sábado, 9 de dezembro de 2023

Esperança, caridade e paciência

                                                 

Esperança, caridade e paciência

"Entretanto Tu, Senhor, és Deus compassivo e misericordioso,
rico em paciência, amor leal e justiça;”

Acolhamos um trecho do Tratado sobre o bem da paciência, do Bispo e mártir São Cipriano, (Séc. III), preparando-nos para o Natal do Senhor.

É este o preceito salvífico de nosso Senhor e Mestre: Quem perseverar até o fim, será salvo (Mt 10,22). E ainda: Se permanecerdes na minha Palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8,31-32).

É preciso ter paciência e perseverar, irmãos caríssimos, para que, tendo sido introduzidos na esperança da verdade e da liberdade, possamos chegar à verdade e à liberdade. O fato de sermos cristãos exige que tenhamos fé e esperança, mas a paciência é necessária para que elas possam dar seus frutos.

Nós não buscamos a glória presente, mas a futura, como também ensina o Apóstolo Paulo: Já fomos salvos, mas na esperança. Ora, o objeto da esperança não é aquilo que se vê; como pode alguém esperar o que já vê? Mas se esperamos o que não vemos, é porque o estamos aguardando mediante a perseverança (Rm 8,24-25).

A esperança e a paciência são necessárias para levarmos a bom termo o que começamos a ser e para conseguirmos aquilo que, tendo-nos sido apresentado por Deus, esperamos e acreditamos.

Noutro lugar, o mesmo Apóstolo ensina os justos, os que praticam o bem e os que acumulam para si tesouros no céu, na esperança da felicidade eterna, a serem também pacientes, dizendo:

Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, principalmente aos irmãos na fé. Não desanimemos de fazer o bem, pois no tempo devido haveremos de colher, sem desânimo (Gl 6,10.9).

Ele recomenda a todos que não deixem de fazer o bem por falta de paciência; que ninguém, vencido ou desanimado pelas tentações, desista no meio do caminho do mérito e da glória, e venha a perder as boas obras já feitas, por não ter levado até o fim o que começou.

Finalmente, o Apóstolo, ao falar da caridade, une a ela a tolerância e a paciência. A caridade, diz ele, é paciente, é benigna; não é invejosa, não se ensoberbece, não se encoleriza, não suspeita mal; tudo ama, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (1Cor 13,4-5). Ensina-nos, portanto, que só a caridade pode permanecer, porque é capaz de tudo suportar.

E noutra passagem diz: Suportai-vos uns aos outros com amor; aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz (Ef 4,2b-3).

Provou deste modo que só é possível conservar a união e a paz quando os irmãos se suportam mutuamente e guardam, mediante a paciência, o vínculo da concórdia”.

Tempo do Advento é para nós o tempo de fecundar o nosso coração, um tempo favorável da espera e transformação de nossa vida, preparando a chegada do Senhor, e assim, com o coração inflamado do Amor de Deus, vivamos os vínculos da concórdia, com maior paciência para enfrentar as adversidades e as contrariedades que eventualmente possam acontecer.

É tempo de nos fortalecermos na prática das virtudes divinas, fazendo progressos na virtude da paciência.

Ela é a virtude do ser humano que consiste na disposição de suportar a adversidade de forma voluntária, enquanto se está à espera de algo, e, como cristãos, estamos na espera do que não vemos.

Caridade acima de tudo, na espera do Senhor que vem, nos fará mais pacientes com o outro e conosco, porque assim é Deus, como rezou o Salmista: Entretanto Tu, Senhor, és Deus compassivo e misericordioso, rico em paciência, amor leal e justiça.” (Sl 86).

Preparemos com todo zelo e empenho o Natal do Senhor e mantenhamos a paciência nas adversidades próprias da condição humana.

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