Sabedoria
nos discernimentos e intenções
Sejamos
enriquecidos por um dos Tratados de Balduíno de Cantuária (Séc. XII).
“O Senhor conhece os
pensamentos e as intenções de nosso coração. Quanto a si, conhece-os todos, sem
dúvida alguma; quanto a nós, conhece aqueles que sua graça nos faz devidamente
discernir. O espírito que há no homem não conhece tudo que existe no homem, e
percebe a respeito de seus pensamentos quais os que deve ou não aceitar.
Contudo, nem sempre julga conforme a realidade. O que vê pelos olhos da mente
não o discerne com exatidão, por causa da fraqueza da vista.
É frequente que,
pela própria imaginação ou por outra pessoa ou pelo tentador, se apresente algo
sob a aparência de piedade que, aos olhos de Deus, não merece o prêmio da
virtude. Pois existem simulacros das verdadeiras virtudes e, também, dos
vícios, que iludem os olhos do coração. Como por artifícios, de tal forma
pressionam a penetração do espírito que muitas vezes lhe parece ver o bem onde
não existe ou o mal onde não está. Faz isto parte de nossa miséria e
ignorância, muito triste e muito de se lamentar e temer.
Está escrito: ‘Caminhos
há que parecem retos ao homem, cujo fim leva ao inferno’. Para evitar esse
perigo, São João nos adverte: ‘Provai os espíritos a ver se são de Deus’. Quem
poderá provar se os espíritos são de Deus, se não lhe for dado por Deus o
discernimento dos mesmos, para que possa examinar com precisão e verdadeiro
juízo os pensamentos, afetos e intenções espirituais? Na verdade, a discrição é
a mãe de todas as virtudes, necessária a cada um, seja para a orientação da
vida de outros, seja para o governo e correção da sua.
É reto o pensamento
do que há a fazer, se dirigido pela vontade de Deus, se a intenção é
simplesmente dirigida para ele. Desta forma todo o corpo de nossa vida ou de
qualquer ação nossa será luminoso, sendo simples os olhos. O olho simples é
olho e é simples porque pelo julgamento reto vê o que deve fazer e, pela
intenção pura, age com simplicidade naquilo que nunca deveria fazer-se com
duplicidade. O julgamento reto não admite o erro; a intenção pura exclui o
fingimento. Este é o verdadeiro discernimento: a junção do reto juízo e da pura
intenção.
Tudo isto se há de
fazer à luz da discrição, como em Deus e diante de Deus.”
Retomemos a
conclusão:
“O julgamento reto
não admite o erro; a intenção pura exclui o fingimento. Este é o verdadeiro
discernimento: a junção do reto juízo e da pura intenção. Tudo isto se há de
fazer à luz da discrição, como em Deus e diante de Deus.”
De
fato, o Senhor é quem discerne os pensamentos e as intenções do seu coração.
Muitas
vezes, somos chamados ao discernimento e decisões, e quão necessária é a
assistência do Espírito Santo, na mais perfeita sintonia com o Projeto de Deus.
Supliquemos para que, com a Luz do Santo Espírito, saibamos
fazer os necessários discernimentos, e que em nosso coração esteja sempre
presente a pura intenção diante de Deus, a fim de que saibamos e correspondamos à Sua divina vontade.
“Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis...”
Nenhum comentário:
Postar um comentário