terça-feira, 20 de agosto de 2024

A vigilância e a caridade vivida

 


A vigilância e a caridade vivida

“Levai o azeite convosco...”

Reflexão sobre a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 25,1-13), em que nos apresenta a parábola das dez virgens.

Sejamos enriquecidos pelo Sermão n.93 ao Evangelho feito pelo Bispo e Doutor da Igreja Santo Agostinho (354-430), em seu Ser, bispo de Hipona (Norte de África).

“Todas aquelas virgens despertaram, então, e aprontaram as lamparinas. «A meio da noite, ouviu-se um brado». Que brado é este senão aquele de que fala o apóstolo Paulo: «Num instante, num abrir e fechar de olhos, ao som da trombeta final»? «Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados» (1Co 15,52).

Depois deste brado, que soará a meio da noite, que acontecerá? «Todas despertaram». Que quer isto dizer? O próprio Senhor nos diz: «É chegada a hora em que todos os que estão nos túmulos hão de ouvir a Sua voz e sairão» (Jo 5,28) […].

Que querem dizer estas palavras: «Não levaram azeite consigo»? Consigo, quer dizer nos seus corações. […] As virgens insensatas, que não levaram azeite com elas, procuraram agradar aos homens pela sua continência e pelas suas boas obras, simbolizadas pelas candeias.

Ora, se o motivo das suas boas obras é agradar aos homens, elas não levam azeite com elas. Mas vós, levai o azeite convosco; levai-o no vosso interior, onde penetra o olhar de Deus; trazei aí o testemunho de uma boa consciência. […] Se evitais o mal e se fazeis o bem para recolher lisonjas dos homens, então não tendes azeite no interior das vossas almas […].

Antes de estas virgens terem adormecido, não se disse que as suas candeias estivessem apagadas. As candeias das virgens prudentes brilhavam com um vivo fulgor, alimentadas pelo azeite interior, pela paz da consciência, pela glória secreta da alma, devido à caridade que a abrasa.

As candeias das virgens insensatas também brilhavam. E porquê? Porque a sua luz era mantida pelos louvores humanos. Quando se levantaram, isto é, na ressurreição dos mortos, começaram a pegar nas candeias, ou seja, a preparar as contas que deviam prestar a Deus pelas suas obras. Mas, nessa altura, já não haverá ninguém para as elogiar. […] Elas tentarão, como sempre tinham feito, brilhar com o azeite alheio, viver das lisonjas dos homens: «Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas candeias estão a apagar-se»”.

Urge que levemos o azeite no interior de nosso coração, o qual somente Deus pode ver:

“Mas vós, levai o azeite convosco; levai-o no vosso interior, onde penetra o olhar de Deus; trazei aí o testemunho de uma boa consciência”. 

Ressoa aqui as palavras do Senhor, apresentadas por Mateus no desenvolvimento das Bem-Aventuranças:

“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”. (Mt 5,16).

Na vigilância, esperando o Senhor que virá gloriosamente, é preciso que mantenhamos acesas nossas lâmpadas, vivendo a nossa fé que age pela caridade, como falou o Apóstolo Paulo (Gl 5,6).

Levemos, portanto, o “azeite” conosco, no mais profundo de nós, e que nossas obras, discipulado sejam a mais pura expressão do amor de Deus que foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5,5).

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