Nós veremos o que eles ardentemente esperaram...
O Tempo do Advento tem uma riquíssima beleza peculiar, como podemos constatar nesta Carta Pastoral do Bispo São Carlos Borromeu (séc. XVI).
Apresento-a por partes, precedidas por pequenos comentários.
Inicia afirmando que estamos no Tempo do Advento, que consiste no tempo favorável para revermos compromissos de paz, em sinceros gestos de reconciliação.
“Caros filhos, eis chegado o tempo tão importante e solene que, conforme diz o Espírito Santo, é o momento favorável, o dia da salvação (cf. 2 Cor 6, 2), da paz e da reconciliação.”
Somos remetidos ao tempo dos Patriarcas e Profetas, que desejaram ver o que podemos em breve celebrar, porque a promessa se realizou: O Messias prometido nasceu e veio ao nosso encontro. O Natal é a Celebração desta mais bela realização e presente de Deus para nós, como bem profetizou o justo Simeão ao acolhê-Lo e reconhecê-Lo como Luz das nações:
“É o tempo que outrora os Patriarcas e Profetas tão ardentemente desejaram com seus anseios e suspiros; o tempo que o justo Simeão finalmente pôde ver cheio de alegria, tempo celebrado sempre com solenidade pela Igreja, e que também deve ser constantemente vivido com fervor, louvando e agradecendo ao Pai eterno pela misericórdia que nos revelou nesse Mistério.”
Veio ao nosso encontro como manifestação da misericórdia e bondade de Deus. Vem para estas finalidades tão belissimamente apresentadas, que merece uma longa pausa para meditação...
“Em Seu imenso Amor por nós, pecadores, o Pai enviou Seu Filho único a fim de libertar-nos da tirania e do poder do demônio, convidar-nos para o céu, revelar-nos os Mistérios do Seu Reino celeste, mostrar-nos a luz da verdade, ensinar-nos a honestidade dos costumes, comunicar-nos os germes das virtudes, enriquecer-nos com os tesouros da Sua graça e, enfim, adotar-nos como Seus filhos e herdeiros da vida eterna.”
Após meditarmos, continuemos e acolhamos a exortação que o Bispo nos faz como Igreja neste tempo, para que saibamos fazer vinda de Cristo proveitosa para nós, e para todos com quem convivemos, vivendo intensamente cada dia deste Tempo do Advento e vivendo intensamente a riqueza Litúrgica que nos é propiciada pela Igreja.
“Celebrando cada ano este Mistério, a Igreja nos exorta a renovar continuamente a lembrança de tão grande Amor de Deus para conosco. Ensina-nos também que a vinda de Cristo não foi proveitosa apenas para os Seus contemporâneos, mas que a sua eficácia é comunicada a todos nós se, mediante a fé e os Sacramentos, quisermos receber a graça que Ele nos prometeu, e orientar nossa vida de acordo com os Seus ensinamentos.”
Ele veio uma primeira vez ao mundo e quer vir sempre em nossos corações habitar. Não ponhamos resistência a este desejo Seu, e que nosso coração seja despojado e preparado para acolhida de tão belo Hóspede de nossa alma:
“A Igreja deseja ainda ardentemente fazer-nos compreender que o Cristo, assim como veio uma só vez a este mundo, revestido da nossa carne, também está disposto a vir de novo, a qualquer momento, para habitar espiritualmente em nossos corações com a profusão de Suas graças, se não opusermos resistência.”
É preciso celebrar e viver intensamente o Advento como tempo fecundo da acolhida da Palavra de Deus em nosso coração, para que ela possa germinar, florescer e frutificar em alegria, vida, esperança, amor, luz e paz e tudo mais quanto possamos pensar e dizer que Deus queira e pode nos oferecer:
“Por isso, a Igreja, como mãe amantíssima e cheia de zelo pela nossa salvação, nos ensina durante este tempo, com diversas Celebrações, com hinos, cânticos e outras palavras do Espírito Santo, como receber convenientemente e de coração agradecido este imenso benefício e a enriquecer-nos com seus frutos, de modo que nos preparemos para a chegada de Cristo nosso Senhor com tanta solicitude como se Ele estivesse para vir novamente ao mundo. É com esta diligência e esperança que os Patriarcas do Antigo Testamento nos ensinaram, tanto em palavras como em exemplos, a preparar a Sua vinda.”
Acolhida a Carta na mente e nas entranhas do coração, nossa alma reluz, como é próprio daqueles que a Deus se abrem e se deixam transformar por palavras que nos falam d’Ele; palavras que nos aquecem, fortalecem, iluminam...
Oremos:
“Senhor nosso Deus, dai-nos esperar solícitos a vinda do Cristo, Vosso Filho. Que Ele, ao chegar, nos encontre vigilantes na Oração e proclamando o Seu louvor. Por N. S. J. C. Amém”
“Maranathá”!
Vem Senhor Jesus!
Vem Senhor Jesus!
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