segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Com Maria, contemplemos e adoremos a Divina Criança

 

Com Maria, contemplemos e adoremos a Divina Criança

Celebrando a Solenidade da Mãe de Deus, Maria, sejamos enriquecidos pelo Sermão de São Basílio de Selêucia (séc. V).

“O Criador do Universo, o todo-poderoso, nascido da Virgem Mãe de Deus, uniu-se à natureza humana; Ele assumiu uma carne verdadeiramente dotada de uma alma, e não experimentou culpa alguma: ‘Ele não cometeu pecado, nem se achou falsidade em sua boca’.

Corpo sagrado que abrigava o Senhor! Em Maria foi anulada a constatação de nosso pecado, pois foi nela que Deus Se fez homem, permanecendo Deus.

Ele quis submeter-se a esta gravidez, e Se humilhou ao nascer como nós, sem abandonar o seio do Pai, satisfez-Se com os afagos de sua Mãe. Porque Deus não fica dividido quando cumpre sua vontade; isto é, mesmo permanecendo para todos indivisível, Ele dá a Salvação ao mundo.

Gabriel veio à Virgem Maria sem deixar o céu, e o Verbo de Deus que abraça toda a criação, enquanto nela esteve encarnado, não cessou de ser adorado no céu.

Será necessário intervir com tudo o que os profetas disseram anunciando o advento de Cristo que nasceria da mãe de Deus? Que voz seria assaz sublime para entoar hinos que convenham a sua dignidade? De que flores nós lhe trançaríamos a coroa que a ela é devida? Porque é dela que ‘germinará a flor de Jessé’, e que tem coroado nossa raça de glória e de honra.

Que presentes dignos dela lhe ofereceremos, quando tudo o que há no mundo é indigno dela? Porque, se São Paulo disse dos demais santos: que o mundo não era digno’ deles, o que diremos da Mãe de Deus que resplandeceu acima de todos os mártires tanto quanto o sol brilha mais do que as estrelas?

Ó Virgindade pela qual os anjos, inicialmente distanciados do gênero humano, se alegram com razão por serem colocados a serviço dos homens! E Gabriel exulta por ser incumbido de anunciar a concepção divina, porque ele percorre sua mensagem de Salvação que invoca a alegria e a graça.

‘Alegra-te, cheia de graça’, assume um rosto jovial, pois é de ti que vai nascer a alegria de todos, com Este que, depois de ter destruído a potência da morte, e ter dado a todos a esperança de ressuscitar, nos libertará da antiga maldição.

O Emanuel foi rebento deste mundo que outrora havia criado, aparecendo como um recém-nascido, Ele que era Deus antes da eternidade; recostado em uma manjedoura, excluído do habitat comum. Então veio para preparar as moradas eternas.

Confinado a uma gruta e apontado por uma estrela, cumulado de presentes pelos magos e pagando o resgate do pecado, carregado nos braços de Simeão e abraçando o Universo pela extensão de sua potência divina, visto como um infante pelos pastores e reconhecido como Deus pelo exército dos anjos que cantavam ‘sua glória no céu, a paz sobre a terra, a benevolência de Deus para os homens’.

Tudo isso, a Santa Mãe do Senhor do Universo ‘meditava em seu coração’, diz o Evangelho. Ela se alegrava interiormente pela reunião destas maravilhas, ao mesmo tempo em que é transtornada pela grandeza de Seu Filho que é Deus, grandeza que ela percebe pelos olhos da alma.

Como ela (Maria) ficava a contemplar o Divino Infante, como eu o creio, por impulsos cheios de respeito, ela estava sozinha a conversar com o Único.” (1)

Iniciamos mais um ano com a certeza de que a graça e o amor de  Deus serão abundantemente derramados em nossos corações por meio do Espírito Santo; e também, que Ele, feito infante, frágil e com sua Vida, Paixão, Morte e Ressurreição, trouxe-nos vida plena e feliz, abrindo-nos as portas da eternidade.

Convictos também de que não nos faltará o olhar, o afago de Sua Amantíssima Mãe, Mãe de Deus e nossa Mãe em todos os momentos, assim como Jesus sempre o teve: na Encarnação, na vida, na Paixão e Morte, ao pé da Cruz, Mistério de amor e dor, e na alegria da gloriosa Ressurreição, ao lado dos apóstolos.

Iniciando um ano novo, sejamos abençoados por Deus e contemos com o olhar e ternura de Maria, que jamais se desviou e se afastou de Seu Filho, agora e na hora de nossa morte. Amém.

 

(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pág. 297-298

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