Com
Maria, contemplemos e adoremos a Divina Criança
Celebrando a Solenidade da Mãe de Deus, Maria, sejamos enriquecidos
pelo Sermão de São Basílio de Selêucia (séc. V).
“O Criador do
Universo, o todo-poderoso, nascido da Virgem Mãe de Deus, uniu-se à natureza
humana; Ele assumiu uma carne verdadeiramente dotada de uma alma, e não
experimentou culpa alguma: ‘Ele não cometeu pecado, nem se achou falsidade em
sua boca’.
Corpo sagrado que
abrigava o Senhor! Em Maria foi anulada a constatação de nosso pecado, pois foi
nela que Deus Se fez homem, permanecendo Deus.
Ele quis submeter-se
a esta gravidez, e Se humilhou ao nascer como nós, sem abandonar o seio do Pai,
satisfez-Se com os afagos de sua Mãe. Porque Deus não fica dividido quando cumpre
sua vontade; isto é, mesmo permanecendo para todos indivisível, Ele dá a
Salvação ao mundo.
Gabriel veio à
Virgem Maria sem deixar o céu, e o Verbo de Deus que abraça toda a criação,
enquanto nela esteve encarnado, não cessou de ser adorado no céu.
Será necessário
intervir com tudo o que os profetas disseram anunciando o advento de Cristo que
nasceria da mãe de Deus? Que voz seria assaz sublime para entoar hinos que
convenham a sua dignidade? De que flores nós lhe trançaríamos a coroa que a ela
é devida? Porque é dela que ‘germinará a flor de Jessé’, e que tem coroado
nossa raça de glória e de honra.
Que presentes dignos
dela lhe ofereceremos, quando tudo o que há no mundo é indigno dela? Porque, se
São Paulo disse dos demais santos: que o mundo não era digno’ deles, o que
diremos da Mãe de Deus que resplandeceu acima de todos os mártires tanto quanto
o sol brilha mais do que as estrelas?
Ó Virgindade pela
qual os anjos, inicialmente distanciados do gênero humano, se alegram com razão
por serem colocados a serviço dos homens! E Gabriel exulta por ser incumbido de
anunciar a concepção divina, porque ele percorre sua mensagem de Salvação que
invoca a alegria e a graça.
‘Alegra-te, cheia de
graça’, assume um rosto jovial, pois é de ti que vai nascer a alegria de todos,
com Este que, depois de ter destruído a potência da morte, e ter dado a todos a
esperança de ressuscitar, nos libertará da antiga maldição.
O Emanuel foi
rebento deste mundo que outrora havia criado, aparecendo como um recém-nascido,
Ele que era Deus antes da eternidade; recostado em uma manjedoura, excluído do
habitat comum. Então veio para preparar as moradas eternas.
Confinado a uma
gruta e apontado por uma estrela, cumulado de presentes pelos magos e pagando o
resgate do pecado, carregado nos braços de Simeão e abraçando o Universo pela
extensão de sua potência divina, visto como um infante pelos pastores e
reconhecido como Deus pelo exército dos anjos que cantavam ‘sua glória no céu,
a paz sobre a terra, a benevolência de Deus para os homens’.
Tudo isso, a Santa
Mãe do Senhor do Universo ‘meditava em seu coração’, diz o Evangelho. Ela se
alegrava interiormente pela reunião destas maravilhas, ao mesmo tempo em que é
transtornada pela grandeza de Seu Filho que é Deus, grandeza que ela percebe
pelos olhos da alma.
Como ela (Maria)
ficava a contemplar o Divino Infante, como eu o creio, por impulsos cheios de
respeito, ela estava sozinha a conversar com o Único.” (1)
Iniciamos mais um ano com a certeza de que a graça e o amor de Deus serão abundantemente derramados em nossos corações por meio do Espírito Santo; e também, que Ele, feito infante, frágil e com sua Vida, Paixão, Morte e Ressurreição, trouxe-nos vida plena e feliz, abrindo-nos as portas da eternidade.
Convictos
também de que não nos faltará o olhar, o afago de Sua Amantíssima Mãe, Mãe de
Deus e nossa Mãe em todos os momentos, assim como Jesus sempre o teve: na
Encarnação, na vida, na Paixão e Morte, ao pé da Cruz, Mistério de amor e
dor, e na alegria da gloriosa Ressurreição, ao lado dos apóstolos.
Iniciando um ano novo, sejamos abençoados por Deus e contemos com o olhar e ternura de Maria, que jamais se desviou e se afastou de Seu Filho, agora e na hora de nossa morte. Amém.
(1) Lecionário
Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pág. 297-298
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