Companheiros na travessia
Todas as vezes que celebramos a Eucaristia, degustamos a Palavra, precedida por uma preparação, que se torna cada vez mais um imperativo no mundo pós-moderno, em procura da saciedade de amor, alegria, paz, luz.
A Liturgia da Palavra, inseparavelmente da Liturgia Eucarística, são imprescindíveis Mesas que nos revigoram, nos dão forças em nossas travessias, por vezes sombrias, obscuras em alguns momentos.
Viver, de fato, é uma grande travessia:
“Tornar-se companheiro de viagem de cada homem, ser para cada homem ‘Sacramento ‘do Amor de Deus com os gestos, tal como com as palavras: é este o compromisso irrenunciável que as leituras de hoje colocam à nossa frente.
Somos chamados a viver a responsabilidade de fazer da dupla Mesa do Pão e da Palavra o centro, o coração da vida, tornando-a disponível a quem quer que possamos encontrar:
Somos chamados a tornar-nos companheiros de viagem, e, portanto, a tornar-nos dom, na missão que Deus nos confia, identificando-nos com essa missão sem querer nada para nós, e desaparecer nela e com ela; como o diácono Filipe, que cumpre a sua missão e logo é arrebatado pelo Espírito por ser destinado a outras missões.” (1)
Nesta travessia, como companheiros de viagem, é fundamental que nos ajudemos reciprocamente com os dons que Deus nos concede a cada um:
“Nesta caminhada, tão profundamente humana, todos podemos descobrir-nos, companheiros de viagem e iluminar-nos reciprocamente com os dons que Deus concede a cada um” (2).
Deste modo:
Companheiros de viagem, haveremos de ser também,
Companheiros de viagem, também precisamos ter.
Companheiro é aquele que come o pão no mesmo prato;
Que partilha as alegrias, vitórias, conquistas,
Mas que também é solícito para compartilhar
Tristezas, derrotas, perdas, por vezes irreparáveis.
Que nos fala, com a palavra e com a vida,
Uma palavra, sobretudo uma Palavra Divina.
Que nos ajuda a firmar os passos na direção
De uma eternidade feliz, desde o tempo presente.
Que nos abre os olhos para o necessário,
Não permitindo que o medo nos cegue.
Que não faz média, pacto de mediocridade,
Sem conivência com o erro e a falta da verdade.
Que nos toma pelas mãos para adiante seguir,
Sem dar em nosso lugar os necessários passos.
Que sabe contar e cantar os sonhos que nos movem,
Porque de sonhos e cantos também vivemos.
Que nos ajuda a enfrentar os terríveis pesadelos,
Confiantes que não têm eles a última palavra.
Que compartilhe as dúvidas e incertezas do momento que vivemos,
Nas escolhas que haveremos de fazer, para maiores acertos.
Que nos ajuda a não trair os princípios de nossa fé,
Sobretudo os que se referem à dignidade e sacralidade da vida.
Companheiros que me ajudem a continuar esta reflexão,
Porque companheiros se enriquecem reciprocamente.
Companheiros de viagem, precisamos!
Companheiros de viagem, sejamos!
(1) Lecionário Comentado – Tempo Pascal - p.470.
(2) Idem – Tempo Comum – Vol. II – p.476
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