a evangélica preferência pelos pobres;

- Igreja da escatologia, que busca o novo céu e a nova terra…

Na Encíclica “Ecclesia de Eucharistia”, o Santo Papa João Paulo II faz uma belíssima afirmação, que vem confirmar esta desafiadora e inauguradora missão de uma nova aurora de vida e comunhão:

“A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso caminho” (n. 19).

Com lucidez e ousadia, afirma que num mundo globalizado, marcado por mil contradições, onde os mais débeis, os menores e os mais pobres pouco podem esperar.

Portanto, nossas comunidades devem fazer brilhar a esperança cristã, pois foi também para isto que o Senhor quis ficar conosco na Eucaristia: para que, participantes do Banquete da vida, construamos uma nova humanidade, renovada pelo Seu amor; como o Evangelista João nos disse: “sem Ele nada podemos fazer” (Jo 15,5).

Nossas Comunidades devem crescer continuamente na paixão pelo Reino Deus inaugurado por Jesus de Nazaré, que por Sua prática de amor e ternura revelou o que há de mais humano em Deus e o que há de mais divino no homem e na mulher.

Amá-Lo e segui-Lo é procurar os caminhos da comunhão para superação de toda e qualquer lógica de exclusão, dentro e fora da Igreja.

No amor a Deus e à Sua Palavra, alimentando-se do Pão da Eucaristia, nossas comunidades se renovam e se revitalizam para a urgente, sempre atual e divina missão: a comunhão com Deus e com o próximo!

O caminho da felicidade passa pela Cruz

  
O caminho da felicidade passa pela Cruz

Todos desejamos e buscamos a felicidade a cada instante de nossa vida, pois bem sabemos e cremos que Deus nos criou para a felicidade plena, que passa inevitavelmente pela Cruz.

Meditando sobre o tema felicidade, encontrei em um Livro de Oração algumas propostas para alcançá-la.

Embora simples, creio são pertinentes e podem mesmo favorecer para que tenhamos uma vida mais feliz, numa madura relação interpessoal mais fraterna, com notável crescimento humano e espiritual.

Vejamos como podemos percebê-las e vivê-las em nosso dia a dia.

- Elogie três pessoas por dia;
- Cumprimente as pessoas que encontrar pelo caminho;
- Sorria. Não custa nada e não tem preço;

- Saiba perdoar a si e aos outros;
- Trate a todos como gostaria de ser tratado;
- Pratique a caridade;

- Faça novos amigos;
- Reconheça seus erros e valorize seus acertos;
- Dê às pessoas uma segunda chance;

- Respeite a vida;
- Dê sempre o melhor de si, em todos os momentos;
- Reze não só para pedir coisas, mas principalmente para agradecer.

Observando atentamente, veremos que estas atitudes simples nos remetem à passagens do Evangelho, de modo muito especial, ao Sermão da Montanha, quando Jesus nos apresentou a proposta da autêntica felicidade (Mt 5, 1-12).

Um Sermão ouvido na montanha para ser vivido na planície do quotidiano. Pois se as Bem-Aventuranças forem encarnadas, inauguram-se relações de partilha, solidariedade, comunhão e amor, humildade, gratuidade, doação... Ganham vigor as relações fraternas. 

Creio que o caminho da felicidade passa inevitavelmente pela Cruz assumida com maturidade e responsabilidade – “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua Cruz de cada dia e me siga” (Lc 9, 23).

Firmemos nossos passos neste itinerário da fé, com coragem e confiança na ação divina, contando sempre com a força da Oração, que não nos permite desviar do Projeto de vida, alegria e paz que o Senhor tem para todos nós, sempre nos lembrando de Suas Palavras:

“Se vocês obedecerem aos meus Mandamentos, permanecerão
no meu Amor, assim como Eu obedeci aos Mandamentos
de meu Pai e permaneço no Seu Amor. Eu disse isto a vocês
para que a minha alegria esteja em vocês, e a
alegria de vocês seja completa.” (Jo 15, 10-11).

Do fermento do Maligno livrai-nos, Senhor!

