Anunciemos Aquele que foi apresentado! (Sagrada Família - Ano B)
Anunciemos Aquele que foi apresentado! Na Festa da Sagrada Família (ano B) é proclamada a
passagem do Evangelho (Lc 2, 22-40). Maria e José levam o menino Jesus, depois de
quarenta dias do Seu nascimento, para apresentá-Lo no templo, no pleno cumprimento
da Lei de Moisés. Normalmente,
contemplamos este acontecimento quando rezamos os Mistérios gozosos, que trazem
em si o germe dos mistérios dolorosos, assim como os gloriosos e luminosos,
quando, justo e piedoso. Simeão, lá no templo,
anuncia a Maria que uma espada lhe transpassaria a alma. Referindo-se à missão d’Aquela
criança, luz das nações, salvador de todos os povos, causa de queda e
reerguimento de muitos. Os Santos Padres da
Igreja dizem que, nesta apresentação, Maria oferecia seu Filho para a obra da
redenção com a qual Ele estava comprometido desde o princípio. É iluminador o Sermão
do bispo São Sofrônio (séc. VII) em alusão a este acontecimento: “Todos
nós que celebramos e veneramos com tanta piedade o Mistério do encontro do
Senhor, corramos para Ele cheios de entusiasmo. Ninguém
deixe de participar deste encontro, ninguém recuse levar Sua luz. Acrescentamos
também algo ao brilho das velas, para significar o esplendor divino daquele que
Se aproxima e ilumina todas as coisas; Ele dissipa as trevas do mal com a Sua
luz eterna, e, também, manifesta o esplendor da alma, com o qual devemos correr
ao encontro com Cristo. Do
mesmo modo que a Mãe de Deus Virgem imaculada trouxe nos braços a verdadeira
luz e a comunicou aos que jaziam nas trevas, assim também nós: iluminados pelo
Seu fulgor e trazendo na mão uma luz que brilha diante de todos, corramos
prontamente ao encontro d’Aquele que é a verdadeira luz. Realmente,
a luz veio ao mundo (Jo 1,9) e dispersou as sombras que o cobriam; o sol que
nasce do alto nos visitou (Lc 1,78) e iluminou os que jaziam nas trevas. É
este o significado do Mistério que hoje celebramos. Por isso caminhamos com
lâmpadas nas mãos, por isso acorremos trazendo as luzes, não apenas
simbolizando que a luz já brilhou para nós, mas também para anunciar o
esplendor maior que dela nos virá no futuro. Por
este motivo, vamos todos juntos, corramos ao encontro de Deus.Chegou a verdadeira luz, que vindo ao mundo ilumina todo ser humano (Jo
1, 9). Portanto,
irmãos, deixemos que ela nos ilumine, que ela brilhe sobre todos nós. Que
ninguém fique excluído deste esplendor, ninguém insista em continuar mergulhado
na noite. Mas avancemos todos resplandecentes. Iluminados,
por este fulgor, vamos todos ao Seu encontro e com o velho Simeão recebamos a
luz clara e eterna. Associemo-nos
a sua alegria e cantemos com ele um hino de ação de graças ao Criador e Pai da
luz, que enviou a luz verdadeira e, afastando todas as trevas, nos fez
participantes do Seu esplendor. A
Salvação de Deus, preparada diante de todos os povos, manifestou a glória que
nos pertence, a nós que somos o novo Israel. Também
fez com que víssemos, graças a Ele, essa Salvação e fossemos absolvidos da
antiga e tenebrosa culpa. Assim
aconteceu com Simeão que, depois de ver a Cristo, foi libertado dos laços da
vida presente. Também
nós abraçando, pela fé, a Cristo Jesus que nasce em Belém, de pagãos que
éramos, nos tornamos povo de Deus – Jesus é, com efeito, a Salvação de Deus Pai
– e vemos com nossos próprios olhos o Deus feito homem. E
porque vimos a presença de Deus, e a recebemos, por assim dizer, nos braços do
nosso espírito, somos chamados de novo Israel. Todos
os anos celebramos novamente esta festa, para nunca esquecermos d’Aquele que um
dia há de voltar.” (1) Como disse o bispo: “...
Ninguém insista em continuar mergulhado na noite.” Recebamos nos braços do
nosso espírito o Salvador, a Luz das nações. Com o feliz Simeão,
digamos: “Agora,
Senhor, deixai o Vosso servo ir em paz, segundo a Vossa Palavra. Porque os meus
olhos viram a Vossa salvação que preparastes diante de todos os povos, como luz
para iluminar as nações, e para a glória de Vosso povo de Israel (Lc 2,29-32).” Concluindo, com as
palavras do Salmista: “O Senhor
é a minha luz e a minha salvação, de quem eu terei medo? O Senhor é a fortaleza
da minha vida: frente a quem eu temerei? (Sl 27). Amém.
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