Parábolas
do cotidiano
Uma
estória que traz uma mensagem essencial, sobretudo para os tempos em que
vivemos.
“Há muito tempo, a
Verdade, a Mentira, o Fogo e a Água estavam viajando e chegaram a um rebanho de
gado. Discutiram o assunto e chegaram à conclusão de que seria melhor dividir o
rebanho em quatro partes iguais para que cada um pudesse levar consigo uma
quantidade igual de animais.
Mas a Mentira era
gananciosa e arquitetou um plano para ficar com uma parte maior.
- Ouça o meu
conselho - sussurrou ela, puxando a Água para um canto. - O Fogo está
planejando queimar toda a relva e as árvores das suas margens para conduzir seu
gado pelas planícies e ficar com os animais para si. Se eu fosse você, acabaria
com ele logo agora, e assim repartiríamos a parte dele entre nós.
A Água foi tola o
suficiente para acatar o conselho da Mentira e lançou-se sobre o Fogo,
apagando-o.
E a Mentira
dirigiu-se em seguida para a Verdade, sussurrando-lhe:
- Veja só o que fez
a Água! Acabou com o Fogo para ficar com o gado dele. Não deveríamos
associar-nos a alguém assim. Deveríamos pegar todo o gado e partir para as
montanhas.
A Verdade acreditou
nas palavras da Mentira e concordou com seu plano. E, juntas, levaram o gado
para as montanhas.
- Esperem por mim -
disse a Água, correndo no seu encalço, mas é claro que não conseguiu correr
morro acima. E foi deixada para trás, no vale.
Ao chegarem no topo
da montanha mais alta, a Mentira virou-se para a Verdade e pôs-se a rir.
- Consegui
enganá-la, sua idiota! - disse ela, soltando uma risada estridente. - Agora
você vai me dar todo o gado e será minha escrava, ou eu a destruirei.
- Ora essa! Você me
enganou - admitiu a Verdade. - Mas eu jamais serei sua escrava.
E as duas brigaram;
e enquanto se batiam, os trovões ecoavam pelas montanhas. As duas se agrediram
como o quê, mas nenhuma conseguiu destruir a outra.
Acabaram decidindo
chamar o Vento para decidir quem seria a vencedora da disputa. E o Vento subiu
a montanha a toda velocidade, e escutou o que ambas tinham a dizer. E por fim
falou:
- Não me cabe
apontar a vencedora. A Verdade e a Mentira estão fadadas à disputa. Às vezes, a
Verdade ganhará; outras vezes a Mentira prevalecerá; neste caso, a Verdade
deverá se erguer e tornar a lutar. Até o fim do mundo, a Verdade deverá combater
a Mentira e jamais buscar o descanso ou baixar a guarda; caso contrário, será
aniquilada para sempre.
Assim é que a
Verdade e a Mentira continuam lutando até hoje”.
De
fato, a Verdade e a Mentira continuam lutando até hoje, e esta luta ganhou
dimensões imensuráveis no mundo digital, haja vista toda problemática de “Fake
News”, com seus
promotores e vítimas incontáveis.
Quanto
sofrimento, perdas, amizades destruídas, e injustiças realizadas, e a morte em
sua expressão máxima: morte de indivíduos, mas também a morte de nossa Casa
Comum.
Também
em nossos relacionamentos este duelo se faz presente, na família, na comunidade
eclesial que participamos, ou qualquer outra forma de comunidade, e mesmo no
emaranhado dos pensamentos e atitudes de cada pessoa.
Vigilantes
sejamos, para não sermos envolvidos pelas tramas diabólicas da mentira, cujo
pai é “Satanás”, como lemos na passagem do Evangelho (Jo 8,44):
“Vós
sois do diabo, vosso pai, e quereis realizar os desejos de vosso pai. Ele foi
homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque nele não há
verdade: quando ele mente, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai
da mentira”.
(1) O Livro das Virtudes - William J. Bennett -
Editora Nova Fronteira
Nenhum comentário:
Postar um comentário