                                                 

Do fermento do Maligno livrai-nos, Senhor!
Somente com Jesus
 somos libertos do fermento do Maligno,
e nos tornamos com Ele mais que vencedores

Quando a vida e a fé se irmanam em eterno abraço,
Do suor do trabalho comemos o pão de cada dia,
Plenificados de Vida que vem do Corpo e Sangue – Eucaristia.

Precisamos do pão provisório, indiscutivelmente,
Não tão pouco para mendigar e nem ter fome,
Nem tanto que prescindamos do Pão Essencial.

Precisamos do Pão Eterno, imprescindivelmente,
Corpo e Sangue, verdadeiramente Comida e Bebida
Que sacia, inebria, fortalece... Efeitos da Eucaristia.

Em cada Banquete Eucarístico, ativa e conscientemente participado,
Tríplice ação divina: a fé é nutrida, a esperança é incentivada,
A caridade é mais que fortalecida e na vida testemunhada.

Ouvindo e acolhendo Vossa Palavra e envolvidos pelo Amor Divino,
Renovamos forças para a superação das tentações fundamentais,
Com Cristo que nos liberta de todo fermento do Maligno

Aprendemos, primeiro, a superar toda forma de egoísmo,
E a busca ansiosa pelos bens materiais cede lugar
Para uma vida frugal, simples, de alegre partilha.

Aprendemos que a sede de posse e de domínio sobre os outros
Cedem lugar para a mais bela face expressiva do poder,
Que se traduz no amor aos pobres, alegria do serviço.

Aprendemos, finalmente, que a ilusão do sucesso imediato,
Do prestígio alcançado a qualquer preço, não encontram lugar
No coração de quem a fidelidade a Deus, vivo e verdadeiro, procura viver.

Com Jesus, mais que vencedores tornam-se Seus discípulos.
É a comunidade dos remidos que, como Igreja,
Empenha-se na luta pela libertação da humanidade das forças do mal.

Sendo a Salvação plena e universal, torna-se inconcebível
Miséria, ignorância, ódio e violência, febril consumo,
Inveja, cobiça, egoísmo e a funesta falta de amor.

Como Igreja, cumprindo a missão plena dos dons do Espírito,
Com a força de Cristo Ressuscitado, que d’Ele nunca se afasta,
Trilhamos o caminho para a construção do Reino, sinal de um mundo novo.

Uma súplica ao Senhor, com coração confiante, elevemos:
Do fermento do Maligno livrai-nos, Senhor!

Evangelização e acolhida do sopro do Espírito

             
Evangelização e acolhida do sopro do Espírito

“Ai de mim se seu não evangelizar” (1 Cor 9,16).

A Evangelização na cidade tem inúmeros e grandes desafios, de modo que, tão somente abertos à acolhida do sopro do Espírito, se é capaz de dar respostas sólidas, enfrentando-os na planície do quotidiano, atentos à voz do Filho Amado que precisa ser escutado.

Abertos a este sopro, a Igreja precisa multiplicar ações diante da violação da dignidade da pessoa humana e na profética defesa da vida, desde a concepção até o seu declínio natural.

Seremos assim uma Igreja mais viva, participativa, dinâmica, renovada e com fortalecimento dos ministérios e o surgimento de novos, edificando uma Igreja verdadeiramente sinodal.

Permanece forte o apelo da Conferência de Aparecida (2007), para a conversão das estruturas paroquiais e serviços, bem como de todos que se encontram inseridos e comprometidos com a evangelização.

Abertos ao Sopro do Espírito, é mais do que emergente a multiplicação do trabalho e iniciativas diversas para a santificação e solidificação da família, que passa por sérios momentos de desestruturação por diversos motivos (inúmeros são os ventos e tempestades enfrentados pela mesma).

O Espírito Santo também conduz no fortalecimento da dimensão missionária da Igreja – urge ir ao encontro dos católicos afastados, mas sem se esquecer de enraizar e solidificar os que nela já estão participando, fortalecendo laços sinceros de amizade, comunhão e solidariedade, superando toda e qualquer forma de anonimato numa bela e alegre atitude de acolhida mútua, que vai muito além de um seja bem-vindo!

Este Sopro nos pede mais ousadia nos meios de comunicação social, para que possamos comunicar a todos a Boa-Nova do Evangelho em novos areópagos, chegando às escolas, às universidades, ao mundo do trabalho, às instâncias de decisões que afetam substancialmente a vida do Povo de Deus. A Comunicação não pode ficar restrita ao espaço de nossas salas e Igrejas.

