terça-feira, 1 de outubro de 2024

Memórias Missionárias...

Não realizamos a missão sozinhos

Estava concluindo o primeiro semestre do primeiro ano da missão na Diocese de Ji-Paraná-RO (2000), e escrevi uma carta ao Bispo da Diocese de Guarulhos e a todo o Presbitério.

Quase não tinha tempo para descansar, de modo que também estava um pouco atrasado nas muitas correspondências dos amigos e amigas da Paróquia em que trabalhara como Pároco na Diocese de Guarulhos.

Cada carta recebida comunica uma alegria muito grande, pois expressa grande carinho, saudade, confiança e amizade...

Partilhei as atividades das últimas intensas semanas, como sempre, cheia de novidades, experiências novas...

Em meados de maio, fizemos, durante todo o dia, encontros de formação, nos nove setores, para os catequistas, com o tema: “Jesus Cristo”.

Pela manhã, reflexão em grupos, dinâmicas com os catequistas (não muitos mas com qualidade).

Partilhávamos o almoço comunitário; logo após, à tarde, fazíamos uma reflexão a partir de um texto:  “A vida cristã deve ser um reflexo permanente da Vida de Jesus Cristo”, e que batizamos de “Dinâmica do Espelho” – onde devemos nos olhar todos os dias –, e em seguida um momento de “deserto”.

Finalizávamos com uma Oração e a dinâmica das sete velas: sete catequistas eram convidados a fazer uma oração/avaliação do encontro, acendendo-as no Círio Pascal, colocado no centro, sobre um tapete muito bonito, com uma estampa de Jesus, flores. A cada vela acesa, ouvíamos belas partilhas que saiam do coração e dos lábios dos catequistas...

Também ao final de maio, começamos a segunda visita do ano: duas Comunidades por dia.

Fazíamos o Conselho com a Comunidade, onde refletimos que cada Agente da Comunidade é sujeito da Evangelização, protagonista, e para tanto precisam cultivar a Espiritualidade, alimentando-se da Palavra de Deus, do Pão da Eucaristia e do compromisso com os pobres.

Em seguida, as Irmãs, com quem  formava a Equipe Paroquial, faziam a reflexão com os temas:  “A Nova Sociedade”, o “Plebiscito sobre a Dívida Externa e Eleições Municipais”, precedida por uma dramatização feita pela Comunidade sobre estes temas à luz do Evangelho de São Lucas (Lc 1,46-56) Magnificat – (algumas bastante críticas/politizadas)

Finalizávamos com a Santa Missa, sempre muito bem participada, calorosa em dois sentidos (calor humano e da temperatura), e como sempre entre uma visita e outra, um almoço delicioso no sítio.

Fizemos, em junho, o Tríduo do Sagrado Coração de Jesus. Celebramos a Missa em três locais diferentes, reunindo os grupos de reflexão.

A cada noite  um  tema diferente. Na primeira, foi o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria e o nosso coração; na segunda, o Sagrado Coração de Jesus e o Migrante. Na Homilia, disse: “...todos somos migrantes para o Sagrado Coração de Jesus: chão fértil de amor, carinho, misericórdia, perdão, sinceridade, querer ver o bem do outro...” Convidei a todos para migrarem sempre para o Sagrado Coração de Jesus.

A cada noite, uma festa: partilha final, salgadinhos, doces, pipocas e criançada bonita e alegre.

Na terceira noite, foi o Sagrado Coração de Jesus e os doentes. Falei durante a Missa que doente não é só aquele que está na cama, mas todo aquele que se fecha ao Sagrado Coração de Jesus e ao Seu Projeto de Vida, de Amor, de Solidariedade e de Paz – ungimos os enfermos com óleo perfumado com a essência de camomila.

Finalizamos com uma belíssima Missa, no Sábado à noite, reunindo todos os grupos, toda a Comunidade, exultantes de alegria.

Levávamos a Imagem do Sagrado Coração de Jesus, que o Apostolado da Oração da Paróquia de Santo Alberto Magno havia enviado.

No dia 11/6 – Festa de Pentecostes, participamos da Segunda Romaria das Comunidades da Diocese - Ji-Paraná, com o Tema: “Celebrar nossa história, partilhar nossos sonhos, assumir os compromissos”, da qual foi o motivador (animador) em sua realização, percorrendo pelas ruas da cidade.

Nossa Paróquia participou levando sete ônibus, e voltamos fortalecidos para a caminhada de fé e compromisso com a vida dos pobres, no seguimento de Jesus.     

Manifestei o desejo de partilhar, um pouco mais, cada momento vivido intensamente no tempo da missão, porque sabia que todos da Diocese estavam comigo na comunhão e na oração, pois não há Missionário solitário.

A cada dia que passava, aumentava a saudade de todos da Diocese, mas era preciso continuar a missão, com seus desafios: poeira, atoleiros, cansaços e a novidade que nos desinstala.

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