O sopro do Espírito também nos inquieta e nos desinstala para que nos empenhemos na transformação da sociedade, com a superação da apatia e indiferença diante da política, não perdendo a esperança, não permitindo apagar a chama profética que todo batizado recebe no dia de seu Batismo, para ser sal da terra e luz do mundo.

Deste modo, não ficaremos indiferentes diante da necessária inclusão social em todas as suas formas e dimensões, como expressão da evangélica opção preferencial pelos pobres, que jamais pode ser esquecida pela Igreja, na fidelidade à prática de Jesus Cristo na realização do Reino de Deus.

E, assim, sempre atentos a estes sopros, edificaremos uma Igreja do anúncio, testemunho, serviço e diálogo, fortalecendo os pilares da Palavra, da Eucaristia, da Caridade e da Ação Missionária.

Com a abertura e acolhida do sopro do Espírito, cresçamos na  fidelidade à Palavra do Senhor, com aquela inquietante preocupação do Apóstolo Paulo, que deve ser de todos nós: “Ai de mim se seu não evangelizar” (1 Cor 9,16).

Comunidade de comunidades: uma nova Paróquia

Comunidade de comunidades: uma nova Paróquia

“Ide pelo mundo,
pregai a Boa-Nova do Evangelho”

Deve nos interpelar o que nos disse o Papa Francisco, em sua Exortação “Evangelium Gaudium” – A alegria do Evangelho –, e também os Bispos do Brasil, como vemos no Documento nº100 – “Comunidade de comunidades: uma nova Paróquia – A conversão pastoral da Paróquia”.

Urge a construção de uma Paróquia como Comunidade de comunidades, como presença eclesial no território, muito mais que a presença de um prédio edificado por mãos humanas.

Deste modo, elas serão um espaço privilegiado da escuta da Palavra de Deus, (diálogo, anúncio, adoração e celebração), ou seja: a casa do Pão da Palavra, do Pão da Eucaristia e do Pão da caridade.

Através das inúmeras atividades, é preciso incentivar e formar os agentes para a evangelização, tendo como protagonista indispensável o Espírito Santo.

Ela se tornará uma célula viva, uma “comunidade de comunidades”, um santuário onde os sedentos vão beber água cristalina para a continuidade da comunidade, mas ao mesmo tempo centro de constante envio missionário.

Precisamos dar à Paróquia um rosto novo, tornando-a mais dinâmica, acolhedora e missionária. Para tanto, é preciso uma profunda e sincera conversão pastoral, com novo espírito, novo ardor (cf. Documento de Aparecida - n. 365-372).

Como ser uma Igreja missionária na cidade em que vivemos, ampliando e formando pequenas comunidades de discípulos convertidos pela Palavra de Deus, conscientes de viver em constante estado de missão, superando toda e qualquer forma de desânimo e acomodação?

Reflitamos:

- como ser uma Igreja Missionária na cidade, procurando ir ao encontro das pessoas e a elas comunicar a Boa-Nova do Evangelho?

Não podemos mais ficar no “vinde”, é o tempo do “ide”, como assim o foi desde o início da missão confiada por Jesus aos Seus discípulos|: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado» (Mt 28, 19-20).

É preciso coragem para que nos desinstalemos, sobretudo na acolhida e solidariedade para com os mais empobrecidos. Ressoando as palavras do Papa Francisco: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos” (Evangelii Gaudium - n. 40).

Muito já fizemos, mas há ainda um longo caminho a ser percorrido, para que vivamos a vocação como dom de Deus, como um chamado que Ele nos fez e espera nossa resposta, para que trabalhemos como alegres discípulos missionários de Sua vinha.

Temos que consumir nosso tempo e forças para que a Boa-Nova seja anunciada, a fim de que o Reino de Deus aconteça, como pequeno grão de mostarda, que germina, torna-se uma grande árvore, e os pássaros vêm nela fazer seus ninhos.  

Eis a nossa missão: fecundar o mundo novo, no testemunho corajoso de nossa fé, dando razão de nossa esperança, em ativa e frutuosa caridade.